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Queridos, na mensagem do boletim nós falamos sobre a igreja como a congregação dos salvos. Enquanto a igreja local é a congregação de pessoas de uma determinada denominação, sejam salvas ou não, a igreja de Cristo, como um todo, é a união de todos aqueles que realmente são salvos. Por que falamos que a igreja local é a congregação de pessoas salvas ou não? Porque o Senhor Jesus mesmo nos ensinou que há joio no meio do trigo, e que no tempo oportuno ele fará a separação (Mt 13.24-30).

Porém, uma coisa é fato: já neste mundo, nós, os salvos, vivemos e fazemos parte de uma igreja local, e não pode ser diferente. Conforme o texto que lemos, veremos que não é possível ser um cristão espiritualmente saudável, sem fazer parte de uma igreja local organizada. Em outros termos mais radicais, no meu entendimento bíblico, assim como é verdade que há mais não-crentes do que crentes dentro da igreja local, também é verdade que não pode haver um crente verdadeiro fora desta igreja local organizada.

Estudando a História da Igreja, podemos ver claramente uma relação muito estreita entre a Igreja e a salvação, o que tem gerado heresias e acarretado milhares de mortes de pessoas que não aceitavam o ensino da Igreja sobre a salvação. Que ensino é esse?

Para a Igreja Católica Romana, a igreja-mãe, o que por si só já é uma heresia criada desde os tempos apostólicos e perdura durante toda da História da Igreja, segundo a tal Igreja-mãe, “fora da Igreja não há salvação”. Este é um dos dogmas centrais da Igreja Católica Romana. Segundo esse dogma, como a igreja é a despenseira do Evangelho, e isto é verdade, ela é quem concede ou deixa de conceder salvação ao pecador, tornando-se, assim, uma intermediária entre Deus e os homens, e isto não é verdade.

Conforme o ensino bíblico, a salvação toda pertence ao Deus trino: é prerrogativa exclusiva de Deus Pai eleger deste antes da fundação do mundo; é prerrogativa exclusiva de Jesus, na plenitude do tempo, consumar a salvação na cruz do Calvário; é prerrogativa exclusiva do Espírito Santo, no tempo oportuno, aplicar a salvação ao coração dos eleitos, e isso se dá pela pregação do evangelho, a cargo da Igreja. Esta é a participação da Igreja na obra da salvação: pregar o evangelho. Tudo mais é prerrogativa exclusiva de Deus

Porém, assim como é verdade que a igreja não pode conceder salvação ao pecador, também é verdade que uma vez salvo, o pecador não pode ficar fora da igreja, porque a salvação é inclusiva (At 2.47). O pecador é salvo para fazer parte da Igreja, que é o corpo de Cristo. Logo, não é possível um salvo dizer que não precisa ser membro de igreja local.

Na verdade, a afirmação comum que se ouve de muitos ditos crentes, é que não precisa fazer parte de uma igreja para ser salvo. Observem que essa afirmação, mesmo sendo contrário à heresia católica romana, é da mesma essência. Como a Bíblia ensina, a salvação é individual e não depende de mais nada, a não ser da graça de Deus. Acontece que a bíblia também ensina que é da vontade de Deus que os seus santos, aqueles que foram salvos individualmente, tenham comunhão na doutrina, comunhão uns com os outros, uma vez que agora fazem parte de um só corpo, a Igreja, o corpo de Cristo.

Aos Coríntios, o apóstolo Paulo ensina a mesma coisa, dizendo: Pois, em um só Espírito, todos nós fomos batizados em um só corpo, quer judeus, quer gregos, quer escravos, quer livres. E a todos nós foi dado beber de um só espírito (1Co 12.13). À luz do texto que lemos e de passagens com esta, como pode alguém realmente salvo dizer que não precisa se congregar em alguma igreja?

Como pode alguém que foi batizado, renegar o seu batismo, uma vez que o batismo é o sinal da nova aliança, é o sinal da inclusão na Igreja, no corpo de Cristo, afastando-se deste corpo? Como pode alguém que não se congrega, participar da santa ceia do Senhor esporadicamente, sabendo que a santa ceia representa a comunhão dos santos no corpo e no sangue de Cristo? Isso é simplesmente inaceitável! A única conclusão razoável, é que tal pessoa nunca experimentou uma conversão verdadeira, o que é terrivelmente triste, porque conhecemos alguns irmãos nesta situação.

Sabem o que falta a tais pessoas? Humildade, mansidão, longanimidade, capacidade de suportar os irmãos, e podemos ver que isso não é novidade. É exatamente por essa causa que Paulo está discipulando, exortando os irmãos de Éfeso (vv.1-3).

Irmãos, é preciso esforço! A salvação é individual e de graça, mas a santificação exige esforço tanto individual quanto coletivo. É por isso que existe a Igreja local, para que nos edifiquemos mutuamente. Nós precisamos uns dos outros. Precisava ser assim? Deus não podia salvar e capacitar a cada um individualmente, sem a chatice de ter que suportar os outros? Podia! É claro que podia, mas na sua sabedoria, não foi assim que ele determinou.

Jesus prometeu que edificaria a sua igreja como um corpo, e por isso ordenou que os seus apóstolos fizessem discípulos, o que os vemos fazer no livro de Atos e nas cartas apostólicas. Em todo o ensino apostólico nós podemos ver a exortação de que que devemos ser um corpo: Há somente um corpo e um só Espírito, como também fostes chamados numa só esperança da vossa vocação (v.4). Observem que, quando se trata de Igreja, a vocação nunca é individual, mas coletiva.

Nós fomos chamados e vocacionados para a salvação, e agora somos um só corpo; fomos batizados em um só Espírito; fomos chamados e vocacionados numa só esperança. E que esperança é essa? A esperança da vida eterna na glória do Pai. Ora, se temos a esperança de ir para o mesmo lugar, não podemos andar separados. Isso é lógico!

Como o apóstolo ensina, há um só Senhor, uma só fé, um só batismo, um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, age por meio de todos, e está em todos (vv.5-6). Diante de afirmação como esta, como é possível alguém se imaginar crente, salvo, sem querer fazer parte de uma Igreja local? Como, por exemplo, instruir os filhos sem a participação da Igreja, se a Igreja é a comunhão, é a união, é o corpo sobre o qual e através do qual Deus age?

Irmãos, desde a organização de Israel, Deus sempre agiu assim. Sabemos que é através das gerações que as maravilhas de Deus são contadas. No Velho testamento, o templo era o centro da adoração e do ensino. No Novo Testamento, a Igreja tem um papel semelhante nessa edificação, tanto individual como familiar. É por isso que, tanto a pessoa quanto a família que tenta viver a sua pretensa fé fora da Igreja local, logo fica atrofiada.

Prestem atenção, irmãos! A obra da pregação que leva à salvação não termina no ato da conversão. Ela perdura por toda a vida do salvo, já que é indispensável para a santificação. Foi Deus quem determinou que continuará agindo sobre todos e por meio de todos (v.6). Precisamos estar juntos como Igreja para nos edificar mutuamente.

Esta é a importância da Igreja em nossas vidas. Embora ela não seja mediadora entre Deus e os homens, sem nenhuma dúvida, porque é assim que a Bíblia ensina, a Igreja tem um papel indispensável na aliança da graça. Por isso, a igreja local, a igreja instituição corporativa faz parte da vida cristã de todos os eleitos de Deus, aqueles que buscam crescer no conhecimento de Deus, a fim de fazer a sua vontade.

Que Deus nos ajude a compreender e a viver de acordo com a doutrina, edificando-nos mutuamente, e testemunhando o evangelho de Cristo, para louvor da sua glória. Amém