Queridos, à luz desses dois textos, nós vamos falar novamente sobre a maravilhosa justiça de Deus. Já escrevemos sobre esse assunto em um boletim passado. Como lembramos constantemente, normalmente, as pregações que ouvimos sempre nos falam do amor, da misericórdia, da compaixão de Deus, mas não falam da sua ira, da sua justiça e do seu juízo. Embora não seja dito desta maneira, fica claro que basta aceitar Jesus e continuar vivendo do mesmo jeito, já que nada é ensinado sobre arrependimento e sobre a justa retribuição de Deus, para que aprendamos a viver em santidade segundo a sua justiça.
No entanto, quando estudamos a Bíblia, logo descobrimos que Deus é santo, santo, santo, e nós, pecadores, imperfeitos, constantemente chamados à santidade. Mas, uma coisa é certa: nós não temos condições de ser santos como Deus exige que sejamos (Lv 11.44-45). Isso é óbvio! Mesmo assim, quando estudamos a Bíblia, podemos ver que Deus fica irado quando não o obedecemos, e que a sua ira se manifesta no seu juízo para o pronto estabelecimento da sua justiça. Segundo os versículos que lemos, cada um receberá a justa retribuição, segundo as suas ações, e isso foi escrito para crentes, para igrejas.
Então, neste caso, também é óbvio que questionemos: Como pode Deus ser justo se nos manda fazer algo impossível, e ainda se ira quando falhamos? Como pode Deus ser justo, se nos pune por algo que não temos condições de fazer, e ele sabe disso muito bem? De fato, estes nos parecem ser questionamentos razoáveis. Parecem, mas não são!
Quando nos aprofundamos mais no estudo da Bíblia, nós também descobrimos o que Deus, no seu infinito poder, pela sua maravilhosa graça e justiça, providenciou para aqueles que ele chama à santidade. Então nós aprendemos que o foco, na verdade, não está no que fazemos por nós mesmos, para agradar a Deus, e sim o que Deus já fez por nós, em Cristo Jesus. É isso que nos leva a entender e buscar a sua maravilhosa justiça. Aprendemos que é no seu poder que somos capacitados a lutar para ser santos como ele ordena que sejamos. É sempre bom lembrar que a Bíblia foi escrita para o povo de Deus.
Segundo as Escrituras, desde Adão, o primeiro homem, o representante de toda a raça humana, pecou e trouxe a maldição de Deus sobre toda a criação (Gn 3.17-18). Segundo as Escrituras, todos nós realmente somos miseráveis pecadores, afundados em nossos delitos e pecados, mortos para Deus (Ef 2.1). Desde Adão, toda a criação tem que enfrentar a morte. Portanto, para começo de conversa, Deus tem todo o direito de se irar, de nos julgar e nos punir, porque em Adão todos nós quebramos a lei que originalmente ele, Adão, como representante da raça humana, tinha condição de obedecer.
Logo, desde Adão, por causa da sua gênesi pecadora, todos nós também pecamos e merecemos a morte tal como ele mereceu. Porém, também podemos ver nas Escrituras que Deus não nos deixa nesta condição. Aqueles a quem ele escolheu, a estes também vivifica, dá-lhes um novo coração, um novo espírito, põe-lhes o seu temor e o seu Espírito para que andem segundo os seus estatutos e juízos (Jr 32.33-34; Ez 11.19-20).
Percebem a maravilhosa justiça de Deus? Quando Deus exige que façamos o impossível de ser santos como ele é santo, na verdade, ele é quem faz isso por nós, em nós e através de nós. É ele quem converte os nossos corações; é ele quem nos concede fé, arrependimento, e nos dá uma vida nova em Cristo Jesus. Em outros termos, conforme a promessa feita através de Jeremias e Ezequiel, é ele quem, ao nos dar um novo coração e um novo espírito, nos capacita pelo poder do seu Espírito a obedecer aos mandamentos que, de outro modo, realmente seríamos totalmente incapazes de obedecer.
Ou seja, as Escrituras nos ensinam que a nossa incapacidade é real, mas também nos ensinam que Deus, em seu infinito poder, por causa da sua maravilhosa justiça, em Cristo Jesus, nos declara justificados, elimina a nossa corrupção e nos torna dispostos a viver para ele, capacitados por ele mesmo para tal missão. Este é o lado bom, que os pregadores tanto gostam de pregar, como nós, pecadores, tanto gostamos de ouvir.
No entanto, nós precisamos saber que Deus é amor tanto quanto é justiça, e que a justiça de Deus e o seu amor exigem que o pecado, a rebelião e a idolatria não fiquem impunes. Porque somos pecadores, imperfeitos, mesmo os ditos crentes, muitas vezes não queremos aceitar o direito que Deus tem ao aplicar juízo sobre os pecadores, inclusive de formas e em medidas diferentes, conforme a sua maravilhosa justiça.
Quando nos aprofundamos no estudo das Escrituras, mesmo de forma puramente filosófica, podemos concluir que o nosso universo não faria sentido, e que a dor da injustiça seria ainda maior, se não tivéssemos um Deus amoroso e justo, plenamente capaz de reconhecer e separar o joio do trigo, e de punir a todos segundo a sua justiça perfeita. Ora, se Deus tratasse a todos da mesma maneira, se ele amasse a todos de igual modo, se ele não punisse os pecadores de formas e medidas diferentes, independentemente de ser salvos ou não, o que realmente significaria ser amado por Deus? Que diferença faria ser amado por ele ou não, se a medida da justiça de Deus fosse igual para todos?
Vocês percebem a importância conhecer plenamente o nosso Deus, e de saber que somos seus filhos amados, e que recebemos dele um tratamento diferenciado, segundo a sua maravilhosa justiça (Rm 2.5-6; Gl 6.7-8)? Isto foi escrito para crentes. Então devemos nos alegrar ao receber o juízo de Deus na medida da sua justiça, conforme as nossas obras, exatamente para que cresçamos em santidade no poder do Espírito Santo. Por isso, como ensina o apóstolo, precisamos aprender a amar a justiça de Deus, mesmo que ela nos sobrevenha em forma de juízo evidenciado nas tribulações.
Foi para estabelecer a sua justiça que Deus nos amou, nos chamou, nos justificou, nos adotou como filhos em Cristo Jesus, e agora, com a mesma justiça ele nos corrige, a fim de que busquemos cada vez mais andar em santidade, segundo a sua justiça.
Ah! Irmãos, como é bom conhecer o nosso Deus! Como é bom saber que temos um Deus realmente justo, aquele que tem total condição de fazer julgamentos morais perfeitos.
Por isso, é desejável que apreciemos não apenas o seu amor, a sua bondade, a sua misericórdia, a sua compaixão, mas também a sua maravilhosa justiça ao nos aplicar o seu juízo com amor, a fim de que não nos afastemos dos seus caminhos de justiça. Como hoje celebraremos a Santa Ceia, lembrem-se! Foi na cruz do Calvário que Jesus, o Deus Filho, nos justificou quando assumiu os nossos pecados e morreu em nosso lugar, exatamente para satisfazer a maravilhosa justiça de Deus.
Que Deus nos infunda cada dia mais o seu temor, para que busquemos cada dia mais o seu reino e a sua justiça, a fim de que vivamos para louvor da sua glória. Amém!