Queridos, eu creio que todos aqui sabem pelas Escrituras, que a igreja é o corpo de Cristo; a Igreja é a família de Deus. Infelizmente, creio que todos aqui também conhecem pessoas que se dizem crentes, mas que vivem fora da igreja. Elas estão equivocadas. Sabemos pela Palavra de Deus, que não pode haver vida em Cristo, fora da Igreja. Por isso, vamos falar sobre a importância da Igreja em nossas vidas.
Sabemos que na Igreja, a comunhão dos santos é de importância vital para nós, os crentes. Os verdadeiros crentes não podem deixar de se reunir para adorar a Deus, para se encorajar, para se edificar mutuamente, a fim de testemunhar de Cristo, pregando o evangelho com as suas vidas, em qualquer circunstância. A igreja, mesmo com todos os seus problemas e defeitos, já que é composta por pecadores, é uma comunidade de amor, e o amor, como qualquer outro dom, não pode se desenvolver solitariamente, nem pode se manter saudável fora da comunidade da fé. Afastar-se da igreja, portanto, implica afastar-se de Deus. Eis porque a igreja é importante na vida do crente.
No texto que lemos é interessante notar que, embora João estivesse exilado na ilha de Patmos, sofrendo por causa do evangelho (v.9), a revelação dada ao apóstolo não foi uma espécie de prêmio de consolação individual. A revelação lhe foi dada para ser transmitida às sete Igrejas da Ásia, para encorajá-las por causa das terríveis tribulações pelas quais passavam (v.10-11). O objetivo das cartas era estimular os irmãos daquelas igrejas, para que eles não esmorecessem, para que eles continuassem unidos, confiando no Senhor Jesus, o Mediador da aliança, o Cordeiro de Deus que venceu o pecado, o mundo, o diabo e a própria morte, e que essa vitória é extensiva a eles, os crentes, os que compõem a igreja de Cristo.
O v.12 nos informa que, após ouvir aquela grande voz como de trombeta, João voltou-se para ver quem lhe falava, e viu, em princípio, sete candeeiros de ouro, e no meio dos sete candeeiros de ouro, um semelhante a filho de homem, com vestes talares, e cingido à altura do peito com uma cinta de ouro (v.13). Que visão maravilhosa! Aquela visão foi tão tremenda que João caiu a seus pés como morto (v.17), e precisou ser reanimado. João, então, passa a descrever aquele que estava no meio dos sete candeeiros de ouro (v.14-16).
Agora prestem atenção, queridos! Onde Jesus estava quando João o viu? No meio dos sete candeeiros de ouro. E o que são esses sete candeeiros de ouro? O próprio Senhor Jesus responde no v.20: os sete candeeiros são as sete Igrejas. O Senhor Jesus estava no meio das sete igrejas, que aqui representam a sua igreja como um todo, ele estava no meio do seu povo reunido para adorar, para orar, para ouvir o que ele tinha a dizer através do apóstolo-profeta, conforme ele mesmo prometeu em Mt 18.20 – porque onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estou no meio deles. Não importam as circunstâncias e o contexto, Jesus está no meio da sua Igreja.
Portanto, não é possível ser crente, salvo, sem estar na Igreja. O livro do Apocalipse nos prova que essa postura dos que se dizem crentes fora da igreja é totalmente incoerente e equivocada. Na revelação total da profecia, o Senhor manda que João envolva as sete igrejas, mesmo com os seus problemas, mesmo com as suas dificuldades. Eu sei que estes são os motivos alegados por alguns que se afastam da Igreja: problemas, dificuldades, divergências, gente falsa, complicada, etc. Porém, quando estudamos toda a profecia do Apocalipse, constatamos que não é possível deixar de fora a Igreja e os seus problemas, ou estaríamos mutilando a profecia que foi dada exatamente para a igreja cheia de problemas e dificuldades, no sentido de encorajá-la, mostrando-lhe que o Cordeiro venceu.
Queridos, trilhar o caminho de Cristo para o céu, o que envolve o seu auxílio para a batalha contra o pecado, o que envolve o seu auxílio para a santificação, passa obrigatoriamente pela igreja. Cristo está no meio dela, foi ele quem a estabeleceu, e é ele quem lhe confere identidade, conforme podemos ler ao longo da profecia, nas cartas às sete igrejas.
Não vamos falar sobre cada uma delas, o tempo não daria, mas, todas elas, Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadélfia e Laodicéia, cada uma delas adquire a sua identidade em Cristo. É o próprio Cristo quem lhes confere identidade, através das diversas qualificações que ele mesmo se dá, de acordo com o estado de cada Igreja. Por isso, aqueles que realmente são de Cristo não podem se afastar da Igreja, porque foi a Igreja que Cristo veio resgatar, foi para a Igreja que ele enviou o Espírito Santo Consolador. E ele não enviou o Espírito Santo de forma individualizada, como acontecia no Velho Testamento. Não! No Novo Testamento o Espírito Santo foi enviado para a Igreja.
Por isso, na mensagem a todas as sete igrejas ele repete: Quem tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às igrejas. E o que o Espírito diz às Igrejas? Observemos que não são somente coisas agradáveis e palavras de encorajamento, ou de vitória ufanista, já que aquelas igrejas estavam passando por grandes tribulações. Não! Há muito mais reprimendas. Ao anjo da Igreja de Laodicéia, por exemplo, ele diz: Porque és morno, e nem és quente nem frio, estou a ponto de vomitar-te da minha boca (3.16). Que coisa terrível! Vejam em que situação se encontrava aquela Igreja.
Às vezes, e não são poucas vezes, os pastores sofrem por detectar que as suas igrejas estão mornas, como a de Laodicéia, mesmo sem sofrer nenhuma perseguição. E se uma Igreja está morna, a ponto de ser vomitada da boca de Deus, é porque a maioria dos seus membros está morna. Membros que não vem à Igreja simplesmente porque não querem, e quando vêm, ficam cochilando nas cadeiras ou conversando enquanto a Palavra de Deus é proclamada. Porque és morno, e nem és quente nem frio, estou a ponto de vomitar-te da minha boca (3.15-16). E que ninguém fique triste, muito menos aborrecido com esta palavra, porque assim diz o Senhor Jesus: Eu repreendo e disciplino a quantos amo. Sê, pois, zeloso, e arrepende-te (3:19). Ouçam, assimilem e transmitam esta palavra aos irmãos negligentes.
É um consolo saber que o Senhor nos repreende porque nos ama. Ele mesmo é quem afirma isso. Das sete igrejas destinatárias das cartas, apenas duas não receberam repreensões: Esmirna e Filadélfia. As outras cinco receberam várias repreensões, e Laodicéia só recebeu repreensões severas. Nenhum elogio. Porém, como é confortante saber que o Senhor Jesus estava no meio daquelas igrejas, com todos os problemas e defeitos que elas apresentavam, inclusive Laodicéia, a que se encontrava em pior situação.
Portanto, é com base na Palavra que eu afirmo: mesmo que possa haver problemas e defeitos na nossa Igrejinha, e sabemos que há, o Senhor Jesus está no meio dela. Precisamos observar que o Senhor Jesus repreendeu severamente a Igreja de Laodicéia, mas também lhe ofereceu a sua graça: Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e cearei com ele e ele comigo (3.20).
Esta graça foi oferecida a uma igreja cheia de problemas, que só recebeu repreensões. Mas, mesmo assim, o Senhor Jesus estava no meio dela. É de se concluir, portanto, como a permanência na Igreja é vital para o crente, porque o Senhor Jesus está no meio da sua Igreja, sejam quais forem as circunstâncias.
Queridos, se alguém entre nós se sentiu impactado com essa palavra dura do Espírito, dura, mas cheia de amor, alegre-se, porque o Senhor repreende e disciplina a quantos ama. Como isso é maravilhoso! Se alguém entre nós sentiu-se como um membro da Igreja de Laodicéia, morno, a ponto de ser vomitado da boca de Deus, ouça o que o Espírito lhe diz: arrependa-se, e aceite o convite da graça de Deus, participe ativamente das atividades da sua igreja, porque é aqui, é na comunhão dos santos, é no meio da Igreja que o Senhor Jesus fortalece os seus santos pelos meios de graça que ele mesmo provê.
Ele está no meio da sua Igreja para nos encorajar com a sua Palavra, ele está no meio da sua Igreja para derramar a sua bênção sobre nós, a fim de que verdadeiramente sejamos unidos na adoração, unidos na oração, na comunhão, na edificação mútua, fortalecidos no Senhor e na força do seu poder, a fim de que, como consequência natural, sejamos uma Igreja unida na evangelização, pelo testemunho de vida santa, para louvor da glória de Deus.
É isso que o Senhor requer de nós como Igreja. Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz à Igreja. Que Deus nos abençoe! Amém.