Lideres e liderados na Igreja – 1Ts 5.12-15

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Queridos, hoje elegemos um presbítero para nossa Igreja, e aqui o apóstolo Paulo está dando instruções sobre como devem se comportar os liderados com relação aos seus líderes, e como os líderes devem agir em seu ministério com os liderados.

Segundo as Escrituras, todos os salvos são vocacionados, ou chamados por Deus para a sua missão. Portanto, tanto líderes como liderados são vocacionados por Deus. O líder cristão, no entanto, sobre quem recai uma responsabilidade muito maior, é um vocacionado em quem há uma perfeita mistura de qualidades humanas e divinas, ou um trabalho harmonioso entre o homem e Deus, destinado ao ministério ou serviço, no sentido de abençoar, de conduzir os liderados, visando ao seu crescimento no conhecimento de Deus, para a glória de Deus. (Ef 4.11-14; 1Pe 4.11).

Portanto, o líder cristão deve ter consciência do seu ministério; deve ter conteúdo para ensinar com propriedade aos seus liderados, de acordo com a Palavra; deve ter coerência, ou seja, o seu discurso não pode ser diferente da prática; o líder cristão deve ser compassivo, deve ter empatia, deve gostar dos seus liderados, procurando formá-los, a fim de que ensinem a outros, fazendo discípulos, como Cristo fez e ordenou.

Sem dúvida, a liderança cristã é uma bênção de Deus, e é por isso que devemos obedecer aos nossos guias e ser submissos para com eles; pois velam por nossas almas, como quem deve prestar contas, para que façam isso com alegria e não gemendo (Hb 13.17). Obviamente, o texto fala de guias fieis à Palavra.

Vamos ao ensinamento do apóstolo Paulo.

V.12 – Agora vos rogamos, irmãos, que acateis com apreço os que trabalham entre vós, e os que vos presidem no Senhor e vos admoestam – Observem que esta palavra inicial é para os liderados, e o sentido deste versículo, evidentemente, é o reconhecimento dos líderes como ministros de Deus.

Paulo roga aos irmãos para que haja uma disposição prática permanente de respeito pelos líderes da igreja. O apóstolo certamente se referia aos pastores, presbíteros ou anciãos, diáconos, enfim, àqueles que tinham a responsabilidade de liderar os demais irmãos e trabalhos da igreja.

Notem que os três verbos empregados são usados para quem exerce autoridade: os que trabalham, refere-se à pregação e ao ensino da palavra; os que vos presidem, refere-se aos que estão à frente dos trabalhos, na posição de comando ou de governo na igreja; os que vos admoestam, são aqueles que têm autoridade para advertir, e para instruir a respeito de alguma atitude ou algum comportamento inadequado. Observem que esse reconhecimento deve ser feito voluntária e alegremente, em amor cristão, uma vez que tais líderes agem na autoridade do Senhor, visando ao crescimento do corpo, que é a sua igreja.

V.13 – e que os tenhais com amor e máxima consideração, por causa do trabalho que realizam. Vivei em paz uns com os outros – Como nós sabemos, o amor é devido a todos os irmãos, mas aos líderes cristãos é devida uma dose extra de amor e consideração, por causa do trabalho que realizam, uma vez que eles têm a responsabilidade com o aperfeiçoamento dos santos, para a edificação do corpo, até que todos alcancem a estatura do varão perfeito, que é o próprio Cristo, como está escrito em Ef 4:12-14. Foi Deus mesmo quem concedeu uns para pastores e mestres, exatamente com essa finalidade.

Este versículo, por outro lado, nos mostra a tremenda responsabilidade do líder cristão, e põe em questão a sua legitimidade. Prestem bem atenção, irmãos! Não serão merecedores desse amor e consideração, aqueles que, mesmo ocupando posição de liderança, não realizam o seu trabalho devidamente, de acordo com a Palavra. Na verdade, tais pessoas são malditas, como o Senhor Deus diz através do profeta Jeremias: Maldito aquele que fizer a obra do Senhor relaxadamente Jr 48.10. Que coisa terrível! Receber maldição direta do próprio Deus.

A última parte do versículo, vivei em paz uns com os outros, nos exorta a que demonstremos maturidade espiritual, já que paz é um dos aspectos do fruto do Espírito, conforme Gl 5.22. Paz, irmãos! Devemos viver em paz uns com os outros, a paz de Cristo, a paz que excede todo entendimento, como vimos no domingo passaso.

Nada de descontentamento com a liderança. Nada de descontentamento uns com os outros. Nada de se melidrar por qualquer tolice. Qualquer divergência deve ser logo solucionada através do diálogo, à luz da Palavra, se necessário, com a orientação de um presbítero, ou do pastor. Afinal, somos a família de Deus.

V.14 – Daqui em diante, a palavra é especificamente para os líderes. Exortamo-vos, também, irmãos, a que admoesteis os insubmissos, consoleis os desanimados, ampareis os fracos, e sejais longânimos para com todos – Paulo exorta aos irmãos, e eu já tenho ensinado aqui, que exortar tem o sentido de encorajar, e não apenas de repreender. Vamos desmembrar este versículo para entender melhor os ensinamentos do apóstolo.

1) Admoesteis os insubmissos – Paulo está ordenando aos líderes para que instruam, para que corrijam os insubmissos, aqueles que não estão agindo de acordo com os demais irmãos da igreja, ou do grupo, ou da turma a que pertencem. Há necessidade de se impor a disciplina na Igreja.

Há um caso extremo na Bíblia em que Paulo manda a liderança expulsar um membro da igreja (1Co 5.13). O líder tem de ter força e coragem para disciplinar, em amor, ou a frouxidão leva à imoralidade dentro da Igreja. De igual modo, o liderado deve ter humildade para aceitar a admoestação do líder, sabendo que este age em nome do Senhor.

2) Consoleis os desanimadosEsta é outra atribuição do líder cristão: Perceber o irmão que desanima facilmente, e encorajá-lo, animá-lo, ele não pode ser deixado para trás. Isso pode envolver problemas de toda ordem, inclusive familiares. O ministério do líder como ministro de Cristo, tem que abranger as funções de Consolador e Ajudador, que são atributos próprios do Espírito Santo.

3) Ampareis os fracos – Os fracos a que o versículo se refere não são os subnutridos, ou quem está passando fome, não. São os fracos de espírito, os imaturos na fé, aqueles que se deixam levar facilmente pelo pecado, aqueles que querem desistir da carreira cristã por causa das tentações, especialmente aqueles que tinham uma vida pervertida antes da conversão.

O líder deve estar atento para apoiá-los, a fim de que eles não caiam. Assim ensina o escritor aos Hebreus: Por isso restabelecei as mãos descaídas e os joelhos trôpegos; e fazei caminhos retos para os vossos pés, para que não se extravie o que é manco, antes seja curado (Hb 12.12-13). Obviamente, em todos estes aspectos, é necessário que o irmão queira ser ajudado. Há casos em que o irmão recusa a ajuda, numa atitude de arrogância, ou mesmo de rebeldia.

4) E sejais longânimos para com todos – Longanimidade é paciência esticada, é resignação, é bondade, mansidão, outro aspecto do fruto do Espírito de Gl 5.22. A longanimidade deve ser exercitada no sentido de ajudar, de compreender o irmão, ao invés de demonstrar superioridade. O líder deve ser paciente, deve ser tolerante, pois essa é uma virtude do próprio Jesus.

O apóstolo Paulo deu exemplo dessa virtude, e explicou como a recebeu: Em 1Tm 1.16 ele declara que Jesus evidenciou a sua completa longanimidade para com ele, a fim de que ele servisse de modelo a quantos hão de crer nele para a vida eterna. Vejam que maravilha! Paulo diz que Jesus infundiu a sua longanimidade nele, para que ele servisse de modelo para os seus liderados. Por isso, ele agora ordena que os líderes ajam da mesma maneira.

V.15 – Evitai que alguém retribua a outrem mal por mal; pelo contrário, segui sempre o bem, entre vós, e para com todosNada de retaliação, queridos! Nada de descontentamento caso os liderados não reconhecem o seu esforço e o seu ministério. O líder, aliás, o crente não deve ser vingativo. Em Rm 12.19 está escrito que a vingança pertence ao Senhor. Portanto, para nós, crentes, a regra áurea está em Mt 7.12: Tudo quanto, pois, quereis que os homens vos façam, fazei-o vós também a eles; porque esta é a lei e os profetas. Basta-nos, pois, o esforço para fazer a vontade de Deus, pastoreando o rebanho que ele deu por responsabilidade.

Por fim, queridos, o texto nos diz: Segui sempre o bem, entre vós, e para com todos, o que deverá ser uma consequência natural na vida da Igreja que anda nos caminhos do Senhor. Esse é o ensinamento do apóstolo Paulo nesse texto, primeiro para os liderados, e depois para os líderes, a fim de que todos vivam em paz, segundo a palavra do Senhor.

Este é o ensinamento do Senhor para a sua igreja. Como costumava dizer, quem tem ouvidos para ouvir, ouça. Que Deus nos conceda a graça de crescer em sabedoria, em conhecimento, e em submissão à sua Palavra, a fim de que, independentemente da quantidade membros, a nossa igrejinha seja uma igreja forte, para o louvor da sua glória. Amém!