Queridos, nesta parte da carta aos Efésios (6.10-18), Paulo está ensinando sobre a conduta do salvo, do crente, está falando da batalha espiritual, do conflito com as trevas. Como sabemos, em situações normais, nenhum exército entra numa batalha sem ter todas as informações necessárias sobre suas próprias forças, sem ter o máximo de informações sobre o inimigo, bem como sobre o terreno onde se desenvolverá a batalha. O Senhor Jesus chama atenção para esse tipo de planejamento (Lc 14.31).
Na batalha espiritual de que Paulo fala aos efésios, e a nós, não é diferente. Para vencer essa batalha, nós precisamos ter primeiramente o conhecimento de quem nós somos, precisamos conhecer as nossas próprias forças, conhecer o potencial do inimigo, e o campo de batalha, que é a nossa vida, o nosso dia-a-dia. Caso contrário, seremos como soldados indo à batalha sem conhecimento da real situação, sofrendo uma derrota esmagadora, como podemos ver em tantos casos ao longo da História.
O que nós conhecemos sobre a natureza humana? Aquilo que vemos e ouvimos na televisão, o que é ensinado por antropólogos, sociólogos e psicólogos? Eu acho que já falei para vocês, que certa vez li um livro escrito por um Pastor, que também era médico, e ele escreveu uma coisa muito interessante. De todos os livros que eu já li, de todos os estudos que eu já fiz sobre o ser humano e o seu comportamento, nunca encontrei nada que se compare ao ensino bíblico a respeito da natureza humana. Portanto, ao ler este versículo, precisamos saber o que a Bíblia nos ensina acerca disso.
Em primeiro Lugar, a Bíblia nos ensina quem nós somos. Em Gn 1.26 lemos que Deus nos fez à sua imagem, conforme a sua semelhança, santos, puros e livres. Mas, a Bíblia também nos diz em Gn 3 que o homem santo, puro e livre, escolheu livremente desobedecer a Deus e seguir as orientações de Satanás. Então o homem inaugurou o pecado, e com ele veio a queda e a morte. É por isso que o apóstolo Paulo ensina que o salário do pecado é a morte (Rm 6.23a). Mas, há ainda outro ensino na Bíblia acerca da natureza humana: pela graça de Deus, nós podemos ser regenerados.
Por isso, em seu ensino sobre a morte como salário do pecado, Paulo complementa o versículo dizendo: mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus nosso Senhor. Que coisa maravilhosa! Podemos ser regenerados, e é isso que Paulo testifica que aconteceu com os Efésios: Ele vos deu vida, estando vós mortos em vossos delitos e pecados (Ef 2.1). Portanto, irmãos, para vencer o conflito com as trevas, nós precisamos estar conscientes dos três estágios da nossa vida: 1) fomos feitos à imagem e semelhança de Deus; 2) o pecado nos corrompeu e nos matou, e 3) mas Deus nos dá vida novamente, em Cristo Jesus. Será que todos têm plena consciência destas coisas? Será que todos conhecem a natureza humana?
Em segundo lugar precisamos conhecer a verdadeira natureza do conflito, da batalha que estamos travando. É acerca disso que nos fala o versículo lido: a nossa luta não é contra o sangue e a carne e sim contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestes. Aqui nós aprendemos sobre o inimigo contra o qual lutamos.
Que principados são esses? Principado é o domínio de um príncipe. Em Jo 14.30 Jesus diz aos seus discípulos: Já não falarei muito convosco, porque aí vem o príncipe do mundo; e ele nada tem em mim. Em Jo 16.11 novamente ele diz aos seus discípulos que o príncipe deste mundo já está julgado. Sabem quem é esse príncipe? Jesus está falando de Satanás, o príncipe das trevas, e Paulo tinha esse conhecimento.
Em seguida o apóstolo também fala que a nossa luta é contra as potestades. Potestades aqui é sinônimo de poderes demoníacos sob o comando de Satanás, aquele que o próprio Senhor Jesus qualifica como o valente, bem armado, [que] guarda a sua própria casa Lc 11.21. Porém, na sequência, Jesus também fala sobre um mais valente do que ele, [que] vence-o, tira-lhe a armadura em que confiava e lhe divide os despojos. Este mais valente é o Senhor Jesus, e Paulo tinha esse conhecimento.
Por isso ele chama atenção que os principados e potestades, Satanás, o inimigo contra o qual lutamos é um valente bem armado, e embora já tenha sido derrotado pelo Senhor Jesus na cruz do Calvário, ainda está em atividade neste mundo, até a consumação, até a volta de Jesus, e nós precisamos saber disso para poder resisti-lhe.
Os principados e potestades de quem Paulo fala também são identificadas como o deus deste século, aquele que cegou os entendimentos dos incrédulos (2Co 4.4). Louvado seja Deus porque, pela revelação que lhe foi dada, Paulo também ensina aos Efésios que, em Cristo, são iluminados os olhos do vosso coração para saberdes qual é a esperança do seu chamamento, e qual a riqueza da glória da sua herança nos santos (Ef 1.18). Ou seja, a cegueira espiritual causada pelas potestades demoníacas pode, e só pode ser iluminada pela luz de Cristo. Aquele que tem Cristo, tem a luz; o que não tem Cristo jaz nas mais densas trevas.
Por último, o apóstolo diz que a nossa luta é contra os dominadores deste mundo tenebroso. O que é mundo tenebroso? É o mundo que vive em trevas porque jaz no maligno como o apóstolo João diz em (1Jo 5.19). Satanás e seus demônios são os dominadores desse mundo tenebroso, aqueles que fazem os homens amarem mais as trevas do que a luz, e por isso já estão julgados. Em Jo 3.19 está escrito: O julgamento é este: Que a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz. Mas nós, os salvos, não temos que temer as trevas, porque o Senhor Jesus também diz: Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará nas trevas, pelo contrário terá a luz da vida (Jo 8.12).
Portanto, embora o versículo acerca do conflito espiritual com as trevas possa causar medo, na verdade, isso só acontece com aqueles despreparados para a batalha espiritual, aqueles que não conhecem a Deus, e por isso, não conhecem a si mesmos, e porque não têm vida com Deus, também não conhecem o campo de batalha. Além do mais, esse versículo também deixa claro que os poderes de Satanás, são limitados quanto à sua força, e também estão limitados no tempo e no espaço. É apenas no decurso desta vida, e neste mundo, até a volta de Jesus. Esse é o período e o campo da nossa luta contra os principados, potestades e dominadores deste mundo tenebroso.
Sabem qual a nossa arma para esse confronto? Jesus nos mostra no cap. 4 de Mateus: Está escrito. A nossa arma é a Palavra. Nesta mesma carta aos Efésios, Paulo ensina que não devemos dar lugar ao diabo (5.27), que devemos nos revestir da armadura de Deus para podermos ficar firmes contras as ciladas do diabo (6.11), e essa armadura á e Palavra de Deus. Está escrito. E o que está escrito, está consumado.
Portanto, estejamos atentos, firmes na fé, que é o conhecimento de Deus, e obediência à sua Palavra. Aqueles que estão em Cristo têm uma nova vida, são novas criaturas, e são fortalecidos no Senhor e na força do seu poder (Ef 6.10). Pelo ensino do apóstolo, nunca devemos estar desatentos, despreparados para o conflito com as trevas, porque sabemos quem nós somos, sabemos quem é o inimigo, conhecemos o campo de batalha, e temos as armas e o poder necessários para vencer o conflito com as trevas.
Pela graça de Deus, a nossa vitória já foi consumada na cruz do Calvário pelo nosso Senhor Jesus Cristo, e Deus fez isso para louvor da sua glória. Amém.