Queridos, diariamente os noticiários nos informam a situação de convulsão social em que vivem as populações, especialmente dos países do Oriente Médio e Norte da África, onde ocorrem guerras e injustiças sociais, causando a morte de milhares de pessoas. Os governos debatem-se em busca de promover a paz, e não conseguem. Vemos reuniões e mais reuniões dos líderes dos países mais poderosos, e nada conseguem fazer para resolver a situação.
Diante de tanta barbárie, vemos os formadores de opinião, inclusive o Papa, talvez o mais respeitado entre todos os povos, conclamando aos governantes e ao povo em geral, para que todos se engajem num trabalho consciente e constante no sentido de construirmos a paz. Seguindo o apelo do Papa, vemos não apenas padres, mas também pastores achando que a paz depende de nós. Infelizmente, todos eles estão equivocados.
Na verdade, estas pessoas sequer conseguem enxergar a paz por uma perspectiva espiritual, e sim, como uma sensação de calma, bem-estar, ausência de guerra, como simples consequência de termos nossas carências supridas. Esta é a essência da Teologia da Libertação, que derivou para a Teologia da Prosperidade. A paz que o mundo busca é algo que pode ser produzido pelos homens, algo que se consegue com justiça social, ou com uma situação econômica confortável, capaz de suprir as nossas necessidades.
Estas pessoas que se esforçam para construir a paz, inclusive os religiosos, nem de longe imaginam que qualquer tipo de paz construída pelo homem é frágil e passageiro. Elas não sabem que a verdadeira paz que Cristo oferece é uma dádiva divina, e não pode ser produzida pelo homem, porque é milagre, graça de Deus.
Neste versículo que lemos, o apóstolo Paulo roga que o Senhor da paz, ele mesmo nos dê a paz. Vejam que diferença do que o mundo ensina e tenta fazer. Vamos aprender um pouco mais com esta palavra do apóstolo.
Em primeiro lugar, nós vemos que a paz do cristão é única, e não pode ser construída por ninguém, porque é a paz de Cristo. A nossa paz vem pessoalmente do nosso Senhor Jesus, como ele diz em João 14.27 – A minha paz vos dou. Portanto, Jesus é a nossa paz. Ele tem todo poder no céu e na terra, e por isso, nunca se abala. Ele é o Senhor da paz.
O Senhor da Paz não é como nós. Ele nunca é apanhado de surpresa, ele nunca perde a calma porque ele é soberano sobre a sua criação e está no comando de todas as coisas, de acordo com a sua própria vontade. Até a sua ira é controlada e mesclada com misericórdia, como bem sabia o profeta Habacuque. Lembram da sua oração? Senhor, na tua ira lembra-te da misericórdia – (Hc 3.2). A paz é um dos atributos do nosso Deus, e todos os seus atributos estão em perfeita harmonia. Ele é Senhor de todas as coisas, ele é o Senhor da paz, e é por isso que o apóstolo Paulo deseja que experimentemos a paz verdadeira, cuja fonte é o Senhor Jesus, e não uma paz passageira, fugaz, produzida pelos homens.
Em segundo lugar, este versículo reforça que a paz é um dom de Deus, é milagre de Deus. Diferente do que o mundo ensina, nós não temos poder para construir a paz. O apóstolo roga que o Senhor da paz, ele mesmo nos conceda a paz. Portanto, ele está se referindo a algo que vem de Deus, e não de outra fonte qualquer. A paz de Deus é uma dádiva soberana e graciosa, concedida a todos os que crêem no Senhor Jesus Cristo. Foi ele mesmo quem disse: Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como a dá o mundo (Jo 14.27). Portanto, não adianta buscar a paz do mundo, no mundo, e sim, conhecer, viver, disseminar, multiplicar a paz de Cristo através do nosso testemunho.
Precisamos lembrar, no entanto, que a paz de Deus é uma dádiva concedida apenas àqueles que estão em Cristo. Por isso, toda mobilização do mundo num esforço conjunto para construir a paz jamais terá êxito, porque como está escrito em Is 57.21 – Para os perversos, diz o meu Deus, não há paz. Para os que estão em Cristo, somente a estes, o Senhor da paz, ele mesmo concede a paz como uma dádiva graciosa aos seus santos.
Em terceiro lugar, também vemos neste versículo que a paz de Deus está sempre à nossa disposição, independentemente das circunstâncias. O apóstolo sabia que a paz de Deus é um atributo eterno, perene, mas a sua oração deixa claro que ele também sabia que somos fracos, e é por causa da nossa fraqueza que ele roga: O Senhor da paz, ele mesmo, vos dê continuamente a paz, em todas as circunstâncias.
O apóstolo sabia que essa paz pode ser interrompida circunstancialmente, e nós também devemos saber disso. As vicissitudes da vida sempre ameaçam nos tirar a paz, e é nesse sentido que o apóstolo roga que Deus nos dê continuamente a paz. Prestem atenção, irmãos! O conhecimento de Deus, pela sua Palavra, nos ensina que não é Deus quem interrompe a nossa paz de espírito, e sim nós mesmos. Quando damos lugar ao pecado, vem a ansiedade por causa da excessiva preocupação com coisas seculares, por exemplo, porque perdemos a paz com Deus; quando damos lugar ao pecado, vem o egoísmo, a arrogância, a intolerância, por exemplo, e perdemos a paz com o nosso próximo, porque perdemos a paz com Deus; quando damos lugar ao pecado, vem o medo das doenças e da morte, por exemplo, porque perdemos a paz de Deus.
Percebem, queridos? Perdemos a paz como dádiva de Deus porque deixamos de concentrar nossa atenção em Cristo, o Senhor da paz, e passamos a basear a nossa felicidade em nós e nas coisas passageiras deste mundo. Precisamos estar conscientes de que somos peregrinos neste mundo corrompido, e que certamente enfrentaremos muitas dificuldades. Precisamos estar conscientes de que Deus usa as dificuldades para nos aperfeiçoar, uma vez que sabemos, pela Palavra, que todas as coisas cooperam para o nosso bem, entendido este bem como a nossa salvação. Precisamos estar conscientes de que tudo que acontece conosco, de qualquer forma, seja bem ou mal, vem de Deus, e isso manterá a paz do Senhor em nossos corações, a paz que excede todo entendimento.
Quando o apóstolo roga que o Senhor da paz, ele mesmo nos dê continuamente a paz, em todas as circunstâncias, ele quer que saibamos que a paz de Deus não está sujeita a qualquer coisa na esfera da criação. Por isso não podemos construir a paz, porque a paz pertence ao Senhor, e não depende de qualquer circunstância terrena, ou humana. Quando conhecemos e vivemos esta paz, a nossa tarefa, é apenas testemunhar e multiplicar a paz de Cristo que habita em nós.
Por isso, irmãos, quando permanecemos calmos diante das tragédias que sobrevêm à toda criação de Deus, isto não quer dizer que sejamos insensíveis, até porque elas também nos atingem, muito menos que somos esquecidos por Deus, porque as tragédias também nos atingem. Antes, isto demonstra a nossa confiança no Senhor da criação, que também é o Senhor da nossa redenção, o Senhor da paz, e é ele mesmo quem nos dá continuamente a sua paz, em todas as circunstâncias, para que, multiplicando esta paz verdadeira, o seu nome seja glorificado em nós, e através de nós, pelo nosso testemunho, para louvor da sua glória. Bendito seja o nome do nosso Senhor, o Senhor da nossa paz. Amém.