Queridos, na mensagem do boletim nós falamos acerca da soberania de Deus, e agora vamos falar sobre a soberana e graciosa misericórdia de Deus para conosco.
Mas, por que Deus precisa usar de misericórdia para conosco? Por que todos nós caímos na miséria do pecado. Sabemos que todas as coisas acontecem de acordo com os propósitos de Deus, e também sabemos que nada escapa à sua soberania, nem mesmo aqueles que não são alvo da sua misericórdia.
Sabemos que Deus criou todas as coisas, inclusive anjos e homens, e que as duas classes caíram em pecado pelo mesmo motivo: desobediência, arrogância, presunção. Os primeiros, os anjos, rebelaram-se nos céus, e de lá foram expulsos da glória de Deus. Os segundos, os homens, rebelaram-se na terra, no jardim do Éden, e de lá também foram expulsos da glória de Deus. Certamente morrerás (Gn 2.16); Porque o salário do pecado é a morte (Rm 6.23). As duas classes morais criadas caíram da glória de Deus para a miséria do pecado.
Porém, chamamos atenção para algumas diferenças nas duas situações: a primeira é que não foram todos os anjos que se rebelaram; apenas uma parte. Já os homens, todos herdaram a natureza pecaminosa dos primeiros pais que pecaram. A segunda diferença é mais acentuada: aos anjos caídos não lhes foi dada oportunidade de arrependimento e salvação. Segundo o escritor aos Hebreus, Deus não socorre a anjos, mas socorre a descendência de Abraão (2.16).
Aos homens, portanto, na sua soberana e graciosa misericórdia, o Senhor Deus providenciou o plano eterno de redenção: Jesus Cristo, o Deus Filho fez-se homem para assumir a culpa pelos nossos pecados, para ser misericordioso e fiel sumo sacerdote nas coisas referentes a Deus e para fazer propiciação pelos pecados do povo (Hb. 2.17). A criação moral de Deus, anjos e homens caíram na miséria do pecado. Mas, em sua soberania, Deus destinou a sua graciosa misericórdia apenas aos homens. Como ensina Judas, Os anjos, os que não guardaram o seu estado original, […], ele tem guardado sob trevas, em algemas eternas para o juízo do grande dia (Jd 6). Que coisa terrível!
Ah! Irmãos, precisamos considerar estas coisas. Quantos pecadores ainda questionam a soberania de Deus porque salva apenas aqueles que ele mesmo escolheu. Vejam em que situação miserável o pecado deixou o homem. Na sua arrogância e presunção, é comum ouvirmos de pecadores a acusação de que Deus é injusto em salvar algumas pessoas e outras não. Porém, eu tenho certeza que ninguém jamais ouviu a acusação de que Deus é injusto por não salvar os anjos caídos, mesmo sabendo que eles são criaturas infinitamente superiores a nós. E por que Deus não os salva? Por que, na sua soberania, desde a eternidade, ele determinou que não socorreria a anjos. Lembram? Terei misericórdia de quem me aprouver ter misericórdia e compadecer-me-ei de quem me aprouver ter compaixão (Rm 9.15; Ex 33.19).
Sabemos que os anjos são seres infinitamente superiores aos homens. Talvez por isso eles sejam imperdoáveis diante de Deus. Como é bom saber que Deus destinou a nós, frágeis seres humanos, a sua soberana e graciosa misericórdia. Por isso, devemos adorá-lo e glorificá-lo, como manda o salmista: Rendei graças ao Senhor, porque ele é bom, porque a sua misericórdia dura para sempre (Sl 136.1).
Irmãos, nós precisamos considerar estas coisas! Lembrem-se que o Deus Filho, para vir nos salvar, atravessou as regiões celestes onde se encontram os anjos caídos, e não lhes deu a sua misericórdia. Chegou à terra, e ele mesmo afirmou que muitos são chamados, e poucos escolhidos (Mt 22.14); sabemos que a maioria dos homens vive chafurdando nos seus pecados, e morrerão assim, sem fazer o menor caso da salvação oferecida pelo Senhor Jesus, e nós não podemos nos conformar com esse estilo de vida.
É verdade que Deus é amor, mas nem por isso ele agraciou com o perdão os seus anjos rebeldes. Na sua soberania, Deus concede misericórdia a quem ele quer. De vez em quando eu lembro aos irmãos, como o Senhor Jesus foi bastante claro com os judeus, que se achavam os únicos merecedores da graça de Deus: Na verdade vos digo que muitas viúvas havia em Israel no tempo de Elias, quando o céu se fechou por três anos e seis meses, reinando grande fome em toda a terra; e a nenhuma delas foi Elias enviado, senão a uma viúva de Sarepta de Sidom. Havia também muitos leprosos em Israel nos dias do profeta Eliseu, e nenhum deles foi purificado, senão Naamã, o siro (Lc 4.25-27). Deus é soberano sobre a sua criação!
Irmãos, nós precisamos considerar estas coisas! Nós que recebemos a visitação do Senhor; nós que, pela sua misericórdia, nos é dado ouvir o evangelho da salvação pela graça; nós que podemos estar livremente em uma igreja, na comunhão dos irmãos para cultuar a Deus, quando sabemos que ele deixou para trás os seus próprios anjos caídos, não lhes concedendo a sua misericórdia, não podemos negligenciar a tão grande graça, não podemos negligenciar a tão grande amor, não podemos negligenciar a tão grande salvação, como adverte o escritor aos Hebreus (Hb 2.3).
Sabem por que Deus nos escolheu? Certamente não foi por qualquer mérito nosso. Eu creio que todos nós conhecemos várias pessoas muito melhores do que nós, e que não foram eleitas por Deus. Também não foi por causa de algum talento ou algum ministério que desenvolvemos. Eu creio que todos nós também conhecemos várias pessoas mais talentosas do que nós na Igreja, e que desenvolvem ministérios que, ao invés de aproximá-las mais de Deus, as afasta por causa do orgulho, da arrogância e da presunção que endurece os seus corações e as enche de vanglória.
Deus Pai nos escolheu porque, na sua soberania, teve misericórdia de nós e nos elegeu para sermos feitos seus filhos. Por isso devemos adorá-lo sobre todas as coisas. Devemos adorar a Deus Pai, porque, na sua soberania, teve misericórdia de nós, e, pelo seu Espírito nos despertou para esta verdade maravilhosa de que fomos eleitos desde antes da fundação dos tempos, para sermos feitos seus filhos, em Cristo Jesus. Devemos adorar a Jesus, nosso Senhor e Salvador, porque, na sua soberania, deixou para trás miríades de anjos, teve misericórdia de nós, e veio morrer por causa dos nossos pecados, e nos chamar das trevas para a sua maravilhosa luz (1Pe 2.9).
Queridos, hoje é mais um dia da visitação de Deus, em sua soberana e graciosa misericórdia. Eu sei que algumas pessoas estão cansadas de ouvir o que podem chamar de “a mesma ladainha”; pessoas sempre dispostas a achar que não precisam de tanta admoestação, mas eu lhes garanto que estão equivocadas. Que ninguém se estribe no seu próprio entendimento (Pv 3.5). Que ninguém seja sábio aos seus próprios olhos (Rm 12.16). Lembrem-se de que a misericórdia de Deus é graciosa, mas também é soberana, e é ele quem manda os pastores admoestarem incansavelmente (2Tm 4.2).
A soberana e graciosa misericórdia de Deus, que não socorre a anjos, continua sendo oferecida hoje a frágeis homens pecadores. Por isso, eu os exorto a que orem sem cessar, e peçam graça a Deus para que os ajude a demonstrar com as suas vidas, com as suas atitudes, que foram alcançados pela soberana e graciosa misericórdia de Deus; peçam graça para viver de acordo com a santa vocação para a qual fomos chamados, em detrimento dos próprios anjos, que não acharam graça diante de Deus.
Há! Irmãos, como ensina o salmista, não fosse a misericórdia de Deus, há muito teríamos sido consumidos (Sl 124.1-2). Isto é misericórdia, irmãos! Soberana e graciosa misericórdia de Deus em nos chamar para perto de si. Misericórdia, irmãos, soberana e graciosa misericórdia que Deus tem de quem lhe apraz ter misericórdia, os seus eleitos que ele chama, justifica e santifica para que vivam para o louvor da sua glória. Esta é a Palavra de Deus para a sua Igreja. Que ele mesmo a aplique aos nossos corações. Amém.