O eterno amor de Deus e suas consequências – Ef 1.3-5

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Queridos, todo o trecho de Efésios 1.3-14 apresenta a doutrina da eleição, da predestinação. Esse trecho trata da salvação dos eleitos de Deus, e de como a Trindade Santíssima, Pai, Filho e Espírito Santo estão envolvidos na maravilhosa obra da salvação. Cada um com o seu papel na economia da salvação eterna, a Trindade a realiza para louvor da sua própria glória (vv.6,12,14). Já pregamos outras vezes sobre esse assunto.

Nestes três versículos que lemos hoje, porém, queremos salientar o eterno amor de Deus pelos seus eleitos, aqueles que ele escolheu desde antes da fundação do mundo, e as consequências dessa escolha. Também já tratamos sobre a eternidade de Deus, atributo que não podemos alcançar com a nossa razão limitada. Daí a impossibilidade de compreender racionalmente o eterno amor de Deus na sua totalidade.

Porém, não é difícil concluir que, se Deus é eterno, o seu amor também é eterno. Logo, também podemos concluir que o eterno amor de Deus por nós está centrado nele mesmo, e não em nós, seres limitados no tempo e no espaço, ou em qualquer coisa que possamos fazer nesta dimensão secular para merecer o seu amor. Como Deus disse a Moisés, terei misericórdia de quem me aprouver ter misericórdia, e compadecer-me-ei de quem me aprouver ter compaixão (Êx 33.19; Rm 9.15). Esta é a base sobre a qual o apóstolo constrói a doutrina do eterno amor eletivo de Deus, amor que não depende de quem quer, ou de quem corre, mas de usar Deus a sua misericórdia (Rm 9.16).

Claro está que todos estes versículos tratam da salvação, e não de bênçãos materiais, como lemos logo no primeiro versículo: Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos tem abençoado com toda sorte de bênção espiritual nas regiões celestiais em Cristo (v.3). Este é um aspecto que não podemos perder de vista. Aliás, este deve ser o primeiro ponto de vista da salvação. Todo amor que o Pai nos dedica, todas as bênçãos vindas do céu nos são doadas desde a eternidade em Cristo Jesus, e chegam a nós pela mediação de Cristo Jesus, no poder do Espírito Santo.

Afinal, em Cristo fomos eleitos, e este é o ponto de partida da benção espiritual nas regiões celestiais, com base no eterno amor de Deus que nos escolheu nele [em Cristo] antes da fundação do mundo (v.4). Percebem, irmãos? O eterno amor de Deus por nós está fundamentado nele mesmo, no amor ao Filho, nosso Senhor Jesus Cristo. Por isso, o seu eterno amor é incondicional, não dependendo de qualquer coisa que possamos fazer para merecê-lo, nem mesmo de uma fiel retribuição desse amor.

Porém, conquanto incondicional, o eterno amor de Deus por nós não é inconsequente. Conforme lemos, antes da fundação do mundo Deus nos escolheu para sermos santos e irrepreensíveis perante ele (v.4). Prestem atenção, irmãos! Aqui nós podemos contestar a heresia arminiana que diz que Deus nos escolheu porque previu que seríamos santos. Não é isso que está dito pelo apóstolo Paulo. Como lemos, desde antes da fundação do mundo, Deus nos escolheu, pecadores indignos, claramente para sermos santos e irrepreensíveis perante ele. Ele nos escolheu para, e não porque.

Ou seja, não são as nossas decisões e atitudes futuras ou presentes em direção a Deus que favorecem o seu eterno amor por nós. Antes, como o amor de Deus é eterno, é a sua escolha eterna que direciona as nossas decisões e atitudes, uma vez que ele nos escolheu para sermos santos e irrepreensíveis perante ele. Não há qualquer mérito em nós. Com amor eterno ele nos escolheu, e com amor eterno ele nos conduzirá de modo que sejamos santos e irrepreensíveis perante ele, para louvor da sua glória (vv.6,12,14).

Segundo o ensino do apóstolo, foi com base nesse amor eterno que Deus nos predestinou para ele, para a adoção de filhos, por meio de Cristo Jesus (v.5). Irmãos, vejam que coisa maravilhosa! Vamos repetir, para que possamos acompanhar o raciocínio do apóstolo, e sedimentar esse conceito em nossas mentes e corações: Como Deus é eterno, o seu amor também é eterno. Então, com base nesse amor, desde a eternidade Deus nos escolheu para sermos santos, e nos predestinou para ele, para a adoção de filhos, por meio de Cristo Jesus, segundo o beneplácito da sua vontade (v.5).

Sabem o que significa o beneplácito da sua vontade? Isso quer dizer que a sua decisão de nos abençoar com toda sorte de bênção espiritual nas regiões celestiais, desde a escolha na eternidade, incluindo a direção para sermos santos e irrepreensíveis, predestinados para ele, para a adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo, tudo, tudo foi decidido por Deus, com base no seu amor eterno, e para o seu próprio prazer, segundo a sua vontade soberana. Ou seja, os que Deus escolheu para ele, para o seu agrado, ele os quer junto dele, à semelhança do seu Filho amado, Jesus Cristo.

É isso que Paulo também ensina aos Romanos: Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos (Rm 8.29). Assim como Deus disse de Jesus: Este é o meu filho amado em quem me comprazo (Mt 3.17), ele nos escolheu, e nos santifica para o seu prazer, assim como ele tem prazer em Cristo Jesus. Percebem, irmãos, a amplitude do eterno amor de Deus e as suas consequências?

Segundo o ensino do apóstolo, tudo depende de Deus. Sim, mas Deus, pelo seu amor, pelo beneplácito da sua vontade, ele nos quer santos e irrepreensíveis. Por isso e para isso, ele opera em nós, e através de nós. Ou seja, uma vez salvos em Cristo, nós somos os alvos e agentes da transformação no poder do Espírito Santo. Uma vez salvos, devemos continuar sendo salvos. É isso que Paulo diz na carta aos Filipenses: desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor; porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade (Fp 2.12-13).

Isso quer dizer que a salvação é obra soberana de Deus, mas que, na sua soberania, para desenvolver a nossa salvação, para a nossa santificação, ele inclui a nossa responsabilidade como eleitos, salvos e adotados em Cristo Jesus, agora sob o poder e a direção do Espírito Santo. Portanto, este é um aspecto do eterno amor de Deus que comumente não é lembrado, e é consequência natural do seu amor incondicional.

Por causa do seu eterno amor, e para louvor da sua glória, Deus deu seu Filho unigênito para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna (Jo 3.16). Ou seja, para nos tirar da condição natural de perecimento, do inferno, pelo seu eterno amor, Deus sacrificou o próprio Filho. Logo, não é difícil imaginar o que Deus pode fazer, e fará para santificar os que ele salvou com a morte do seu Filho na cruz do Calvário.

Porque somos acostumados a definir amor como um mero sentimento, por não conhecer os atributos de Deus, não consideramos que o amor de Deus não é apenas um sentimento, mas uma qualidade inerente ao seu ser. Por isso, ele age em favor da pessoa amada, tanto para salvá-la com o sacrifício do próprio Filho, como para santificá-la no poder do Espírito Santo, inclusive usando a disciplina sempre que for necessário.

Assim escreveu o sábio Salomão: Porque o Senhor repreende a quem ama, assim como o pai ao filho a quem quer bem (Pv.3.12). Assim Deus falou a Israel pelo profeta Amós: De todas as famílias da terra somente a vós outros vos escolhi, portanto eu vos punirei por todas as vossas iniquidades (Am 3.2). Assim falou o Senhor Jesus no Apocalipse de João: Eu repreendo e disciplino a quantos amo. Sê, pois, zeloso e arrepende-te (Ap 3.19).

Portanto, irmãos, conhecendo o eterno amor de Deus que nos escolheu e nos salvou em Cristo Jesus, entendendo a salvação e as suas consequências, o que se espera de nós, é que, na direção do Espírito Santo, sejamos santos e irrepreensíveis perante Deus, manifestando o mesmo amor que age, começando em nossas famílias, estendendo-se pelos vizinhos e demais pessoas das nossas relações, para que Deus seja louvado.