Eleitos e santificados por Deus, para Deus – Lv 20.1-8, 24, 26

A maravilhosa revelação de Deus aos eleitos – 1Pe 1.1-2
17/04/2016
Mães bem-aventuradas – 1Sm 1.9-28
07/05/2016

Queridos, na mensagem do boletim nós falamos sobre o ateísmo prático, condição em que muitas pessoas ditas crentes vivem, como se Deus não existisse, uma vez que desconsideram os seus mandamentos, a sua vontade revelada nas Escrituras Sagradas.

Eu tenho dito a vocês que quanto mais eu estudo a Bíblia, mais triste eu fico ao ver a infidelidade do chamado povo de Deus, seja Israel, seja a Igreja, e mais confortado também eu fico ao constatar a graça e a longanimidade de Deus na vida dos seus eleitos. Quando mais crescemos no conhecimento da Bíblia, dos seus heróis, podemos ver como homens, por exemplo, Abraão, Isaque, Jacó, Moisés, Davi, Salomão, Elias, Pedro, Paulo, todos foram homens fracos, pecadores como nós, que dependeram totalmente da graça de Deus, que os escolheu, chamou e os sustentou em seu ministério, em sua vida.

Eu também tenho insistido em afirmar que a salvação é um milagre, obra completa de Deus Pai, Filho e Espírito Santo, envolvidos nessa obra maravilhosa. É Deus quem escolhe, é ele quem chama, é ele quem justifica, é ele quem adota, é ele quem santifica, e é ele quem glorificará no dia em que o Senhor Jesus vier buscar o seu povo eleito.

Nos versículos que lemos, podemos ver que Deus escolhe e chama um povo, separa este povo, e lhes dá um conjunto detalhado de leis que expressam a sua vontade, para que o povo seja santo como ele é santo. Como pode, então, um povo eleito agir como ateus, como se Deus não existisse, ou como apóstatas, desconsiderando os seus mandamentos, a sua vontade revelada, ou como idólatras, seguindo outros deuses?

Ora, como Deus é onisciente, ele já sabia que o povo o desobedeceria, a por isso sua lei já contempla as punições para os casos de desobediência. Entre estas punições está a pena de morte, como lemos nos vv.1-6, para o caso de idolatria e feitiçaria, e nos vv.9-27 são especificados outros 14 pecados, quase todos relacionados ao adultério, cuja pena é a morte determinada por Deus.

Porém, como já disse, estudando a vida dos heróis da Bíblia, podemos ver que Davi e Salomão, por exemplo, cometerem estes pecados, e Deus não lhes aplicou a pena de morte. Salomão chegou ao absurdo de construir um santuário para o deus Moloque, este mesmo citado por Deus, em cujo altar eram sacrificadas crianças. Mas Deus foi longânime com os seus eleitos, e os santificou, mesmo que a duras penas, com muitas tribulações.

Irmãos, nós lemos estes relatos bíblicos do Velho Testamento e normalmente achamos que não temos nada a ver com isso. Afinal, não consultamos necromantes nem feiticeiros. Será que não? Será que, aqueles que andam em busca de falsos profetas adivinhadores em tudo que é canal de televisão, em tudo que é reunião de oração, seja de igreja for, não estão fazendo a mesma coisa?

Nós não sacrificamos filhos no altar de Moloque. Será que não? Será que, aqueles que deixam os seus filhos serem dominados por vícios eletrônicos socialmente aceitos, totalmente escravizados por demônios, incapacitados para obedecer, para estudar, para se concentrar em algo útil, será que os pais não os estão sacrificando no altar de Moloque?

Nós não adulteramos. Será que não? Será que, aqueles que priorizam as suas vontades individuais egoístas, sem a menor consideração com as necessidades dos seus cônjuges, sejam necessidades materiais, sexuais, psicológicas ou espirituais, não estão adulterando? Irmãos, em todos estes casos, claramente, a vontade de Deus revelada na sua palavra está sendo desconsiderada, e os infratores agem como se Deus não existisse.

Prestem atenção! Aos eleitos, chamados e adotados por Deus, a santificação não é opcional. Ela faz parte do pacote da salvação pela graça, e é operada em nós e através de nós pelo próprio Deus. Ele ordena que sejamos santos, sabendo que isso é uma impossibilidade para nós, pecadores, porque ele mesmo é quem nos conduz em santidade, no poder do Espírito Santo. Por isso ele ordena que sejamos santos.

Este é um desígnio de Deus, como ele nos revela: Eu sou o Senhor vosso Deus, que vos separei dos povos (v.24), e para nos manter separados, distintos de todos os povos da terra, ele nos deu uma lei na qual expressa a sua vontade, para que, ao nos submeter aos seus mandamentos, sejamos santos como ele é santo: Guardai os meus estatutos e cumpri-os: Eu sou o Senhor que vos santifico (v.8). Percebem, irmãos? Deus ordena que sejamos santos, e é ele quem nos santifica pela sua Palavra.

Em tudo nós dependemos do poder e da graça do nosso Deus. Como ensina o Senhor Jesus aos seus discípulos, sem mim nada podeis fazer (Jo 15.5). Como ensina Paulo aos Filipenses, Deus é quem efetua em vós tanto o querer quanto o realizar, segundo a sua boa vontade (Fp 2.13). Como ensina Pedro aos crentes da Dispersão, sois guardados pelo poder de Deus, mediante a fé, para salvação preparada para revelar-se no último tempo (1Pe 1.5). Em tudo nós dependemos da graça de Deus.

Ele é o nosso Deus, nós somos o seu povo. Há uma relação pactual, uma relação de identidade. Porém, precisamos notar que só conseguimos nos identificar como povo de Deus, porque ele antes se identifica como nosso Deus. Ser-me-eis santos, porque eu, o Senhor, sou santo, e separei-vos dos povos, para serdes meus (v.26). Observem que somos povo de Deus porque ele, o Deus santo, nos escolheu para ser o seu povo santo.

Agora, prestem atenção, irmãos! Quando lemos trechos como este de Levítico, dirigidos ao povo de Deus, ficamos assombrados com a quantidade de pecados puníveis com tamanha severidade, com a pena de morte, mas este não deve ser o foco principal da questão. O foco da questão é o motivo pelo qual os pecados são puníveis com a pena de morte, conforme lemos no v.3 – Voltar-me-ei contra esse homem, e o eliminarei do meio do seu povo, porquanto deu de seus filhos a Moloque, contaminando assim o meu santo templo e profanando o meu santo nome.

Ou seja, o problema maior que devemos enxergar aqui não é a aplicação da pena de morte ao infrator, e sim a contaminação do santuário de Deus; a profanação do seu santo nome. É certo que devemos temer e tremer diante das promessas do juízo de Deus com a pena de morte, mas há outro motivo que deve nos constranger muito mais. Quando compreendemos a relação de identidade com o Deus santo que nos escolheu para sermos o seu povo, o caráter santo de Deus deve ser o fator motivador das nossas ações, no sentido de que sejamos santos como ele é santo. O seu amor deve nos constranger a isso.

Irmãos queridos, não pode haver outra motivação maior na vida de um salvo do que buscar a santidade, a ponto de refletir a santidade de Deus. O texto que lemos foi dirigido originalmente a Israel, em um contexto religioso e cultural totalmente diferente do nosso, mas, no seu aspecto moral e espiritual, aplica-se totalmente a nós, a igreja de Cristo. Por isso, assim com o Deus exorta a Israel, também exorta a igreja, através de Paulo: Considerai, pois, a bondade e a severidade de Deus: para com os que caíram, severidade; mas para contigo, a bondade de Deus, se nela permaneceres; doutra sorte, também tu serás cortado (Rm 11.22). A aplicação moral e espiritual é a mesma: buscar diligentemente a santidade, em obediência ao desígnio de Deus.

Que Deus, pois, infunda em nossos corações temor e tremor diante da possibilidade de ofender à sua santidade com os nossos pecados, e coragem, confiança e profundo desejo de ser cada vez mais santos como ele é santo, certos de que ele mesmo é quem nos santifica pela sua Palavra, para louvor da sua glória. Amém.