O salmo 121 é o segundo dos quinze Salmos chamados Cânticos dos Degraus, ou Cânticos de Romagens, que são os Salmos 120 a 134. Em suas viagens para Jerusalém, para adorar no templo por ocasião das festas, o povo cantava salmos que os fazia manter vivas na lembrança as maravilhas que Deus fez no cuidado com o seu povo.
Meditando neste salmo, ocasião em que nos preparamos para mais um ano como Igreja do Jardim 13 de Maio, que tenhamos o mesmo sentimento dos judeus em suas romarias, quando se dirigiam a Jerusalém por ocasião das suas festas anuais, especialmente a Páscoa, e lembremos que, de igual modo, Deus cuida de nós.
Hoje é o primeiro domingo do Ano Novo, primeiro culto com celebração da Santa Ceia, e por isso faremos uma meditação neste salmo como uma oração de gratidão, demonstrando a nossa confiança de que assim como a nossa salvação foi consumada na morte e ressurreição do Senhor Jesus Cristo, a nossa santificação também é certa.
Para aqueles judeus em peregrinação, o trajeto poderia ser muito perigoso, principalmente em função de salteadores. Por isso, o povo caminhava cantando, demonstrando a sua confiança no Senhor, certos do seu cuidado incessante.
Nós também, irmãos! Nós também temos mais um ano de peregrinação que certamente será muito perigoso em nosso país tão corrupto e violento, mas é aqui que temos que adorar o nosso Deus, testemunhando a maravilhosa salvação que recebemos pela graça, certos de que ele nos conduzirá em segurança até a adoração na glória eterna.
Vamos ao exame dos versículos, que já começam mostrando o alvo dos judeus, o seu objetivo, que era chegar a Jerusalém para adorar a Deus no templo.
Por que elevo os meus olhos para os montes (v.1)? Por que eles caminhavam para Jerusalém, que fica no monte Sião. Os seus olhos estavam fitos no monte onde estava edificada a cidade santa, o templo, que para os israelitas era a habitação do Senhor Deus. Logo nos vv.1 e 2 o salmista demonstra a sua confiança de que, mesmo diante dos perigos da caminhada o socorro viria do Senhor. Ele demonstra uma fé inabalável de que seus pés não vacilariam, como afirma no v.3, porque, como ele repete no Sl 125.1-2: Os que confiam no Senhor são como o monte de Sião, que não se abala, firme para a sempre. Como em redor de Jerusalém estão os montes, assim o Senhor em derredor do seu povo, desde agora e para sempre.
Era isto que o salmista queria que o povo tivesse em mente, e com base nesta certeza, ainda no v.3 ele inicia outra afirmação de total confiança na proteção de Deus: não dormitará aquele que te guarda, afirmação que ele completa no v.4 – É certo que não dormita nem dorme o guarda de Israel. Segundo o pensamento usual na cultura pagã, os seus deuses, em diversos aspectos, eram semelhantes aos homens: eles dormiam, viajavam e até tiravam férias.
Em 1Rs 18.27 vemos o profeta Elias zombando dos profetas de Baal, dizendo: Clamai em altas vozes, porque ele é deus; pode ser que esteja meditando, ou atendendo a necessidades, ou de viagem, ou a dormir, e despertará. Porém, o salmista sabia que o Deus de Israel é diferente: não dormitará aquele que te guarda. É certo que não dormita nem dorme o guarda de Israel. Que confiança tinha o salmista de que Deus realmente cuidava do seu povo!
Observem que os vv.5-6 trazem a mesma ideia do guardador permanente, de dia e de noite. A expressão, é a tua sombra à tua direita, lembra os momentos de batalha, quando o companheiro da direita tinha a responsabilidade de guardar o da esquerda com o seu escudo que ficava no braço esquerdo.
É esta confiança que o salmista demonstra no Sl 16.8, quando diz: O Senhor, tenho-o sempre à minha presença; estando ele à minha direita, não serei abalado. Essa expressão indica que quem tem o Senhor à sua direita está em situação privilegiada como o salmista afirma novamente no Sl 110.5 – O Senhor, à tua direita, no dia da sua ira, esmagará os reis.
Portanto, tendo o Senhor à sua direita, o salmista não temia nem salteadores, nem a insolação própria das caminhadas no deserto durante o dia, nem o frio congelante durante a noite. Mesmo que fossem vários dias de caminhada exaustiva, e noites em acampamentos ao relento, o povo era exortado a seguir cantando porque era lembrado sobre como Deus conduzira Israel pelo deserto, dias e noites, durante quarenta anos.
Na conclusão do Salmo, os vv.7-8 dão a amplitude da confiança do salmista: O Senhor te guardará de todo o mal; guardará a tua alma, e isso demonstra a total convicção que o salmista queria transmitir ao povo: que o Senhor os guardaria constantemente, pessoalmente, moralmente, espiritualmente e eternamente, como ele conclui, afirmando que Deus ao guardava desde agora e para sempre.
Essa confiança inabalável do salmista nos remete à promessa de Jesus Cristo aos seus discípulos, e é aqui que nós entramos na mesma história: e eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século (Mt 28.20). Esta palavra de Jesus, quase mil anos após este cântico, nos mostra o quanto o salmista conhecia o seu Deus, e incentivava o povo a acompanhá-lo nesse conhecimento, em adoração.
Agora, convém perguntar: E nós, Igreja do 13 de Maio, conhecemos o nosso Senhor como os israelitas demonstram conhecer neste salmo? Nós confiamos plenamente em nosso Senhor como os israelitas demonstram confiar neste salmo?
Queridos, ouvimos e lemos constantemente os teólogos afirmarem que a Igreja de Jesus Cristo é o mesmo Israel de Deus. Portanto, que a meditação deste Salmo possa nos levar a um autoexame: será que conhecemos o nosso Deus, como o salmista conhecia? Será que confiamos no nosso Deus, como o salmista confiava? Será que sabemos das implicações eternas da morte e ressurreição do Senhor Jesus em nossas vidas, como memorizamos a cada celebração da Santa Ceia? Será que não temos nenhuma dúvida da nossa salvação, e que estaremos com ele na glória eterna?
Se as respostas a estas perguntas forem positivas, certamente a meditação deste Salmo nos servirá de verdadeiro consolo, conforto, e encorajamento para que enfrentemos as dificuldades certas deste Ano novo em nosso país corrupto e violento, convictos de que temos um Deus todo-poderoso a nos guardar em todos os momentos, como o salmista sabia, desde agora e para sempre.
Porém, se houver alguém que não pode responder afirmativamente a estas perguntas, a única palavra do Senhor é: arrependa-se! Volte-se para Deus, peça a graça de Deus sobre a sua vida, confesse os seus pecados, peça perdão, e faça isso com confiança de que será perdoado. É com a mesma segurança do salmista, que o apóstolo João também nos exorta: se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça (1Jo 1.9).
Somente a partir daí temos condições de enfrentar qualquer dificuldade que nos sobrevenha neste Ano Novo, certos de que o Senhor cuida de nós desde agora e para sempre, e ele faz isso para louvor da sua glória. Amém.