A suficiência da graça diante do sofrimento – 2Co 12.7-10

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O poder para testemunhar o evangelho da salvação – Lc 21.5-13
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Queridos, esse texto nos fala de sofrimento, nos fala de súplica, e da graça de Deus, que é maior do que o sofrimento. Em princípio, esse texto joga por terra todas as pregações que assistimos pela televisão, ou presenciamos nas igrejas, nas quais, os pregadores ensinam que o sofrimento não faz parte da vida do cristão, “porque nós somos filhos de Deus”, e, obviamente, segundo eles, “Deus não quer que seus filhos sofram”.

Irmãos, isso não é verdade. Como veremos na exposição desse texto, não é esse o ensino bíblico. Conforme lemos na Palavra de Deus, Paulo foi acometido de uma doença que ele chama de espinho na carne, pelo que ele pediu três vezes ao Senhor para livrá-lo desse sofrimento, e o Senhor rejeitou as suas orações (vv.7-9).

Logo, conforme já tenho dito muitas vezes aos irmãos, uma conhecida canção que começa afirmando que “Deus não rejeita oração”, não passa de uma grande heresia. Como acabamos de ler nas Escrituras, Deus rejeita oração sim. Segundo está escrito em 1Jo 5.14, Deus só ouve ou só atende aos nossos pedidos, se estes forem feitos segundo a sua vontade. Ou seja, tudo que pedirmos a Deus em desacordo com a sua vontade, ele rejeitará. E livrar alguém do sofrimento, nem sempre é a vontade de Deus, especialmente se foi ele mesmo quem impôs o sofrimento, de acordo com o seu propósito, como foi o caso de Paulo, e como também foi o caso do nosso Senhor Jesus.

Portanto, vamos aprender o que as Escrituras nos ensinam sobre o sofrimento e sobre a graça de Deus que, se não evita o sofrimento, nos dá força para suportá-lo.

Em primeiro lugar nós precisamos saber que os sofrimentos são comuns a toda criação, inclusive ao ser humano (Rm 8.22). Não há quem possa negar essa realidade. Isso é decreto de Deus. Sabemos que a partir da queda de Adão e Eva, o Senhor Deus sentenciou que, em meio a sofrimentos, a mulher daria luz a filhos, e em dificuldades, pelo suor do seu rosto, o homem extrairia da terra amaldiçoada o pão de cada dia (Gn 3.16-19).

O próprio Paulo, aqui no cap. 11.23-27, antes de falar sobre o tal espinho na carne, nos dá uma lista de outros sofrimentos pelos quais passara: prisões, açoites, perigos de morte, varadas, apedrejamento, naufrágio, e ele era filho de Deus. Só que para Deus, em sua infinita sabedoria, era necessário que Paulo passasse por sofrimentos comuns na esfera da criação, a fim de que fosse aperfeiçoado, santificado na esfera da redenção.

Em todo o texto bíblico há uma lista interminável de crentes fiéis, filhos de Deus, que passaram por grandes sofrimentos. Portanto, devemos entender o sofrimento como parte integrante da existência humana pecadora, conforme os desígnios de Deus.

Em segundo lugar, aprendemos que, de acordo com o decreto eterno de Deus, o sofrimento tem diferentes origens e propósitos. Por desconhecer que o sofrimento faz parte da existência humana pecadora, independentemente de ser filho de Deus, ou não, muitas pessoas apregoam que o sofrimento sempre vem como consequência de algum pecado específico. Isso não é verdade. Embora a Bíblia relate casos da espécie, eles são muito raros, ao contrário de outras causas do sofrimento, que são abundantes no texto bíblico.

Em Hb 11.36-37, por exemplo, vemos que, juntamente com os heróis da fé ali relacionados, outros, por sua vez, passaram pela prova de escárnios e açoites, sim, até de algemas e prisões. Foram apedrejados, provados, serrados pelo meio, mortos a fio de espada; andaram peregrinos, vestidos de pelos de ovelhas e de cabras, necessitados, afligidos, maltratados (homens dos quais o mundo não era digno), errantes pelos desertos, pelos montes, pelas covas, pelos antros da terra. E o sofrimento desses homens, ao contrário do que se ensina hoje, não foi por causa de algum pecado específico. Antes, todo esse sofrimento é chamado de bom testemunho, como podemos ler no v. 39.

Igualmente, no caso do espinho na carne de Paulo, que lhe causava tanto sofrimento, vemos claramente no texto, que não foi por causa de algum pecado específico. Muito pelo contrário, foi providência de Deus, exatamente para evitar que ele cometesse especificamente o pecado da soberba, e também serviu para o bom testemunho de Paulo.

Em terceiro lugar nós aprendemos nesse texto, que Deus é soberano sobre o sofrimento. Observem que o tal espinho na carne que tanto afligia Paulo era um emissário de Satanás. Isso não que dizer que Satanás estivesse prestando um serviço a Deus voluntariamente, ou que estivesse associado a Deus na tarefa de santificar Paulo. Não! É claro que não.

Satanás estava afligindo Paulo, porque ele é homicida desde o princípio, porque ele é destruidor, e o que ele queria era destruí-lo, e o apóstolo sabia disso. Paulo sabia que Satanás estava agindo contra a sua vida, mas também sabia que o Deus soberano estava por trás de tudo, a ponto de usar uma ação maligna de Satanás, para que ele obtivesse a bênção de não cometer o pecado da soberba, como ele deixa claro no v. 7.

Foi através de um sofrimento infligido pelo próprio Satanás, que Paulo aprendeu a considerar a soberania de Deus, e a suficiência da sua graça. Esta é a ação pedagógica do sofrimento. Deus permite ou nos impõe o sofrimento, a fim de que saibamos que ele é soberano sobre todas as coisas, inclusive o sofrimento. Precisamos considerar que, quando estamos passando por sofrimento, o Deus que permite ou nos impõe o sofrimento é o mesmo Deus que nos dá condição de suportá-lo; o Deus que permite ou nos impõe a dor, é o mesmo Deus que nos concede o alívio (Êx 4.11; Dt 32.39).

Quando Paulo entendeu o motivo do espinho na carne, ele parou de pedir que o Senhor o livrasse daquele sofrimento, e passou a considerá-lo como algo essencial à sua comunhão com Deus, à sua santificação, a ponto de dizer: De boa vontade, pois, mais me gloriarei nas fraquezas, para que sobre mim repouse o poder de Cristo (v. 9).

Portanto, queridos, é claro que devemos rogar a Deus que nos livre do sofrimento, bem como interceder pelos nossos irmãos que estejam sofrendo. Porém, se Deus não nos atender, ao invés de blasfemar contra Deus, estejamos certos de que se Deus não tirou o nosso espinho, é porque, com certeza, há um propósito para esse sofrimento em nossa vida, e para que entendamos que a sua graça é sempre maior do que o sofrimento.

Estejamos certos de que, se Deus não nos dá tudo que lhe pedimos, sem nenhuma dúvida, ele nos dará todo aquilo de que necessitamos, muito além do que pedimos e pensamos, conforme a sua sabedoria, seja a nosso favor ou contra nós, segundo o nosso entendimento limitado (Ef 3.20-21). O apóstolo Paulo tinha esse discernimento tão claro, a ponto de dizer que se gloriava nas fraquezas, para que sobre ele repousasse o poder do Senhor, de sorte que, na sua fraqueza, fosse evidenciada a força de Cristo, para louvor da sua glória (vv. 9-10).

Não esqueçamos disso, queridos. 1) Os sofrimentos são comuns a toda criação; 2) o sofrimento tem diferentes origens e propósitos, de acordo com o decreto eterno de Deus; 3) Deus é soberano sobre o sofrimento. Portanto, precisamos trazer à memória, que em qualquer circunstância, mesmo em meio ao sofrimento, a graça do Senhor nos basta, para que o seu poder se aperfeiçoe na fraqueza, de modo que a glória seja dele, e não nossa.

Esta é a mensagem de Deus para a sua Igreja. Que ele mesmo a aplique em nossos corações. Amém!