Queridos, quando estudamos diligentemente a palavra de Deus, a História de Israel, a História da Igreja, e consideramos a nossa própria experiência, não temos nenhuma dúvida que, em toda a história do povo de Deus, poucas pessoas conhecem e consideram a onipotência de Deus. Além disso, o pouco ou quase nenhum conhecimento acerca da onipotência de Deus é sempre canalizado a favor do suposto crente, tenha ele ou não o temor do Deus onipotente. Isso é terrível!
Por que isso é terrível? Por que o mesmo poder do Deus onipotente que é direcionado a favor dos seus eleitos, também é direcionado, na mesma medida, contra os ímpios. Por isso, o escritor aos Hebreus diz que horrível coisa é cair nas mãos do Deus vivo (Hb 10.30). E olhem que ele diz isso aos membros de uma igreja.
Irmãos, precisamos saber e lembrar sempre que o poder de Deus sobre o bem é o mesmo poder de Deus sobre o mal. Como ele disse a Moisés, Eu sou, Eu somente, e mais nenhum Deus além de mim; eu mato e eu faço viver; eu firo e eu saro; e não há quem possa livrar alguém da minha mão (Dt 32.29). Jó sabia disso: temos recebido o bem de Deus, e não receberíamos também o mal? (Jó 2.10).
Os profetas foram ordenados por Deus a informar ao seu povo eleito: Eu formo a luz e crio as trevas; faço a paz e crio o mal; eu, o Senhor faço todas estas cousas (Is 45.7). Acaso não procede do Altíssimo assim o mal como o bem? (Lm 3.38). Sucederá algum mal à cidade sem que o Senhor o tenha feito? (Am 3.6).
Irmãos queridos, a primeira coisa que vem à mente de um convertido, juntamente com a tristeza pelos seus pecados e com a alegria da salvação da morte e do inferno, é o temor de Deus: Quem és tu, Senhor? (At 9.5). Até mesmo o arrogante fariseu Paulo reconheceu que estava diante do Senhor da vida e da morte, do céu e do inferno.
Quando Deus se revela a nós pelo convencimento do Espírito Santo, sabemos que o Deus onipotente que nos deu o sopro de vida, pode retirá-lo quando quiser, bem como pode preservá-lo, mesmo diante das potestades que nos sejam contrárias. Sabemos que o Deus que nos criou, e recriou em Cristo Jesus para a sua glória, pode nos levar deste mundo quando e como quiser, e esse temor ao Deus onipotente, fruto do seu amor que se revelou a nós, eliminará todos os outros temores (1Jo 4.18).
No texto que lemos, vemos Deus perguntando a Israel, o seu povo eleito, se eles realmente conhecem o seu poder. É claro que Deus sabe que eles não tinham ou não consideravam esse conhecimento, especialmente quando o poder de Deus se virava contra eles por causa da sua rebeldia, como sempre aconteceu ao longo da História.
Por causa do terrível mal que sobreveio ao povo, eles estavam desapontados, desanimados. Exatamente por não conhecer o Deus onipotente, como a maioria dos ditos crentes de hoje, Israel imaginava que o poder de Deus era apenas a seu favor. Agora, diante da desolação, imaginavam-se abandonados por Deus, longe de considerar que foi o poder de Deus que agiu contra eles, como pregavam os profetas.
Por isso, Deus lhes pergunta se realmente eles o conheciam, discorrendo sobre algumas manifestações claras da sua onipotência e sabedoria (vv.12-14). Assim como Deus fez com Jó, agora pergunta ao povo de Israel: Vocês me conhecem mesmo? Olhem as nações! Essas mesmas nações poderosas que subjugam as outras, que estão sobre vocês: Egito, Assíria, Babilônia, não tão poderosas? Pois diante de mim elas não são nada, um grão de areia, um vácuo (vv.15-18).
Será que vocês estão me considerando como um ídolo feito por mãos de um ourives, ou de um artífice, que não tem nenhum poder? (vv.19-20). Olhem para o mundo! Contemplem o céu, a terra e todas as coisas criadas; considerem todos os habitantes da terra; considerem os reis e príncipes sobre o povo, e seu poder temporal capaz de determinar as condições de vida de muitas nações. Eles não são tão poderosos? Pois basta um sopro meu e todo esse poder termina (vv.21-24). Será que vocês estão me comparando com os poderosos deste mundo? (v.25).
Agora olhem para o céu estrelado! Será que vocês podem contar as estrelas? Hoje sabemos que há trilhões delas. Pois bem, Deus diz que as conhece todas pelos nomes, e, em chamando, nenhuma delas vem a faltar (v.26). Irmãos, se temos algum conhecimento da onipotência de Deus, será que, como Israel, tal conhecimento não é apenas superficial, rasteiro, incapaz de nos infundir temor, e, ao mesmo tempo, segurança por fazer parte do povo eleito desse Deus onipotente? (v.27).
Que tipo de problema estamos vivendo, e reclamando que Deus não os resolve para nós? Problema de saúde? Problemas conjugais? Problema na criação de filhos desobedientes? Problema nos estudos? Problema no emprego? Problema nos relacionamentos interpessoais? Pois o Senhor está dizendo que todos eles, assim como os problemas vividos por Israel, todos eles vêm de Deus, e estão sob o seu poder. É Deus mesmo quem nos manda os problemas à medida que não o tememos, e nos afastamos do seu caminho, e também controla os poderes que são colocados contra nós, assim como fez com Israel, para que saibamos que ele é onipotente, cuida de nós, e nos traz de volta.
Vv.28.31 – Será que o nosso conhecimento de Deus é tão superficial que se esvai facilmente, e passamos a duvidar do seu poder? Ou será que o Deus que adotamos na nossa suposta conversão é um Deus que só tem poder para o nosso bem, e nada tem a ver com o mal que nos sobrevém? Será que não estamos medindo Deus com as nossas medidas e valores corrompidos, tão parciais que nos levam a desanimar, a ficar desalentados, fatigados, cansados diante das dificuldades?
Ouçamos Deus! Não sabes, não ouviste que o eterno Deus, o Senhor, o Criador dos fins da terra, não se cansa nem se fatiga? Nós cansamos, porque não podemos carregar o pesado fardo do pecado, por causa da desobediência, da falta de confiança na onipotência de Deus, assim como Israel se encontrava. Pois bem, a solução continua a mesma: arrependimento, obediência, retorno aos caminhos de Deus, confiando no seu poder. Ele prometeu que levará o se povo para a glória, e levará.
Mesmo neste mundo corrompido, diante das dificuldades e dos problemas mandados e controlados por Deus para nos disciplinar, é ele quem faz forte ao cansado, e multiplica as forças ao que não tem nenhum vigor. Assim é o nosso Deus onipotente! Ele não se cansa, não perde o vigor, ele não é como um de nós. Até mesmo os jovens se cansam e se fatigam, e os moços de exaustos caem, mas os que esperam no Senhor renovam as suas forças, sobem com asas como águias, correm e não se cansam, caminham e não se fatigam.
Atenção, irmãos! Quem são estes que têm suas forças renovadas por Deus? Os que esperam no Senhor! Portanto, não sejamos como a grande maioria do povo de Israel, que não esperou no Senhor, ou mesmo esperou errado, sem considerar que Deus é Senhor do bem e do mal, e que usa tanto um como outro para trazer o seu povo à obediência. Os que esperam no Senhor sabem disso, e por isso esperam no Senhor.
Que Deus nos conceda graça de crescer no seu conhecimento, no conhecimento dos seus atributos, como a sua onipotência, na medida em que ele mesmo se revela a nós pelo estudo diligente da sua palavra, a fim de que o temamos e tenhamos absoluta segurança na sua proteção, até que cheguemos ao grande dia em que nos encontraremos com o nosso Senhor. Amém.