Salvação, obediência, santidade e glória – Jo 14.21

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Queridos, é tão comum quanto triste conversar e aconselhar pessoas com uma grande necessidade de ouvir palavras adocicadas, psicologizadas, mensagens de autoajuda, algo que levante a sua autoestima. Digo que é triste porque o verdadeiro crente sabe muito bem que é amado de Deus, que foi salvo por Cristo Jesus, que é habitação do Espírito Santo, e isso é suficiente para manter a sua autoestima elevada.

Por isso, especialmente em nosso país culturalmente corrupto, o que o crente realmente necessita é de discipulado, é de ensinamento sobre santidade, sobre obediência, a fim de andar de modo digno da vocação a que foi chamado, e não de mensagens de autoajuda, como se vê em nossa cultura hedonista e individualista.

Como temos ensinado insistentemente, a salvação que recebemos de Deus, em Cristo Jesus, deve ser caracterizada por uma vida de obediência, de santidade, e este versículo que lemos nos mostra que guardar os mandamentos de Cristo é a prova do nosso amor por ele, amor que, como sabemos, é fruto do seu amor por nós, porque ele nos amou primeiro (1Jo 4.19).

Portanto, ao ouvir esta mensagem do Senhor, cada irmão, de acordo com o seu conhecimento bíblico, de acordo com a revelação que lhe foi dada, terá condições de fazer uma autoanálise sobre o seu amor por Cristo, em função de como anda a sua obediência aos mandamentos do Senhor. Esta é a medida do seu amor por Cristo. Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, este é o que me ama.

Por que eu digo que isso só pode ser feito de acordo com a revelação que recebemos? Porque nós precisamos ter consciência de que, para obedecer ao Senhor com prazer, com alegria, de todo o coração, nós precisamos conhecê-lo, nós precisamos compreender a extensão do seu amor por nós, até o limite da nossa capacidade de compreensão das coisas divinas, conforme nos são reveladas na Bíblia.

E conhecer a Bíblia não é simplesmente memorizar alguns versículos e até citá-los como se houvesse algum poder místico neles. É comum ouvir irmãos citando frases típicas do evangeliquês, tais como “ô glória”, “o sangue de Cristo tem poder”, ou mesmo algum versículo bíblico, como se essas coisas tivessem poder em si mesmas.

É claro que é bom memorizar versículos bíblicos. Como diz o salmista, guardo no coração as tuas palavras, para não pecar contra ti (119:11). Sim, mas quais são as palavras que guardamos no coração? Estas deste versículo, e até de outros, sozinhas ou isoladas, não produzem nenhum efeito. Precisamos, efetivamente, conhecer a Palavra do Senhor, os Preceitos do Senhor, os Mandamentos do Senhor, tê-los realmente na memória para não pecar contra ele, e isso implica praticá-los em obediência à Palavra.

Conhecer alguns versículos bíblicos e recitá-los como se fossem amuletos de proteção não passa de superstição. Memorização e citação de versículos isolados é inútil, se for desacompanhada de ações que comprovem a obediência ao Senhor. Obviamente, não estamos ensinando aqui que a obediência ao Senhor, e que as boas ações decorrentes dessa obediência salvam alguém. Não é este o ensino bíblico.

Na verdade, segundo a revelação de Deus na sua Palavra, a obediência e as boas obras, ou as obras de justiça, são evidência da redenção, da salvação que já recebemos (Ef 2:10). As boas obras são o fruto de uma vida de obediência, de santidade pela qual devemos lutar como prova de que realmente amamos a Cristo. Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, este é o que me ama.

Eu insisto nisso, irmãos! Nós não dizemos que somos salvos em Cristo? Nós não professamos amar a Cristo? Então, o que se espera de nós, é que demonstremos a nossa salvação, guardando os seus mandamentos.

Observem a sequência do versículo, e vejam que coisa maravilhosa. Aqui nós temos uma afirmação e duas promessas vinculadas: (21a; 21b; 21c). Ou seja, todo aquele que estiver enquadrado na afirmação é alvo natural das duas promessas. O amor a Cristo, evidenciado pela obediência aos seus mandamentos, traz como consequência natural o amor do Pai e do Filho, e a promessa da manifestação de Cristo ao salvo.

Esta é a vida em abundância prometida por Cristo, vida que se auto alimenta até a eternidade com Cristo. Quanto mais entendemos o amor de Deus que nos é revelado em sua Palavra, mais o obedecemos; e quanto mais o obedecemos, mais somos amados pelo Pai e pelo Filho, e o Filho se manifesta a nós, em nós, e através de nós, a fim de que outras pessoas sejam alcançadas pelo evangelho que respiramos e transpiramos cada vez mais, a partir da conversão.

O v.23, adiante, nos dá a revelação do que vem a ser a promessa do Filho se manifestar a nós, em nós, e através de nós: Se alguém me ama, guardará a minha palavra; e meu Pai o amará, e viremos para ele e faremos nele morada. Por isso eu insisto em dizer que o verdadeiro crente não precisa de palavras adocicadas, psicologizadas, mensagens de autoajuda. Segundo o evangelho que nos foi revelado, Cristo é suficiente, e ele fez morada em nós, e agora nós respiramos a transpiramos este evangelho, para a salvação dos eleitos de Deus, para louvor da sua glória.

É isso que Paulo quer dizer em 2Co 2.14-15, quando afirma que Deus, por meio de nós, manifesta em todo lugar a fragrância do seu conhecimento. Porque nós somos para com Deus o bom perfume de Cristo. Vejam que esses versículos explicam um pouco do que seja essa manifestação de Cristo a nós, em nós, e através de nós. Quanto mais cheios do conhecimento de Deus, mais nós manifestamos em todo lugar a sua presença em nós, através das boas obras praticadas em obediência à sua Palavra.

Este é o processo de santificação que funciona como um círculo virtuoso. Quanto mais conhecimento, mais intimidade; quanto mais intimidade, mais obediência; quanto mais obediência, mais santidade; quanto mais santidade, mais amor a Deus e ao próximo. O salmista sabia disso ao afirmar que a intimidade do Senhor é para os que o temem, aos quais ele dará a conhecer a sua aliança (Sl 25:14).

E os que temem ao Senhor são exatamente aqueles que o conhecem, aqueles que guardam os seus mandamentos, aqueles que amam a Cristo, e que são amados do Pai, e por isso Cristo se manifesta a eles, e eles manifestam o amor e a glória de Cristo em suas vidas. É simples assim, irmãos! Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama; e aquele que me ama, será amado por meu Pai, e eu também o amarei e me manifestarei a ele.

Assim deve viver todo aquele que foi salvo para a obediência, para a santidade, para a glória do Pai. Que Deus nos abençoe e nos conceda vontade de conhecê-lo cada vez mais, a fim de que vivamos de acordo com a vocação para qual fomos chamados, pela clara manifestação de Cristo a nós, em nós, e através de nós, para louvor da sua glória Amém.