Queridos, segundo as Escrituras, como já vimos falando em domingos anteriores, Deus criou todas as coisas, e entregou a administração da criação ao homem, incluindo-o em um pacto de vida pela obediência, e morte pela desobediência. Mesmo em estado de inocência, o homem escolheu desobedecer a Deus, escolheu a morte. Porém, segundo o seu propósito eterno, pela sua graça, Deus renovou o pacto prometendo um Mediador, um descendente da mulher, que viria redimir toda a criação, especialmente os seus eleitos.
Todos os que se dizem cristãos sabem, pelo menos de ouvir dizer, que Jesus é o descendente da mulher prometido, nascido da virgem Maria, o filho de Deus encarnado (Jo 1.1-3,14). Portanto, Jesus-homem é o único Mediador entre Deus e os homens, como o apóstolo Paulo confirma a Timóteo (1Tm 2.5). Pois bem, como Mediador da aliança eterna de Deus, o Senhor Jesus desempenha três ofícios distintos, complementares e simultâneos: Profeta, Sacerdote e Rei. Hoje veremos o Mediador como Profeta, aquele que fala da parte de Deus ao homem. Este é o papel de um profeta: ser porta-voz de Deus.
Como vemos no evangelho de João, Jesus é o Verbo de Deus, a Palavra de Deus, a voz de Deus. Logo, precisamos observar que Jesus-homem, o filho de Maria, o Mediador prometido, enquanto Profeta de Deus, não falou de si mesmo. Todo o seu ensino foi-lhe dado pelo Pai, como ele mesmo afirmou: O meu ensino não é meu, e, sim, daquele que me enviou. Se alguém quiser fazer a vontade dele, conhecerá a respeito da doutrina, se ela é de Deus ou se eu falo por mim mesmo (Jo (7.16-17).
É por isso que o ensino de Jesus, o filho de Maria, um homem sem credenciais sociais que o recomendassem, já que era de família pobre, ensinava com uma autoridade que causava perplexidade aos seus ouvintes (v.15; Mt 7.28-29). Em outra ocasião, quando os sacerdotes mandaram guardas para prender Jesus, eles voltaram sem o prisioneiro, e a sua justificativa foi simplesmente: Jamais alguém falou como este homem (Jo 7.46).
Percebem, irmãos, o papel de um profeta de Deus, a exemplo de Jesus, o próprio Filho de Deus? Como Mediador do pacto no ofício de profeta, Jesus só falou aquilo que o Pai lhe ordenou: O meu ensino não é meu, e, sim, daquele que me enviou (Jo 7.16). Como Mediador do pacto no ofício de profeta, o interesse de Jesus é a redenção da criação caída, especialmente os eleitos, para a glória do Pai.
Por isso, desde o início do seu ministério, como todos os profetas que o antecederam, Jesus chama os pecadores ao arrependimento, para livrá-los do juízo de Deus: Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus (Mt 4.17). Arrepender-se significa mudar de vida, significa voltar-se para Deus em obediência à sua palavra proclamada com integridade pelos profetas fieis.
Assim agiram todos os profetas de Israel, e como podemos ver, em seu ofício profético, falando da parte do Pai, o Senhor Jesus autenticou todos os ensinamentos transmitidos pelos profetas que o antecederam, inclusive quanto ao chamamento ao arrependimento. Como está escrito em 2Rs 17.13: O Senhor advertiu a Israel e a Judá por intermédio de todos os profetas e de todos os videntes, dizendo: Voltai-vos dos vossos maus caminhos e guardai os meus mandamentos e os meus estatutos, segundo toda a Lei que prescrevi a vossos pais e que vos enviei por intermédio dos meus servos, os profetas.
Pois bem, como Mediador do pacto em seu ofício profético, falando da parte do Pai, assim como os profetas que o antecederam, o Senhor Jesus adverte: O meu ensino não é meu, e, sim, daquele que me enviou. Se alguém quiser fazer a vontade dele, conhecerá a respeito da doutrina, se ela é de Deus ou se eu falo por mim mesmo (Jo 7.17). Percebem, irmãos, a importância de conhecer a palavra de Deus, o seu pacto eterno para a redenção da criação, o Mediador do pacto e a sua mensagem profética?
Jesus, o Mediador do pacto, em seu ofício profético, não trouxe nenhuma novidade, ele não deu novos ensinamentos aos judeus. Apenas autenticou a palavra dos profetas que o antecederam, chamando pecadores ao arrependimento, com base na lei. Como os judeus conheciam a lei de Deus, o arrependimento a que eles eram chamados implica voltar-se dos seus maus caminhos, e guardar os mandamentos e os estatutos de Deus segundo a lei de Moisés. Logo, como podemos ver, arrependimento está ligado à proclamação da doutrina de Deus com integridade, como deve estar na boca do profeta.
De forma equivocada, ou até mesmo desonesta com intenção de fazer prosélitos, a maioria dos pregadores ignora a doutrina do Senhor. Quase todos apresentam um Jesus bonzinho, o “doce e meigo” Jesus, o “amável” Jesus, e esquecem que Jesus veio chamar pecadores ao arrependimento (Mt 9.13; Lc 5.32). Sem nenhuma dúvida, o Senhor Jesus é mais do que bonzinho, é realmente doce, meigo e amável. Porém, quando os falsos pastores evidenciam estas características de Jesus, oferecendo-as aos pecadores sem chamá-los ao arrependimento, eles falseiam a doutrina de Deus e desvirtuam o ministério profético de Jesus.
Prestem atenção, irmãos! Expressões como o doce, meigo e amável Jesus, conquanto verdadeiras, revestem-se de certo romantismo religioso, sentimento emocional puramente humanista e subjetivo, uma vez que estão fundamentadas no nosso interesse humano como beneficiários individuais da propagada bondade de Jesus, e não na glória de Deus Pai. Não podemos falar de nós para nós mesmos (v.18). Nem o Senhor Jesus agiu assim: O meu ensino não é meu, e, sim, daquele que me enviou. Se alguém quiser fazer a vontade dele, conhecerá a respeito da doutrina, se ela é de Deus ou se eu falo por mim mesmo (vv.16-17).
Ah! Irmãos, como é bom ouvir a palavra profética do Senhor Jesus, e aprender com os seus ensinos, principalmente quando somos por ele confrontados com o nosso pecado, e encorajados a vencê-lo, certos de que só somos fortalecidos no Senhor e na forma do seu poder (Ef 6.10). A questão é: Será que todos aqui têm ouvido a voz do Senhor, e atentado para os seus ensinamentos? Como podemos saber quem são aqueles que recebem a graça de ouvir a palavra do Mestre e ter a garantia de vida eterna, já a partir desta vida terrena?
É simples: Os que têm uma nova vida, logicamente, devem expressar esta condição através de um novo estilo de vida prática (2Co 5.17): 1) Os que vivem pela graça, devem expressar a graça recebida, demonstrando a gratidão por tão grande salvação, aponto de dizer como Paulo: Já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim (Gl 2.20); 2) Os que têm sido muito amados por Deus, devem demostrar o mesmo amor pelo próximo, materializando o amor recebido (Mt 22.37-40); 3) Os que ganharam a vida eterna por terem sido perdoados, devem perdoar com o mesmo perdão que receberam (Mt 6.12); 4) Os que conhecem a Deus como o Pai celestial devem ficar satisfeitos com as suas provisões na forma e na quantidade que vierem, sem murmuração, sem amargor, honrando-o em todo o tempo pelas suas provisões e pelo seu cuidado protetor (Mt 6.33; Hb 13.5).
Nada menos que isso nos identifica como aqueles que ouvem a palavra de Jesus, o Mediador como Profeta do Pai, e têm a vida eterna já a partir desta vida secular. Que Deus nos conceda graça de ouvir com bastante atenção a palavra de ensino do seu Profeta maior, o Senhor Jesus, o Mediador da aliança, para que possamos pô-la em prática, comprovando que realmente somos filhos de Deus, para louvor da sua glória. Amém.