Conhecimento de Deus e vida em abundância – Sl 13

A importância da contribuição como parte do culto – 2Co 8.1-15
Novembro 7, 2015
Onde está o nosso coração – Fp 4.4-9
Novembro 22, 2015

Queridos, creio que todos têm acompanhado os noticiários sobre o que está acontecendo mundo afora, com tantas catástrofes, tragédias, guerras, violência, morte, e não é difícil lembrar e fazer uma associação entre estas coisas e a vida em abundância prometida pelo Senhor Jesus (Jo 10.10).

Especialmente quando assistimos a qualquer pregação na televisão e nas igrejas, com as frequentes promessas de vitória em Cristo, sempre associadas à vida secular, temos dificuldade de conciliar estas supostas vitórias prometidas, com os horríveis acontecimentos de todos os dias. Que vida em abundância é essa?

Mesmo aqui em nossa igrejinha, com poucas pessoas presentes, há um bom tempo temos irmãos enfermos, com muito sofrimento, e há alguns dias tivemos um óbito, o que sempre nos deixa muito tristes. Sabemos das dificuldades intermináveis dos irmãos cujos nomes estão no boletim para que oremos por eles, e acompanhamos o seu sofrimento.

Onde está, pois, a vida em abundância prometida pelo Senhor Jesus, a tal vida vitoriosa transformada em objeto de negociação pelos mercadores da palavra de Deus? Como explicar tanto sofrimento entre aqueles pobres fugitivos da guerra e da fome que vemos todos os dias, aventurando-se em pequenas embarcações ou morrendo aos milhares em meio a bombardeios, sem a proteção de ninguém? Será que não há crentes entre eles? E entre aqueles atingidos pelo recente desastre das barragens rompidas em Minas Gerais? E as vítimas do terrorismo na França? Que tragédia! Será que não há crentes entre eles?

Até podemos imaginar que inúmeras daquelas casas destruídas pelos bombardeios e pela lama das barragens tinham uma Bíblia aberta no Salmo 91, que diz: O que habita no esconderijo do Altíssimo, e descansa à sobra do Onipotente, diz ao Senhor: Meu refúgio e meu baluarte, Deus meu, em quem confio (vv.1-2). E então, onde está o refúgio daquelas pessoas, segundo as promessas de vida em abundância, de vitória em Cristo, sempre no âmbito material, secular, como é apresentado nas pregações em geral?

Pois é, irmãos, neste pequeno salmo que lemos, podemos ver que o salmista Davi se encontrava em grande dificuldade, e, aparentemente, não compreendia a situação, principalmente porque conhecia as promessas de Deus feitas ao seu povo, especialmente a ele, como o pastor de Israel. Por onde começar a compreender a situação? O que fazer diante de tão grande tribulação? Onde está o Senhor?

Podemos aprender com o salmista Davi, que a primeira coisa a fazer diante das tribulações, das dificuldades, e até mesmo do aparente desespero, é buscar o Senhor em sincera oração. Precisamos confessar-lhe a nossa confusão, a nossa incompreensão, a nossa incapacidade de resolver o problema, e clamar pela sua graça.

Agora, observem que o problema tem uma causa: A ausência de Deus em nossas vidas. O salmista não pergunta por que está naquela situação de extrema dificuldade. O que ele pergunta é até quando a tribulação perdurará, e certamente sabe que ele deu causa a ela. Ele sabe que a tribulação é juízo de Deus para a sua disciplina.

Esta é a beleza maior do ensino de Deus através do seu servo Davi: ele reconhece quando errou, e clama pelo Senhor, rogando a sua graça: Até quando, Senhor? Esquecer-te-ás de mim para sempre? Até quando? Até quando? Davi sabe que sem a graça de Deus o inimigo prevalecerá contra ele, seja qual for o inimigo: interno, em agonia de alma, seja externo, aqueles que procuravam matá-lo (vv.2-4).

O importante é que ele sentia e sabia que estava distante de Deus, e procura aproximar-se em oração sincera. É assim que nós devemos agir, irmãos. Afinal, como sabemos pelas Escrituras, quando Deus está distante de nós, é porque nós nos afastamos dele por causa dos nossos pecados. Como ele nos ensina pelo profeta Isaías, as vossas iniquidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que vos não ouçam (Is 59.2).

Irmãos queridos, o simples perceber esse distanciamento de Deus, causado pelo pecado, já é graça de Deus em nossas vidas. Portanto, a exemplo de Davi, como também ensina Tiago, devemos nos chegar a Deus, e ele se chegará a nós (Tg 4.8). Se sabemos que somos filhos de Deus, também sabemos que ele nunca nos abandona (Dt 31.6-8; Js 1.5). Porém, temos que buscá-lo com coração contrito, com espírito quebrantado, clamando com toda convicção de um filho: atenta para mim, responde-me Senhor Deus meu! (v.3).

Como podemos ver desde a segunda parte do v.2, até o v.4, a realidade do salmista era diferente da nossa. Ele estava em perigo de vida, atacado pelos seus inimigos, que queriam destruí-lo. Só que, no momento em que ele se identifica como filho de Deus, o problema deixou de ser apenas dele, e passou a ser de Deus, cujo grande nome seria desonrado com a derrota de Davi.

Ah, irmãos! Aqui nós precisamos prestar bem atenção! Será que, quando buscamos consolo e conforto nos salmos, o que é muito comum, realmente buscamos o espírito que estava no salmista, ou apenas buscamos autoajuda para elevar o nosso moral abatido? Será que, quando buscamos as tais reuniões de orações, estamos preocupados em primeiro lugar com a glória do nome de Deus, ou apenas com o nosso bem-estar? Qual a nossa motivação principal ao pedir que Deus nos livre das tribulações? Porventura lembramos que, porque somos filhos de Deus, foi ele mesmo quem mandou a tribulação, a fim de que nos reaproximemos dele? Será que, como o salmista Davi, lembramos que o que está em jogo é o grande nome do Senhor, e não o nosso bem-estar?

O salmista tinha esse conhecimento de Deus; tinha conhecimento das causas da sua tribulação; tinha conhecimento de que Deus estava distante dele, ou, em outros termos, que ele estava distante de Deus; tinha conhecimento de que a tribulação o levou a clamar pelo poder e pela graça de Deus. Então ele buscou o Senhor em sincera oração, expôs o problema de forma suplicante, e, finalmente, resolveu esperar confiantemente no Senhor. No tocante a mim, confio na tua graça; regozije-se o meu coração no teu salvamento (v.5).

Aqui nós podemos lembrar a experiência de Paulo com o Senhor Jesus, quando, em momentos parecidos de incompreensão sobre o que lhe estava acontecendo, ele clamou ao Senhor por três vezes, e ouviu a seguinte resposta: a minha graça te basta (2Co 12.9). Que coisa maravilhosa! Vejam como o verdadeiro conhecimento de Deus é o mesmo, em qualquer época, e que esse conhecimento é a base da verdadeira vida em abundância. Juntando as duas ocorrências tão distantes no tempo, podemos fazer uma única afirmação: No tocante a mim, confio na tua graça, porque a tua graça me basta. Por isso, regozije-se o meu coração no teu salvamento. Que maravilhoso conhecimento de Deus!

Esta é a lição que podemos tirar deste pequeno salmo: Mesmo diante das tribulações, e por causa delas, devemos buscar estreitar a nossa intimidade com Deus. O conhecimento de Deus é indispensável para que, mesmo diante das tribulações, não fiquemos em confusão, sem saber o que está acontecendo, e para que está acontecendo.

Sabendo que somos filhos de Deus, pelo conhecimento do Pai eterno, não teremos nenhuma hesitação em clamar: atenta para mim, responde-me Senhor Deus meu. E, mesmo que a resposta demore, ou ainda que não venha, haveremos de esperar confiantemente no Senhor, dando graças por todas as bênçãos dele recebidas, exaltando o seu nome pelas maravilhas que fez: Cantarei ao Senhor, porquanto me tem feito muito bem (v.6).

Irmãos queridos, o conhecimento de Deus é a base da verdadeira vida em abundância que o Senhor nos dá. Só o conhecimento de Deus nos dá a certeza de que todas as coisas realmente cooperam conjuntamente para o nosso bem, para a nossa salvação, inclusive as tribulações, e sabemos que ele faz estas coisas para louvor da sua glória. Por isso, como o salmista, também podemos dizer: Cantarei ao Senhor, porquanto me tem feito muito bem (v.6). Amém.