A nossa insuficiência e a suficiência de Jesus – Mt 26.31-35

A compaixão de Jesus – Mc 1.40-42
19/03/2017
A ressurreição de Jesus – Lc 24.1-12
15/04/2017

Queridos, todos nós sabemos que Jesus ofereceu-se ao Pai em sacrifício por nós, ocasião em que podemos ver, no mesmo ato da crucificação, a ira do Pai e a graça do Filho para que fôssemos salvos da maldição do pecado, do inferno. Porém, há outra coisa que observamos naquela ocasião. A vergonha, a traição daqueles que prometeram lealdade ao Senhor, que morreriam com ele, se fosse necessário (v.35), mas todos o deixaram, como o Senhor lhes disse que aconteceria (v.31). Que coisa impressionante! Os discípulos negaram o seu Mestre porque não acreditaram nele.

Em outras ocasiões, Jesus já lhes havia dito repetidas vezes que seria traído e morto, que o traidor estava entre eles, e eles não acreditaram. Agora, o Senhor lhes disse que todos eles vacilariam, mas eles afirmaram que isso jamais aconteceria. Ao invés de crer e receber a palavra do Senhor como uma exortação; ao invés de suplicar a graça de Deus para que pudessem suportar a provação que lhes sobreviria, como Jesus lhes estava alertando, eles não acreditaram e preferiram afirmar que eram fortes o suficiente em si mesmos, pretensão que os levou a negar vergonhosamente o Mestre.

Irmãos, por causa da nossa cultura Católica Romana, eu sei que muitos crentes pensam que os apóstolos eram mais corajosos do que nós. Na verdade, não eram. Como o Senhor lhes havia dito (v.31), um pouco mais adiante, no momento da sua prisão, como está escrito no v. 56, os discípulos todos, deixando-o, fugiram. Eles não acreditaram em Jesus, e por isso o negaram. Eles eram iguais a nós, e careciam da graça de Jesus.

Quantas vezes nós desobedecemos deliberadamente às ordens do nosso Senhor e Salvador, numa prova inequívoca de que não acreditamos nele. Quantas vezes o Senhor nos fala através dos pastores fiéis, seja nas pregações, seja no discipulado, seja em aconselhamentos, e nós não acreditamos. Como os discípulos, achamos que dá para seguir adiante com as nossas próprias forças, com o nosso próprio entendimento, andando à beira do fracasso espiritual, como os discípulos, desconsiderando a exortação do Senhor.

Irmãos, os discípulos eram como nós, e nós, como eles. Por isso, como eles, nós também precisamos aprender que não somos suficientes para viver uma vida de santidade. Como eles, nós também precisamos aprender que não somos suficientes para testemunhar do nosso Senhor. Como eles, nós precisamos da graça de Jesus. Se não tivermos a graça do nosso Senhor, o que nos restará é a vergonha da traição, embora afirmemos lealdade ao Mestre, como os discípulos fizeram. O próprio apóstolo Paulo reconheceu que ele não era suficiente para a missão de pregar o evangelho, quando pergunta: Quem, porém, é suficiente para estas coisas? (2Co 2.16).

Sabemos que Paulo estava falando da pregação do evangelho, e é sobre isso mesmo que estamos falando. Como eu tenho dito, de acordo com a Bíblia, a pregação a cargo da Igreja começa com a sua vida de santidade, e nós não somos suficientes para estas coisas. Mas, como Paulo completou, a nossa suficiência vem de Deus (2Co 3.5).

Observamos que, quando Paulo nos ensina em Ef 5 e 6 a viver cheios do Espírito Santo, ele usa as relações mais básicas que vivenciamos: a família. Por isso eu insisto tanto nesse assunto. Mulheres, quando vocês não conseguem ser submissas aos seus maridos, vocês estão negando a Jesus. Porque não acreditam na sua palavra, tentam desempenhar o seu papel de esposas e mães, sem depender da graça de Jesus, porque se acham suficientes para estas coisas, e não são.

Maridos, quando vocês não conseguem amar as suas mulheres, vocês estão negando a Jesus. Porque não acreditam na sua palavra, tentam desempenhar o seu papel de maridos e pais, sem depender da graça de Jesus, porque se acham suficientes para estas coisas, e não são.

Filhos, quando vocês não conseguem ser obedientes aos seus pais, vocês estão negando a Cristo. Porque não acreditam na sua palavra, tentam desempenhar o seu papel de filhos, sem depender da graça de Jesus, porque se acham suficientes para estas coisas, e não são.

Pais, maridos e esposas, quando vocês não conseguem criar os seus filhos na disciplina e na admoestação do Senhor, vocês estão negando a Cristo. Porque não acreditam na sua palavra, tentam desempenhar o seu papel de pais, sem depender da graça de Jesus, porque se acham suficientes para estas coisas, e não são.

Os discípulos de Jesus também se declararam autossuficientes porque não acreditaram nele. Porém, quando veio a provação, falharam vergonhosamente. O Senhor já sabia desde o início que os discípulos o abandonariam. Ele sabia que eles ainda não haviam compreendido as coisas que ele falava, o que só aconteceria depois de receberem o Espírito Santo.

E nós, queridos? Não dizemos que somos crentes? Ora, se somos crentes, temos a unção do Espírito Santo, que nos conduz em santidade, conforme Jesus prometeu. Então, porque agimos como se não acreditássemos nas palavras de Jesus? Porque agimos como se fôssemos autossuficientes, como se não precisássemos da sua graça e do seu poder, contabilizando tantos fracassos em nossas famílias? O Senhor Jesus disse que não seria fácil segui-lo. Na verdade, ele disse que seria impossível sem o seu poder (Jo 15.5).

Conforme o texto que lemos, Mateus, uma testemunha ocular dos acontecimentos que narrou, registrou que o Senhor predisse que eles o abandonariam, em cumprimento da profecia: Porque está escrito: ferirei o pastor, e as ovelhas do rebanho ficarão dispersas (v.31). Jesus estava se referindo à profecia de Zacarias (13.7), segundo a qual o próprio Deus manda que a espada fira o seu pastor, e, como consequência, o rebanho ficaria disperso. Como Jesus repetiu várias vezes, tudo o que aconteceu com ele, foi para que se cumprissem as Escrituras.

Por isso, assim como o profeta Zacarias complementou o mesmo versículo, dizendo: mas volverei a minha mão para os pequeninos, o Senhor Jesus também complementou o cumprimento da profecia, dizendo: mas, depois da minha ressurreição, irei adiante de vós para a Galiléia (v.32). Jesus não deixou os seus discípulos na ilusão de que eram autossuficientes, nem na tristeza e vergonha quando descobriram que tinham fracassado porque não acreditaram no seu Mestre.

Como o nosso Senhor é maravilhoso! Irmãos queridos, prestem atenção! Se não acreditamos na palavra de Deus exposta pela boca do pastor, e não a obedecemos antes que as coisas aconteçam, quando vierem as provações, as tribulações, a vergonha, só nos resta o arrependimento, ficar tristes por causa da sua desobediência, voltar-nos para Deus, e experimentar novamente a alegria da salvação por causa da sua misericórdia que se renova a cada dia, nos momentos em que ele nos dispensa graça sobre graça.

Afinal, foi ele mesmo quem nos revelou o quanto nós somos fracos, que não somos suficientes para ser crentes fieis, que não somos suficientes para testemunhar a maravilhosa salvação que recebemos, o que deveria nos levar a corar de vergonha. Mas, pela sua graça, ele também nos revelou que a nossa suficiência vem dele mesmo, que assim como ele nos salva, ele nos conduz para que vivamos em santidade de vida, numa constante pregação do evangelho, para o louvor da sua glória. Amém.