A profecia de Jesus sobre o final dos tempos

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Queridos, estas são palavras do Senhor Jesus, palavras que caíram no esquecimento, ou no descrédito, o que é muito pior, já que foram banidas dos púlpitos. A grande maioria das pregações atuais trata de vitória neste mundo secular, ou de crescimento de igrejas como impérios econômicos sob o guarda-chuva da religião, e não se fala mais na volta de Jesus, quando ele haverá de julgar vivos e mortos (2Tm 4.1).

Porém, repito, estas são palavras do Senhor Jesus sobre o final dos tempos, e devemos considerá-las acima de qualquer outra coisa relacionada a este mundo. Afinal, como Jesus afirmou, não passará nem um til da sua palavra (Mt 5.18), e se ele prometeu que voltará, assim será.

Vamos considerar estas palavras do Senhor. O texto é longo, mas podemos examinar alguns aspectos importantes da sua profecia aos discípulos.

No início do texto lido, podemos ver que se trata do templo (vv.5-6). Os discípulos chamaram atenção do Mestre sobre a beleza, a suntuosidade da construção do templo, e a resposta de Jesus foi simplesmente surpreendente. Não ficará pedra sobre pedra, que não seja derrubada. Como seria possível uma coisa tão terrível? O grande templo sagrado para os judeus, o templo que tinha o lugar santíssimo, o santo dos santos, que guardava a arca da aliança, tudo conforme o próprio Deus ordenou que fosse feito, como pode, agora, sem mais nem menos, Jesus dizer que tudo seria destruído?

Imaginem o desapontamento daqueles discípulos, assim como o de qualquer dito crente de nossos dias, se o prédio da sua igreja, motivo de orgulho, for destruído. Em qualquer circunstância, a culpa cairá imediatamente sobre Satanás, desconsiderando que, segundo as palavras de Jesus, o que Deus quer não é prédio suntuoso, e sim adoradores que o adorem em espírito e em verdade (Jo 4.23-24).

Pelo que podemos constatar facilmente, os líderes de qualquer denominação dita evangélica, a exemplo dos católicos, desconsideram estas palavras do Senhor Jesus. O templo, enquanto equipamento físico, já cumpriu o seu papel no plano de Deus. Todo aquele aparato cerimonial ancorado no templo, o santo dos santos, a arca da aliança, os sacerdotes, tudo apenas apontava para Jesus, o Messias de Deus. Ele chegou, e como também disse à mulher samaritana (Jo 4.23-24), nem o templo, nem qualquer outra disposição humana será capaz de motivar a adoração que Deus quer, se não for pelo seu Espírito, conforme a verdade de Jesus, que é a palavra de Deus.

Qualquer coisa diferente disso, Deus destruirá. E como saber se coisas tão terríveis vêm de Deus? Como os discípulos, podemos perguntar: que sinal nós teremos para discernir o final dos tempos (v.7)? Novamente, a resposta do Senhor Jesus superpreende a eles e a nós. Notem que, embora Jesus tenha relacionado uma série de sinais que precederão o final dos tempos, ele começou com uma advertência frequente em seus ensinamentos: Vede que não sejais enganados; porque muitos virão em meu nome, dizendo: Sou eu! E também: Chegou a hora! Não os sigais (v.8).

Irmãos, quantos falsos profetas, quantos falsos pastores se arvoram em interpretar as profecias escatológicas, e a anunciar a data da volta de Jesus; quantos ditos crentes acreditam nesses falsos profetas e falsos pastores. Que tristeza! Se são enganados, é porque não são eleitos de Deus. Como o Senhor Jesus ensinou, nós não temos que adivinhar o futuro, e sim interpretar os sinais dos tempos com discernimento.

Vários sinais estão aí para o mundo ver: guerras, revoluções, terremotos, epidemias, fome, coisas espantosas, coisas que podem indicar que o fim está próximo. As epidemias que assolaram as populações entre os séculos XIV e XVIII, e que ceifaram a vida de um terço da população, certamente foram vistas como o fim do mundo, embora Jesus tenha alertado que ainda não é o fim. Na sua profecia, ele diz que também acontecerão grandes sinais nos céus, algo que ainda não se viu (vv.9-11). Portanto, os sinais que alguns afirmam ser prenúncio do final dos tempos, na verdade, são sinais comuns e corriqueiros na história da humanidade, e não prenúncio do fim.

Além disso, como o Senhor garante, antes de todas estas coisas, virá a terrível perseguição dos seus discípulos (vv.12-19). Que coisa impressionante! Vejam porque o Senhor começou a sua exposição dos sinais com um sonoro vede que não sejais enganados. Alguém aqui lembra de alguma vez ter ouvido uma pregação prometendo esse tipo de tribulação na vida dos crentes? Não, é claro que não! O que se ouve é promessa de vitória ufanista para os crentes; o que se vê é pastores riquíssimos, donos de impérios que lhes proporcionam grande prestígio social e político entre os ímpios.

Que coisa triste! Vede que não sejais enganados. Irmãos, neste mundo caído não há nem pode haver paz para os crentes, a não ser a paz de Cristo, mesmo em meio à perseguição. Como afirmam as Escrituras, a amizade do mundo é inimizade de Deus. Aquele, pois, que quiser ser amigo do mundo, constitui-se inimigo de Deus (Tg 4.4). Novamente João nos ensina: Não ameis o mundo nem as coisas que há no mundo. Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele (1Jo 2.15). Portanto, vede que não sejais enganados com promessas contrárias ao ensino do Senhor.

Enquanto o mundo caído estiver entregue a Satanás, enquanto o Senhor Jesus não vier redimir definitivamente a criação caída, especialmente os eleitos do Pai, não há possibilidade de paz entre as nações, entre os povos, porque não há possibilidade de paz entre pessoas egoístas que só buscam os seus interesses individuais. Como, então, imaginar que podemos ter paz com o mundo, se o mundo é inimigo de Deus, o mundo que matou os profetas, o mundo que matou Jesus, o Messias de Deus, o mundo que matou os apóstolos e os pais da Igreja? Vede que não sejais enganados. Isso é impossível antes da volta de Jesus, quando todas as coisas serão destruídas e refeitas.

Porém, mesmo em meio à perseguição, há o consolo da profecia do Senhor, de que estaremos protegidos: Não se perderá um só fio de cabelo da vossa cabeça (v.18). Esta segurança deve motivar a nossa perseverança. Como o Senhor prometeu, ele está conosco todos os dias até a consumação do século (Mt 28.20). Obviamente, esta promessa de proteção nada tem a ver com livramento da perseguição e até mesmo morte, como de fato aconteceu com os apóstolos, e sim com a garantia da salvação, mesmo em meio à tribulação.

Depois, vemos a profecia sobre a destruição de Jerusalém (vv.20-24). A cidade sagrada, assim como o templo e os utensílios sagrados, já havia cumprido o seu papel no plano de Deus. Pela sua longanimidade, Deus ainda esperou cerca de quarenta anos para destruí-la. Porém, como Jesus profetizou, no ano setenta depois de Cristo, chegaram os dias de vingança, para se cumprir tudo que está escrito (v.22; conf. Os 9.7). Os romanos destruíram Jerusalém, não deixando pedra sobre pedra, e até hoje ela permanece sitiada pelos gentios, até que os tempos dos gentios se completem (v.24).

Só o Senhor sabe qual é esse tempo, e como para Israel, o tempo dos gentios também se cumprirá. Por isso, vede que não sejais enganados. Que ninguém espere paz neste mundo corrompido, como os falsos pastores prometem, a não ser a paz de Cristo, sejam quais forem as circunstâncias. Assim Jesus falou, e assim será, até que ele volte.

Por fim, podemos ver no texto como serão terríveis os dias que antecederão a vinda de Jesus (vv.25-26). Como é horrível o cenário profetizado pelo Senhor. Prestem atenção, irmãos! É para lá que o mundo está caminhando, numa direção totalmente contrária às promessas enganosas dos falsos pastores, com a sua vitória ufanista sempre vinculada a coisas materiais. Vede que não sejais enganados. Não há qualquer esperança para aqueles que não entendem estas palavras do Senhor Jesus.

Porém, para os que entendem, vejam que maravilha! Mesmo diante da terrível assolação do mundo, os eleitos do Senhor terão o motivo da sua maior alegria (vv.27-28). A visão do Senhor descendo em glória para nos buscar. Porque entendem as palavras do Mestre, sabem que, assim como parte da sua profecia já se cumpriu, como ele prometeu, esperam pela sua volta. Se ele veio em humilhação para ser morto numa cruz, conforme o desígnio do Pai, certamente voltará em glória para buscar os eleitos do Pai, para louvor da sua glória. Amém.