A terrível ira do Deus de amor – Rm 11.22

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Queridos, há poucos dias um irmão novato aqui na nossa igrejinha me perguntou se eu já havia pregado sobre a ira de Deus, e eu lhe respondi que sim, e em várias ocasiões. Hoje celebraremos a Santa Ceia, ocasião em que normalmente se fala do grande amor de Deus, que deu seu Filho unigênito para nos salvar, conforme podemos ler em João 3.16, e como é bom ouvir falar de tão grande amor por nós.

Acontece que esse grande amor é só um lado da moeda; é só um dos aspectos que devem ser obrigatoriamente expostos tanto na pregação para o arrependimento quanto no discipulado cristão. O outro lado da moeda que não pode deixar de ser lembrado, sob pena de tornar a pregação falsa, é a ira de Deus contra o pecado e contra o pecador (Sl 5.5-6), motivo pelo qual Deus não poupou o seu Filho unigênito, que foi sacrificado em nosso lugar. É sobre isso que vamos falar hoje.

Irmãos, os salvos precisam saber do que foram salvos, e como foram salvos. Só então, juntamente com o conhecimento do amor, misericórdia e graça de Deus, atributos que consideramos maravilhosos porque nos favorecem, também saberemos que foi desviado de sobre nós outro atributo de Deus: a sua ira, atributo não menos santo, justo e indispensável por causa da santidade e da justiça de Deus.

Precisamos conhecer a relação entre a ira de Deus, a sua justiça, o seu amor, a sua graça, e a sua misericórdia. Precisamos considerar que se Deus não manifestasse a sua ira contra o pecado, estes outros atributos estariam prejudicados, uma vez que ele não seria justo na sua aplicação. Portanto, a ira de Deus é indispensável, porque ele não pode deixar o pecador impenitente sem receber o justo juízo, em retribuição aos seus pecados que ofendem a santidade de Deus.

Conforme as Escrituras, não podemos deixar de pregar sobre isso: A ira de Deus se manifesta de forma tão terrível contra o pecado e contra o pecador, que ele não poupou o próprio Filho, sacrificando-o na cruz, a única forma de aplacar a sua ira, para salvar os seus eleitos. Como podemos ver na crucificação de Jesus, o amor e a ira de Deus estão perfeitamente associados. Por seu amor, Deus ofereceu o Filho como propiciação pelos nossos pecados (Rm 3.25; Hb 2.17; 1Jo 2.2). Por sua ira, o Filho foi crucificado como maldito em nosso lugar, por causa dos nossos pecados, para satisfazer a santa justiça de Deus. Percebem, irmãos, o outro lado da moeda que só nos mostra o amor de Deus? O outro lado é a sua terrível ira, não menos santa do que o seu amor.

Embora tenhamos dificuldade de entender a relação que existe entre os atributos de Deus, nenhum deles diminui, muito menos exclui os outros. Pelo contrário todos os atributos de Deus se manifestam de forma harmoniosa. Senão, como poderia um Deus santo e justo deixar de manifestar a sua ira contra o pecado e contra o pecador? Ou, visto por outro ângulo, como poderia Deus manifestar amor pelos seus filhos eleitos se não punisse o pecador com severidade? Que diferença haveria entre uns e outros?

É isso que Paulo ensina no versículo que lemos no início. Precisamos considerar a bondade e a severidade de Deus: bondade para os seus filhos, severidade para os pecadores impenitentes. Ah! Irmãos, o tal evangelho social tem desgraçado as igrejas ditas evangélicas, porque solapa a capacidade de discernimento das pessoas. A tônica é fazê-las sentirem-se bem na igreja, como num clube social, ao invés de lhes mostrar pela pregação da palavra com integridade, e pela presença perscrutadora do Espírito Santo, o quanto elas precisam arrepender-se dos seus pecados a cada dia, e confiar no Senhor Jesus Cristo, aquele que foi sacrificado, exatamente por causa da ira de Deus contra os nossos pecados.

Precisamos conhecer mais acerca da ira de Deus. Ela é necessária, porque manifesta a santidade e a justiça de Deus. Por ser justa, a ira de Deu é terrível, já que ninguém conseguirá se livrar do seu furor. Embora a maioria dos ditos crentes não saiba, é nesse sentido que ele diz através do profeta Isaías: Nenhum há que possa livrar alguém das minhas mãos: agindo eu, quem o impedirá? (Is 43.13). Quem conseguiu livrar Israel quando Deus decidiu pesar a mão sobre o povo rebelde? Quem conseguiu livrar os inimigos de Israel quando Deus decidiu destruí-los?

Precisamos conhecer mais acerca da ira de Deus. Ela é necessária até mesmo para a manifestação da glória de Deus. Como está escrito, por exemplo, foi para a sua glória que ele destruiu Faraó. Como está escrito, e os egípcios saberão que eu sou o Senhor, quando for glorificado em Faraó, nos seus carros e nos seus cavalarianos (Êx 14.18). Ou seja, foi para a sua glória que Deus manifestou a sua ira sobre os egípcios e sobre todos os inimigos de Israel.

Finalmente, no terrível dia do Senhor, como lemos no o Apocalipse, a ira de Deus manifestará cabalmente a sua glória. Naquele dia todos os ímpios conhecerão a terrível ira de Deus: Os reis da terra, os grandes, os comandantes, os ricos, os poderosos, e todo escravo e todo livre se esconderam nas cavernas e nos penhascos dos montes, e disseram aos montes e aos rochedos: Caí sobre nós e escondei-nos da face daquele que se assenta no trono, e da ira do Cordeiro (Ap 6.15-16).

Naquele terrível e glorioso dia, quando for completada a condenação dos ímpios, e a redenção dos justos for consumada, o Senhor Jesus será glorificado e exaltado, na forma como Deus, desde a eternidade, o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai (Fp 2.10-11). Naquele dia todos haverão de constatar a bondade e a severidade de Deus, e todos haverão de glorificar o seu nome. Louvado seja Deus pela sua ira santa; louvado seja Deus pela sua justiça santa; louvado seja Deus pelo seu amor.

Prestem atenção, irmãos! Quando aprendemos sobre a ira de Deus, ela nos infunde temor e tremor, para que saibamos nos portar diante de um Deus soberano, santo, justo e glorioso. Quando aprendemos sobre a ira de Deus, ela nos infunde o mesmo ódio que Deus sente pelo pecado, a miséria humana que levou o nosso Senhor à cruz. Quando aprendemos sobre a ira de Deus, ela desperta em nossos corações um louvor sincero em gratidão por ele ter-nos livrado da sua terrível ira, dispensando-nos a graça da salvação eterna, em Cristo Jesus, aquele que recebeu a ira de Deus em nosso lugar.

Enfim, quando aprendemos sobre a ira de Deus, não podemos deixar de considerar a sua bondade e o seu amor por nós. É dessas coisas que precisamos relembrar todas as vezes que participamos da Santa Ceia do Senhor.

Que Deus nos abençoe com a compreensão da sua palavra, que nos ensina sobre o seu amor, mas também nos ensina sobre a sua terrível ira, a fim de que aprendamos a glorificar o nome do Senhor Jesus, o Salvador e Juiz de toda terra, para glória de Deus Pai. Amém.