A justiça de Deus gera temor e obediência nos eleitos – Dt 28.1-6; 15-20

A Páscoa do Servo Sofredor – Is 52.13 – 53.12
26/03/2016
A soberana e bondosa providência de Deus – Êx 1.1-21
09/04/2016

Queridos, eu creio que todos aqui já ouviram muitas vezes a primeira parte dos versículos lidos, aqueles que são promessas de bênçãos (Dt 28.1-6). Porém, é possível que nunca tenham ouvido a segunda parte, a que promete maldições, especialmente se foi dito que elas vêm de Deus (Dt 28.15-20). A grande maioria dos ditos crentes evangélicos, por causa de uma falsa conversão induzida por falsos pastores, com base em um falso evangelho, de forma equivocada, associam as bênçãos a Deus, e as maldições, a Satanás.

Como acabamos de ler, não há nenhuma dúvida de que tanto as bênçãos quanto as maldições vêm de Deus, e vêm sobre o seu povo eleito como forma de mantê-los tementes e obedientes ao comando do Senhor que os criou e escolheu para louvor da sua glória.

Acontece que as falsas pregações só mostram o amor de Deus, a sua graça, a sua misericórdia e providência sempre favoráveis a nós, e totalmente dissociadas da santidade de Deus, o que implica a subtração da sua justiça e aplicação do seu juízo, eliminando a manifestação real da sua ira contra o pecado da desobediência do seu próprio povo eleito.

Atenção, irmãos! A Bíblia foi escrita para o povo eleito de Deus. Embora ela também trate sobre os condenados ao inferno, a sua mensagem cuida especialmente da redenção da criação caída a partir do pecado de Adão, e somente os eleitos de Deus a entenderão. Somente os eleitos de Deus terão condição de discernir uma pregação falsa, e se acautelarão dos falsos pastores com sua astúcia com que induzem ao erro (Ef 4.14).

Por que eu insisto tanto nesse assunto? Por que o Senhor Jesus mandou: Acautelai-vos dos falsos profetas que se apresentam disfarçados de ovelhas, mas por dentro são lobos roubadores (Mt 7.15). Novamente, em (Mt 24.11) o Senhor Jesus afirma que levantar-se-ão muitos falsos profetas e enganarão a muitos. E mais uma vez, em (Mt 24.24) ele alerta que surgirão falsos cristos e falsos profetas operando grandes sinais e prodígios para enganar, se possível, os próprios eleitos.

Irmãos, estas são palavras duras do Senhor Jesus que, por óbvio, jamais estarão presentes nas falsas pregações dos falsos pastores, sobre os quais o Senhor Jesus alerta. O salvador apresentado por eles é um ser bonzinho, condescendente com o pecado, totalmente alheio à ética cristã, alheio a uma vida de santidade, embora o Senhor Jesus tenha ordenado: Sede vós perfeitos como perfeito é o vosso Pai celeste (Mt 5.48).

O salvador apresentado por eles é um ser materialista, que só cuida das coisas terrenas, totalmente alheio à justiça de Deus, embora o Senhor Jesus tenha ordenado: Buscai em primeiro lugar o seu reino e a sua justiça, e estas coisas vos serão acrescentadas (Mt 6.33). O salvador apresentado por eles é um ser legalista, hipócrita, preocupado com formalismos, embora o Senhor Jesus tenha alertado os seus discípulos contra pessoas e atitudes assim: Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder em muito a dos escribas e fariseus, jamais entrareis no reino dos céus (Mt 5.20).

Percebem, irmãos, a dureza com que o Senhor Jesus trata o pecado e o pecador que não se arrepende, e que não obedece às suas determinações? Eles não entrarão no reino dos céus, ou, em outros termos, no dia do Senhor eles serão lançados no inferno. Observem que estas palavras do Senhor Jesus são dirigidas aos seus discípulos, àqueles que ele mesmo escolheu, e são tão duras quanto as palavras de Deus Pai, também dirigidas ao seu povo escolhido, Israel, conforme os textos que lemos no início.

Irmãos, o nosso Deus é um Deus de pacto, um Deus de aliança, e a sua aliança é eterna, e ele incluiu na sua aliança quem ele mesmo quis. Pois bem, aos que ele incluiu na sua aliança foi exigida apenas uma coisa: obediência, principalmente quando sabemos que o nosso Deus é santo, justo, e que nós somos pecadores, graciosamente eleitos e redimidos para provar que Deus, em Cristo Jesus, é o redentor da sua criação caída, e que isso pode ser visto em nós, quando buscamos a sua justiça. Esta é a nossa parte na aliança.

Pois bem, toda aliança, ou pacto contém regras que devem ser cumpridas pelas partes envolvidas, o que é justo. Não vamos falar sobre pacto, mas sabemos que ele naturalmente apresenta as vantagens para quem é fiel às regras, e as sanções previstas para quem descumprir as regras do pacto ou aliança, e foi isso que vimos no texto lido. Como sabemos, Deus é fiel e justo no cumprimento das suas promessas, e por saber que somos pecadores, infiéis e injustos, de forma clara, ele mostra ao seu povo eleito as bênçãos advindas da obediência, bem como as maldições advindas da desobediência, para que o povo tema, sabendo que, em qualquer caso, a sua justiça será feita.

Irmãos, é comum ouvirmos pessoas, inclusive ditas crentes, dizendo que Deus é injusto por salvar uns e condenar outros. Obviamente, estas pessoas estão entre as condenadas, uma vez que não entendem a justiça de Deus, justiça que só é revelada aos seus eleitos. Estes, como o profeta Daniel, não terão nenhuma dificuldade em confessar: A ti, ó Senhor, pertence a justiça, mas a nós, o corar de vergonha, como hoje se vê. (…) Ó Senhor, a nós pertence o corar de vergonha, aos nossos reis, aos nossos príncipes, e a nossos pais, porque temos pecado contra ti (Dn 9.7-8).

Os eleitos, como Esdras, não terão nenhuma dificuldade em constatar a justiça de Deus quando destruiu o seu povo, Israel, e deixou apenas o remanescente, conforme as promessas de bênção e maldição: Ah! Senhor; Deus de Israel, justo és, pois somos os restantes que escaparam, como hoje se vê (Ed 9.15). Os eleitos, como Neemias, não terão nenhuma dificuldade em confessar: Porque tu és justo em tudo quanto tem vindo sobre nós; pois tu fielmente procedeste, e nós, perversamente (Ne 9.33).

Percebem, irmãos, como a justiça de Deus gera temor e obediência nos seus eleitos? Os eleitos de Deus não serão enganados por falsos pastores com suas falsas pregações que só prometem bênçãos terrenas, porque eles sabem que a justiça de Deus na vida dos seus santos, em função da obediência, os recompensa naturalmente com bênçãos materiais na medida das suas necessidades, mas, especialmente, com bênçãos espirituais capaz de torná-los cada vez mais santos, mais parecidos com o Senhor Jesus, para louvor da sua glória.

De igual modo, os eleitos de Deus também sabem que, quando a lei de Deus é violada, por causa da sua justiça, receberão punições, tribulações e aflições, todas elas vindas de Deus como ação pedagógica, para que temam o Senhor que os escolheu, e voltem à obediência às regras da sua aliança eterna, consumada em Cristo Jesus. Ou seja, os eleitos de Deus, segundo as próprias regras da aliança, sabem que a salvação é pela graça e não pelas obras da lei, mas também sabem que bênçãos e maldições temporais estão associadas à obediência à lei de Deus, como consequência natural da sua justiça.

Irmãos, como nosso Deus é maravilhoso! Porque ele é justo, decretou a maldição da morte desde o pecado de Adão, e como nós, pecadores, não poderíamos satisfazer a sua justiça nem mesmo com a nossa morte, Deus mesmo satisfez a sua justiça com a morte do seu próprio Filho, Jesus Cristo, nosso Senhor. Como ensina Paulo, ele nos reconciliou consigo mesmo pela morte do seu próprio Filho, o nosso Senhor Jesus Cristo (2Co 5.18).

Portanto, os eleitos, por não ter dúvida quanto à justiça de Deus, são constrangidos pelo amor, a temer aquele que sacrificou o próprio Filho por causa do nosso pecado, para satisfazer a sua justiça, de conformidade com o seu pacto, com a sua aliança, com a sua lei.

Assim é o nosso Deus, irmãos, e cabe a nós, os seus eleitos, buscar um conhecimento cada vez mais maior, mais profundo da sua justiça (Mt 6.33), para que, com temor e obediência, possamos viver de modo digno dele, para louvor da sua glória. Amém.