A comunhão dos eleitos de Deus – Jo 17.24-26

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A segurança inabalável do crente – Ap 1.17-19
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Queridos, neste capítulo 17 do evangelho de João está a conhecida oração sacerdotal de Jesus, e nós precisamos considerar a riqueza desta oração do nosso Senhor. Lembramos que nos primeiros seis versículos, Jesus trata da sua comunhão com o Pai; do versículo 7 ao 19, ele trata especificamente da sua comunhão com os seus doze discípulos, e no versículo 20 ele nos inclui nesta comunhão, considerando todos aqueles que ainda vierem a ser seus discípulos, os eleitos incluídos na aliança eterna do Pai. Realmente, esta é uma oração maravilhosa, e hoje nós vamos considerar três aspectos da oração, nestes versículos finais que lemos.

Em primeiro lugar, consideremos a forma como o Senhor Jesus se dirige ao Pai: Pai, a minha vontade é….. Não há outra oração assim na Bíblia. Nenhum outro ser humano jamais se dirigiu assim ao Deus todo poderoso. Nem Abraão, o amigo de Deus. Quando orava intercedendo por Sodoma e Gomorra, ele dizia: Eis que me atrevo a falar ao Senhor, eu que sou pó e cinza (Gn 18.27). Jacó, que lutou com homens e com Deus e prevaleceu, em sua obstinação pela bênção, rogou: não te deixarei, se me não abençoares (Gn 32.26). O grande rei Davi, assim clamava: Não me desampares, Senhor, Deus meu, não te ausentes de mim. Apressa-te em socorrer-me, Senhor, salvação minha (Sl 38.21-22). Daniel, que desde jovem demonstrou a sua fidelidade ao Senhor, como pecador clamava por Israel: Ó, Senhor, ouve: ó, Senhor, perdoa; ó Senhor, atende-nos e age; não te retardes por amor de ti mesmo, ó Deus meu (Dn 9.19). O apóstolo Paulo, homem de profunda intimidade com Deus, orando pelos efésios dizia: Por esta causa me ponho de joelhos diante do Pai (Ef 3.14).

Percebem a diferença, irmãos? Pecadores, quando se dirigem a Deus, quanto maior for a sua intimidade com ele, maior será seu temor e tremor diante de um Deus soberano, criador e mantenedor das nossas vidas pela sua exclusiva graça e misericórdia. O Senhor Jesus, porém, se dirige ao Pai de forma diferente: Pai, a minha vontade é…. Sabem por que Jesus orou assim? Porque ele é Deus, porque ele é um com o Pai, porque todas as coisas foram feitas por intermédio dele, ele é a voz que disse: haja luz, e houve luz, a mesma voz que agora diz: Pai, a minha vontade é que onde eu estou estejam também comigo os que me deste. E ele sabia que esta também era a vontade do Pai.

Ah! Queridos, quando eu disse que esta oração é maravilhosa, é porque é mesmo. Jesus orou antes de ir para a cruz, mas já falava como se tudo estivesse consumado. No v.4 ele diz: Eu te glorifiquei na terra, consumando a obra que me confiaste para fazer. Ele fez a vontade do Pai, e agora diz ao Pai qual é a sua vontade, certo de que a sua vontade e a vontade do Pai são uma, como ele é um com o Pai (Jo 10.30).

Portanto, não tenhamos dúvida de que esta oração foi e continuará sendo atendida em todos os tempos, porque ela foi feita pelo mesmo Deus que atende. A vontade do Filho é a vontade do Pai. Se o Filho diz: Pai, a minha vontade é que onde eu estou estejam também comigo os que me deste, certamente o Pai lhe responde: Filho, a minha vontade também é que contigo estejam os que te dei. Como é bom saber que pertencemos a Jesus, e que fomos dados a ele pelo Pai, que nos incluiu na sua aliança.

Em segundo lugar, como decorrência natural, consideremos o motivo da oração de Jesus. Por quem ele ora? Por aqueles que me deste. Para que? Para que vejam a minha glória que me conferiste, porque me amaste antes da fundação do mundo. Ou seja, o Pai deu ao Filho aqueles que já eram seus, escolhidos desde antes da fundação do mundo para serem dados ao Filho, para que eles vejam a glória do Filho e do Pai. Jesus sabia o que estava para acontecer, porque sabia que o Pai o encarregou de vir resgatar o seu povo eleito, pelo sacrifício na cruz do Calvário. É por estes que Jesus ora. Por aqueles que já pertenciam ao Pai, e que o Pai lhe deu para verem a sua glória.

É sobre estes que ele diz no v. 7 – Agora eles reconhecem que todas as coisas que me tens dado, provêm de ti; e no v. 10 – ora, todas as minhas coisas são tuas, e a tuas coisas são minhas. Ou seja, Jesus está deixando claro que os eleitos do Pai também são dele, e que eles receberam esta revelação para a glória do Pai e do Filho.

Em terceiro lugar, consideremos qual a base da petição de Jesus, qual o seu argumento para fazer esse pedido ao Pai: porque me amaste antes da fundação do mundo. O Senhor Jesus está lembrando que a base da sua petição é o amor eterno do Pai por ele. Não se trata de um amor criado; não se trata do amor dos anjos e dos homens; não se trata do amor de mãe pelo filho. Estes são amores criados, e apenas refletem o amor de Deus pelas suas criaturas. A base da oração de Jesus é o amor de Deus por ele, o amor dedicado aos eleitos, e que deve ser a base do nosso amor por ele (1Jo 4.19).

O Senhor Jesus está pedindo ao Pai, já considerando que devemos ser um com ele, assim como ele é um com o Pai (v.21). Foi para isso que o Pai nos deu a ele, a fim de que o amor com que me amaste esteja neles e eu neles esteja. Lembramos aqui o episódio de Paulo no caminho de Damasco. Quais as palavras de Jesus? Saulo, Saulo, porque me persegues (At 9.4). A quem Saulo perseguia? Aos discípulos de Jesus. Foi daí que Paulo formulou a sua doutrina de que a Igreja é o corpo de Cristo. É a mesma idéia contida nas palavras de Jesus, quando diz: Em verdade vos digo que sempre que o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes (Mt 25.20).

Ou seja, o Senhor Jesus nos considera como parte de si mesmo, e é assim que ele nos apresenta em sua oração ao Pai: Pai, assim como me amas desde antes da fundação do mundo, amas aos que também escolheste desde antes da fundação do mundo, e que agora me deste. Observem que não são todos, mas apenas os que vierem a Jesus, e só virá a Jesus aqueles que o Pai lhe deu, como ele afirma em Jo 6.44, 65.

Também podemos observar que em nenhum momento está dito que os eleitos, aqueles que vierem a Jesus, são melhores do que os não-eleitos, os que permanecem nos seus pecados, para que ninguém se glorie. Porém, só aos eleitos, pela graça de Deus, é dada a revelação da sua glória, glória que também é do Filho, glória que é comunicada aos eleitos, salvos, agora tornados um com o Filho, assim como o Filho é um com o Pai.

Como podemos ver no último versículo lido, esta revelação maravilhosa ainda não é definitiva, não é completa enquanto estivermos neste mundo, até que nos encontremos com o nosso Senhor. Isso quer dizer que a cada dia, pelo estudo diligente da sua Palavra, pelas orações, e pela comunhão dos irmãos, o Senhor continua nos fazendo conhecê-lo mais e mais, como ele diz ao Pai, a fim de que o amor com que me amaste esteja neles e eu neles esteja. Realmente, esta oração do Senhor Jesus deve ser apreciada e assimilada pelos seus discípulos.

Esta é a base da nossa comunhão com Jesus, a sua comunhão com o Pai, porque esta é a vontade do Pai e do Filho. Que sejamos um só corpo até que contemplemos a glória eterna do Pai e do Filho, conforme foi estabelecido pelo Pai desde a eternidade. É assim que os eleitos devem viver, no amor de Deus evidenciado na comunhão dos santos, pelo poder do Espírito Santo, certos de que fomos feitos filhos amados de Deus, em Cristo Jesus. Que Deus possa aplicar a sua Palavra maravilhosa aos nossos corações. Amém.