Edificando a família da aliança – Sl 127

Igreja é família na comunhão dos santos – Ef 4.1-6
14/05/2016
A Ceia do Senhor – Mt 26.26-30
04/06/2016

Queridos, como este é o último domingo do chamado mês da família, após a pausa do domingo passado com a visita da Comissão Executiva do nosso Presbitério, continuaremos tratando do assunto, hoje falando sobre a edificação da família da aliança.

Pois bem, na semana passada eu estive lá no Centro com Margareth, e passando pelo Ponto de Cem Réis, largo de concentrações culturais e políticas de nossa cidade, vi um ajuntamento de evangélicos naquilo que eles talvez enquadrem como “missões urbanas”. O pregador era um pastor presbiteriano bastante conhecido, e falava sobre a família. Aos brados, o reverendo anunciava que a família é um projeto de Deus, e que por isso, Deus queria abençoar todas as famílias dos ouvintes, em sua maioria, vendedores ambulantes de produtos falsificados, e transeuntes compradores apressados.

Obviamente, com esse tipo de “pregação” sobre a família, aquele pastor esperava que alguns ouvintes curiosos parassem para ouvir o seu “evangelho”, e “se convertessem”, diante de uma promessa de bênção totalmente dissociada de arrependimento. Infelizmente esse é o tipo de “convertidos” que entope as igrejas ditas evangélicas dos nossos dias.

Irmãos, conforme o primeiro versículo que lemos, se o Senhor não edificar a casa, se o Senhor não edificar a Igreja, ou seja, se a família, se a igreja não for edificada de acordo com a lei de Deus, de acordo com os princípios da aliança, como afirmou o Senhor Jesus, esta será uma edificação sobre a areia, que ruirá na primeira tempestade.

Sem dúvida, como dizia aquele pastor da praça, a família é um projeto de Deus, seja ela uma família crente ou não. O pecado de Adão e Eva não cancelou, nem mesmo inviabilizou o projeto de Deus para a família. Porém, a mensagem bíblica é para a família da aliança, e todos aqueles que forem simplesmente cooptados, agregados a uma igreja como prosélitos, influenciados por uma pregação falsa prometendo bênçãos, jamais seguirão os princípios da aliança, e, por conseguinte, jamais ensinarão aos seus filhos.

Claramente, como os irmãos sabem o quanto temos batido aqui em nossa igrejinha, este é o nosso maior problema: pais que não vivem segundo os princípios da aliança, logo, não ensinam nem podem ensinar aos seus filhos. Assim, vemos filhos, quase todos, assimilando ensinamentos errados, seja por meio de professores não crentes, adeptos da teoria da evolução, seja por meio de smartphones conectados à internet em tempo integral, sob os olhares insensatos dos pais.

Qual o resultado disso? Casas edificadas em vão; famílias edificadas em vão; igrejas edificadas em vão, porque não é o Senhor quem as edifica. Qual a preocupação principal destes pais? Lutar, trabalhar dia e noite para aumentar o patrimônio, para proporcionar boa vida aos filhos, para deixar-lhes herança material, sem atentar para o que diz o Senhor no v.2: Inútil vos será levantar de madrugada, repousar tarde, comer o pão que penosamente granjeastes; aos seus amados, ele o dá enquanto dormem.

Irmãos queridos, nós precisamos rever os nossos princípios. Se fazemos parte da família da aliança, precisamos ensinar aos nossos filhos os princípios da lei de Deus. O que deixarmos para os nossos filhos sobre o conhecimento de Deus é infinitamente mais importante do que bens materiais. Lembrem que, segundo o v.3 os filhos são herança do Senhor, e já são parte do galardão que ele nos dá, no momento em que os filhos são a nossa alegria quando os vemos crescer nos caminhos do Senhor.

Porém, embora o salmista não tenha a intenção de chamar atenção para a falta de instrução correta aos filhos, seguramente nós podemos tirar esta lição dos vv.4-5. Está claro que o salmista se refere à benção que é ter muitos filhos, naquele contexto, por causa da segurança que eles podem proporcionar em caso de contendas, em caso de ataques de inimigos, como era natural naquela época.

Só que, como sabemos, de nada adianta o guerreiro ter a sua aljava cheia de flechas, se ele não as atirar com precisão. Obviamente, se as flechas errarem o alvo, a derrota é certa, e a falha será do guerreiro que as atirou. Percebem, irmãos, a importância de ensinar corretamente aos nossos filhos os princípios da aliança de Deus?

Todos nós sabemos como é difícil ensinar alguém, especialmente se esse alguém não quer aprender, ou acha que já sabe, como é o caso das crianças, adolescentes e jovens, progressivamente. Acontece que, se somos da família da aliança, se nossos filhos são filhos da aliança, não podemos negligenciar, nem mesmo esmorecer no esforço contínuo de ensinar-lhes os princípios da lei de Deus.

Não podemos esquecer que os nossos filhos são pecadores, e que naturalmente rejeitarão o ensino. Por isso, precisamos nos aprimorar na tarefa incansável de ensinar-lhes os princípios da aliança, como está escrito em Dt 6.4-9, e em Ef 6.4. Observem que quando Deus manda ensinar aos filhos, assentado, andando, ao deitar e ao levantar, esta é a mesma ordem de criá-los na disciplina e na admoestação do Senhor. Isto quer dizer ensino em tempo integral, para que eles sejam como flechas que acertam o alvo.

Irmãos queridos, nós precisamos ter consciência e confessar que a grande dificuldade de ensinar os nossos filhos começa com o fato de que nós mesmos não vivemos de acordo com os princípios da aliança de Deus para a família. Sem nenhuma dúvida, um dos princípios claros e negligenciados é o governo, a liderança dos maridos sobre a sua família. Todos nós sabemos, e todos já devem estar cansados de me ouvir chamar atenção dos maridos para a sua responsabilidade no ensino dos filhos. A esposa é corresponsável, é auxiliadora conforme o ordenamento de Deus para a família da aliança.

Logo, se o homem não desempenhar o seu papel, como poderá a mulher auxiliá-lo naquilo que ele não está fazendo? Se o ensino dos princípios da lei, se a adoração no lar não é conduzida pelo marido, como poderá a esposa e os filhos se desenvolverem como adoradores de Deus? Sem nenhuma dúvida, este é o contexto em que se pode afirmar: Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam.

Outro princípio claro da aliança de Deus, e deliberadamente negligenciado pelos pais é a disciplina dos filhos, especialmente quando esta requer castigo físico. Em nossa cultura evolucionista e humanista, tal coisa é vista como um absurdo, e até mesmo como um crime. Porém, de acordo com os princípios da aliança de Deus, o que retém a vara não ama a seu filho, mas o que o ama, cedo o disciplina (Pv 13.24).

Mais uma vez, assim nos ensina o Senhor da aliança: A estultícia está ligada ao coração da criança, mas a vara da disciplina a afastará dela (Pv 22.15). Obviamente, o termo vara não se refere a um pedaço de pau, mas sim ao castigo físico, se necessário, para que a criança, desde cedo, aprenda que, de acordo com os princípios da aliança de Deus, o pecado requer uma punição, para que o pecador tema ao Senhor da aliança. Precisamos ensinar a nossas crianças que quando as disciplinamos, o fazemos em obediência a Deus.

Assim ordena o Senhor: Ensina a criança no caminho em que deve andar, e ainda quando for velho não se desviará dele (Pv 22.6). Prestem atenção, irmãos! Aqui pode estar a raiz de um problema crônico: pais que simplesmente atenderam a um convite de que Deus quer abençoar as suas famílias, como pregava o pastor da praça, não vivem segundo os princípios da aliança. Logo, não ensinam nem podem ensinar aos seus filhos no caminho em que devem andar.

Irmãos queridos, nós precisamos rever os nossos princípios. Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os quer a edificam. Que Deus nos conceda a graça do arrependimento; que Deus nos conceda a graça de nos esforçarmos para crescer no conhecimento da sua aliança, para que, no seu poder, edifiquemos a nossa casa, para louvor da sua glória. Amém.