Queridos, eu creio que todos nós temos plena consciência de que vivemos uma crise de autoridade em todos os níveis sociais. Também creio que, como crentes, não devemos ter nenhuma dúvida de que esse problema começa na família, a célula-mãe da sociedade conforme Deus a criou.
Pois bem, diante dessa realidade, se conhecemos a raiz do problema, e se como crentes, pela graça de Deus, temos não apenas a revelação do problema, mas também o ensinamento para resolvê-lo, porque não o resolvemos a partir das nossas casas? Essa é uma questão a ser levantada, e que carece de reflexão urgente, responsável e honesta.
Podemos começar confessando que, se o problema começa na família, e sabemos que isso é verdade, a raiz do problema está na desobediência dos pais no tocante ao ensino dos seus filhos, o que pode decorrer da falta de conhecimento do seu papel como responsáveis pelo ensino pactual no âmbito da família, ou o que é pior, pela falta de conhecimento acerca do que ensinar, com relação a Deus e ao seu pacto de amor eterno.
Será que todos os irmãos sabem o que ensinar aos seus filhos? Por onde começar? Que tal começar pelo princípio? Desde a mais tenra idade, nossos filhos precisam ser ensinados que eles são filhos de Deus, que fazem parte do pacto eterno de Deus, a Trindade Santíssima, e que ele nos incluiu nesse pacto desde a criação, através de Adão, especificou com Noé, detalhou o pacto com Abraão, Isaque e Jacó, até chegar a Jesus, o mediador do pacto, o único capaz de realizar e consumar os desígnios do pacto eterno.
Nós precisamos ensinar aos nossos filhos que Deus nos criou para a sua glória. Foi por isso que ele nos fez à sua imagem e semelhança, exatamente para que fôssemos capazes não apenas de refletir, como as outras criaturas, mas, principalmente, de expressar, proclamar a sua glória na criação. Assim, o homem foi criado e incluído no pacto de Deus, exclusivamente pela sua graça, com a finalidade de glorificá-lo. Portanto, precisamos perceber que, assim como a criação tem a ver com a glória de Deus, o pacto tem a ver com o seu amor e com a sua graça para com o homem criado à sua imagem e semelhança, capaz de proclamar a glória de Deus.
Precisamos ensinar aos nossos filhos, desde a mais tenra idade, que os nossos primeiros pais, Adão e Eva, os primeiros incluídos no pacto, desonraram a Deus, o Criador, no momento em que o desobedeceram, e caíram na mais terrível desgraça, que é o afastamento de Deus, levando com eles, pela hereditariedade, toda a sua descendência.
É por isso que também somos desobedientes e sofremos as consequências da desobediência. E agora, tudo está perdido? Não, não está. O pacto eterno de Deus, por ser eterno, já contempla toda essa situação, desde a criação, passando pela queda, operando a redenção, até a consumação. Portanto, a desgraça em que o homem caiu por causa da sua desobediência, ao invés de ser o fim, abriu as portas para a história da redenção.
Lembram do que foi dito lá atrás? O pacto eterno de Deus já contemplava Adão, Noé, Abraão, Isaque e Jacó, até chegar a Jesus, o mediador do pacto, o único capaz de realizar os desígnios do pacto eterno. O Filho estava presente quando o pacto foi elaborado na eternidade. O Filho, que no princípio era o verbo, estava presente na criação. O Filho, que se fez homem na pessoa de Jesus, está presente no plano da redenção desde a cruz do Calvário até o dia do juízo final, quando virá julgar os vivos e os mortos.
Nós precisamos ensinar estas coisas aos nossos filhos, desde a mais tenra idade. E como é que nós lhes ensinamos estas coisas? Obviamente, nós precisamos conhecê-las não apenas de forma intelectual, mas de forma vivencial. Ninguém dá o que não tem. Não é possível ensinar os nossos filhos a serem crentes, se não vivemos como crentes.
Lembram que iniciamos falando sobre a crise de autoridade em que a sociedade está imersa, e que essa crise tem origem na família? Também falamos que, se somos crentes verdadeiros discernimos estas coisas, porque sabemos como essa maldição começou lá em Adão, e sabemos qual a solução formulada no pacto eterno de Deus: Jesus Cristo, nosso Senhor e Salvador, aquele que levou sobre si a maldição dos nossos pecados, cravando-os na cruz do Calvário.
Nós ensinamos estas coisas aos nossos filhos? Como é que nós lhes ensinamos? Simplesmente trazendo-os à Igreja todos os domingos, como se a Igreja fosse um clube sócio-religioso? E o nosso dia-a-dia, em nossas casas, como é que vivemos? Como os filhos estão sendo treinados na prática, ao presenciar o nosso comportamento em casa?
Nestes versículos que lemos, temos o ensinamento pactual do Senhor Jesus para a família, transmitido pelo seu apóstolo Paulo. Como já falamos, a maldição decorrente e geradora da desobediência vem lá de Adão e Eva, a primeira família. Portanto, o ensino pactual de Paulo é pertinente e útil para as famílias crentes de todas as épocas. Observem que o apóstolo começa chamando todos os membros da família à obediência, à submissão mútua, tomando por base a submissão ao Senhor Jesus (v.21). Afinal, ele é o mediador do pacto, e não há nada que possamos fazer sem a sua mediação, sem o seu poder.
Irmãos, na época em que Paulo escreveu esta carta, as mulheres eram totalmente subjugadas pelos homens, conforme a cultura vigente, mas o apóstolo ensina que elas realmente devem submissão aos seus maridos, ou seja, devem ser suas auxiliadoras, não por exigência cultural, mas por causa de Cristo, por temor a ele, porque assim foi determinado desde o princípio. Observem que Paulo cita Gênesis (v.31).
Desde a criação, o Senhor Deus colocou o homem como cabeça da mulher, como responsável pela sua segurança, pelo seu bem-estar, e o papel da mulher é auxiliá-lo nesse ministério, refletindo a relação de Cristo com a sua Igreja (vv.22-24). Será que os irmãos, esposas e maridos percebem a grandeza dessa relação tão sublime, e pela prática transmitem isso aos seus filhos? As mulheres devem submeter-se aos seus maridos em resposta ao seu amor, assim como a Igreja se submete a Jesus em resposta ao seu amor, da mesma forma que os maridos devem amar as suas esposas, devem cuidar delas, protegê-las de todo o mal, e cuidar do seu bem-estar, assim como Jesus faz com a sua Igreja.
Será que os casais sabem destas coisas e vivenciam estas coisas, a ponto de ter autoridade e credibilidade para, na prática, ensiná-las aos seus filhos? Será que, como casais, passamos para os nossos filhos a idéia de que realmente somos uma só carne, como Deus determinou lá no princípio, e que agora, como família, membros da Igreja do Senhor Jesus, também somos um só corpo com ele? Temos condição de explicar esse grande mistério aos nossos filhos, para que eles saibam qual a relação entre família e Igreja (vv.31-33)?
Irmãos queridos, este ensino é tão claro como impossível de pô-lo em prática, se não estivermos firmados em Cristo, submissos a Cristo. Como ele mesmo disse aos seus discípulos, sem mim, nada podeis fazer (Jo 15.5). Por isso, nós precisamos conhecer o nosso Senhor; precisamos conhecer o seu pacto eterno da redenção, do qual somos objeto e agentes; precisamos conhecer a doutrina sobre a família pactual e vivenciá-la, enquanto a ensinamos aos nossos filhos.
Nos versículos 6.1-3, podemos observar que a continuação do ensino apostólico no tocante aos filhos serem obedientes aos pais, e estes ensinarem os filhos na disciplina e admoestação do Senhor (6.4), é apenas consequência natural de os pais já terem absorvido o ensino às esposas e maridos, vivendo em submissão uns aos outros, como a Cristo.
Agora, prestem atenção, irmãos! É possível que alguns pais, exatamente por saber que não cumprem o seu papel de forma adequada, sintam-se desconfortáveis com esta palavra de admoestação diante dos seus filhos. Alguns até já me falaram sobre isso, alegando que os filhos podem sentir-se isentos de culpa nesse processo de desobediência familiar.
Porém, devemos observar que a carta foi escrita para uma igreja, e como o apóstolo se dirige tanto aos pais como aos filhos, certamente os filhos deviam estar presentes no ato da leitura da carta, exatamente a fim de aprender sobre a necessidade de obedecer aos seus pais, porque isso é justo. A obediência aos pais, inclusive, é garantia de sucesso nas suas vidas (6.1-2).
Acontece que a obediência dos filhos também é filha da obediência dos pais. A submissão dos filhos aos pais também é filha da submissão dos pais um ao outro, no temor do Senhor. É por isso que esta palavra tem que ser dada à família pactual, pais e filhos, de forma conjunta, para que cada um saiba da sua responsabilidade, especialmente os pais, uma vez que são responsáveis pelo ensino aos filhos.
Quando os pais incluem os seus filhos no pacto, cujo sinal é o batismo, eles estão assumindo publicamente, diante da Igreja, que é o corpo de Cristo, que ensinarão os seus filhos na disciplina e na admoestação do Senhor (6.4).
Irmãos queridos, pais e mães aqui presentes, e que me assistem pela internet. Conforme eu lhes tenho dito, não há nenhuma responsabilidade que Deus nos tenha dado, maior do que o ensino aos nossos filhos. Acontece que para ensiná-los, nós precisamos saber, e mais do que isso, precisamos viver o que ensinamos, para que eles, através de um processo contínuo de treinamento teórico-prático em família, como o Senhor Jesus ensinou aos seus discípulos, possam reproduzir o que lhes for ensinado, para as gerações futuras.
Pensem nisso, e peçam graça a Deus para que lhes seja concedido o dom do arrependimento a cada dia, e a força necessária para pôr em prática os ensinamentos da sua palavra a cada dia, a fim de que as nossas famílias sejam abençoadas e abençoadoras a cada dia, conforme os desígnios do pacto eterno de Deus, para louvor da sua glória. Amém.