A pregação teórica e o testemunho prático – Rm 2.17-24

A adoração e a idolatria – Dt 4.32-40
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A importância da adoração comunitária – Sl 133
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Queridos, como todos sabemos, em nossos dias, parece que as doenças têm se alastrado de forma espantosa. Doenças que antes só se viam em idosos, hoje se manifestam em crianças e jovens indiscriminadamente. Quanto às doenças espirituais, estas sim, segundo a profecia do Senhor Jesus, nos últimos dias, claramente ganham terreno cada vez mais rapidamente no seio das famílias. Cada membro das famílias passa a se preocupar apenas com as suas necessidades individuais, com o seu notebook, com o seu smartphone, sem se importar com os outros. E como a Igreja é composta por famílias, não há como um pastor não sofrer com uma Igreja cheia de pessoas doentes.

Porém, há uma diferença entre as doenças físicas e as doenças espirituais. Estas últimas causam muito mais sofrimento. Sabem por quê? Porque, enquanto os doentes físicos lutam para melhorar, e apreciam as orações, a presença e o conforto espiritual do pastor e dos irmãos, os doentes espirituais, ao que parece, não estão nem um pouco interessados em sarar, muito menos na comunhão dos irmãos. Concentrados no seu ego, não são capazes de ver nem de ouvir a palavra de Deus confrontando o seu comportamento errado, porque acham que tudo está normal, mesmo diante de uma realidade claramente catastrófica em suas vidas, e que afeta a vida de seus familiares.

E o que é mais trágico ainda, é que estas pessoas terrivelmente enfermas, espiritualmente falando, se imaginam em prefeita comunhão com Deus, a ponto de declarar isso de forma equivocadamente segura. A minha esperança e a minha oração é que tais pessoas estejam realmente apenas enfermas, e não mortas pela apostasia, uma vez que, neste caso, conforme a palavra de Deus, não pode mais haver salvação.

Esta palavra dura, sempre dura, é a palavra de Deus. Portanto, se há alguém presente neste lugar, ou assistindo a esta mensagem pela internet, que pelo menos disconfie que pode estar enquadrado nesta situação, arrependa-se, e clame pela misericórdia de Deus sobre a sua vida, enquanto é tempo.

Prestem atenção, irmãos! O que vemos claramente nesse trecho lido é que pode haver uma grande diferença entre a pregação falada e o testemunho de vida. Por mais bonita, impressionante e até mesmo convincente que seja uma pregação, se ela não foi proferida por alguém que viva aquilo que prega, esta pregação é falsa e danosa, tanto para quem prega como para quem ouve.

Nós não podemos esquecer nem por um momento sequer, que fomos chamados à salvação para a obediência, para testemunhar ao mundo a maravilhosa salvação que recebemos pela graça, mediante a fé, e isso só se torna possível se vivenciarmos essa maravilha da salvação, de modo a ser percebido pelo mundo. A salvação não é para ficar fechada em nós mesmos, e sim, para testemunhar ao mundo.

Este foi um erro da Igreja Primitiva, que começou a se comportar como um clube fechado só dos cristãos, e foi dispersa pelo Espírito Santo, de modo a levar o evangelho da salvação para outros lugares por onde os irmãos passavam. Porém, já no início da Igreja, podemos ver aqueles que tinham um discurso, uma pregação diferente da prática, do seu testemunho de vida, como foi o caso de Ananias e Safira (At. 5), e do mago Simão (At 8).

Várias décadas depois, vemos Paulo discipulando e disciplinando os irmãos da Igreja de Roma, composta por judeus e gentios. Nesta carta vemos claramente que há blocos de ensinamentos destinados aos judeus, e outros, destinados aos gentios daquela igreja. Este bloco que lemos é destinado aos judeus, aqueles que receberam a lei, que tinham conhecimento do pacto de Deus com os seus pais Abraão, Isaque e Jacó, e que, por isso, deveriam ser mestres para os novos convertidos ao cristianismo (vv.17-21a).

Observem que, até aqui, parece que aqueles irmãos aos quais Paulo se dirige, deveriam ser crentes espiritualmente maduros, já que eram conhecedores da palavra de Deus, aptos para ensinar aos outros, e, ao que tudo indica, eram mestres na Igreja. Porém, mesmo sabedores da lei, mesmo sendo mestres na Igreja, o seu testemunho de vida não estava de acordo com o que eles ensinavam (vv.21b-23).

Meus irmãos, que coisa terrível! Mas, esperem aí! Será que essa realidade é só daqueles irmãos judeus cristãos de Roma? Como anda a Igreja em nossos dias? Por acaso a maioria dos supostos crentes não imagina que só é salvo quem pertence à sua denominação? Quantos pastores e mestres ensinam a igrejas lotadas, são seguidos por multidões, mas, seja pelo testemunho de irmãos que os conhecem de perto, seja através dos noticiários de televisão, sabemos de escândalos escabrosos envolvendo líderes de diversas denominações ditas evangélicas?

Como anda a nossa igrejinha? Por acaso os supostos crentes, principalmente os santarrões, não cometem os mesmos pecados que condenam nos outros, especialmente quando negligenciam o amor aos seus cônjuges e o ensino aos seus filhos, negando-lhes um exemplo de vida santa? Quantos estão prontos a assumir o papel de mestres, a dizer o que os outros devem fazer ou não fazer, mas nada fazem para dar o exemplo de santidade de vida?

Pois é, irmãos! O resultado de uma pregação diferente do testemunho é que, assim como na realidade daqueles irmãos Romanos, nas igrejas dos nossos dias, o nome do Senhor é blasfemado entre os gentios por vossa causa (v.24). Que coisa terrível! Mulheres dando mau testemunho dos seus maridos, tanto omissos quanto grosseiros, mas ditos crentes; maridos dando mau testemunho de suas mulheres insubmissas, mas ditas crentes; filhos dando mau testemunho de seus pais perversos, mas ditos crentes; pais dando mau testemunho de seus filhos desobedientes, mas ditos crentes; famílias inteiras dando mau testemunho para os seus vizinhos, que se perguntam perplexos: mas, esse povo não é crente? Como podemos constatar, não só entre aqueles Romanos, o nome do Senhor é blasfemado entre os gentios por vossa causa.

E então, está tudo perdido, irmãos? Não, é claro que não! Mas, precisa haver arrependimento! Nesta mesma carta, Paulo ensina que fomos salvos para ser transformados segundo a semelhança de Cristo (8.29), e que devemos transformar-nos pela renovação da nossa mente, para que experimentemos a boa, agradável e perfeita vontade de Deus (12.2). Obviamente, como eu insisto em lembrar, para que saibamos qual é a vontade de Deus, nós precisamos estudá-la conforme ele mesmo, pela sua graça, nos revelou nas Escrituras Sagradas.

Prestem atenção, irmãos! Como eu lhes tenho dito, a Igreja não tem uma missão; ela é a missão de Deus na consecução do seu plano eterno de salvar todos os seus eleitos. Acontece que, como vemos nos ensinamentos do Senhor Jesus e dos seus apóstolos, essa missão não se resume ao que muitos imaginam ser a pregação do evangelho, como algo apenas proclamado com palavras. Sem nenhuma dúvida, o mundo não precisa apenas ser informado acerca da salvação em Cristo Jesus; de forma cumulativa à pregação falada, o mundo também precisa ver como vivem os salvos por Cristo Jesus (Jo 17.20-21).

Percebem, irmãos? Diferentemente do que se ouve nas mensagens das igrejas, o evangelho não é apenas uma informação visando à agregação de multidões de prosélitos. De forma totalmente diferente, como Paulo também ensina nesta mesma carta, o evangelho é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego (Rm 1.16). Salvação, irmãos! Estamos falando de salvação e da vida de santidade natural que se espera de pessoas salvas, a fim de que preguem o evengelho da salvação com o seu testemunho de vida, e não apenas com palavras ocas, sem sentido prático.

Portanto, peçamos graça ao Senhor para que nos dê força e perseverança no estudo da sua palavra, e mais graça para que a nossa vida seja uma proclamação viva da maravilhosa salvação em Cristo Jesus, para louvor da sua glória. Amém.