Os justificados são santificados – Cl 3.1-17

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Conhecimento e evidências da salvação – Rm 8.11-17
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Queridos, uma das doutrinas que nós, os presbiterianos, defendemos é a perseverança dos santos. Afinal, como o Senhor Jesus ensina, aqueles que o Pai lhe dá, ninguém os arrebatará da sua mão (Jo 10.28). Esta é a base na qual Paulo se apoia para afirmar que todos os predestinados são chamados, justificados e glorificados (Rm 8.28-30).

Não se pode imaginar que Deus salve alguém da escravidão do pecado, e não consiga levá-lo para a sua glória eterna. Porém, a Palavra também nos afirma que sem santidade ninguém verá a Deus (Hb 12.14). Logo, não há dúvida de que, uma vez justificados, precisamos ser santificados para entrar na glória do Pai.

Também sabemos pela Palavra que, sozinhos, não conseguimos vencer a malignidade do pecado. Portanto, como Paulo também ensina em Ef 6.10, para ser santificados, nós precisamos ser fortalecidos no Senhor e na força do seu poder.

Aqui nesse trecho que nós lemos, vemos novamente o ensino do apóstolo a uma Igreja específica. Como temos lembrado constantemente, as cartas apostólicas foram enviadas a igrejas específicas, com seus problemas específicos. Acontece que, como também temos lembrado, nós somos apenas a continuação da história da humanidade, a continuação da história da Igreja.

Portanto, o mesmo ensino ministrado pelos apóstolos de Jesus à Igreja Primitiva se aplica a nós, uma vez que o problema básico da humanidade e da Igreja é o pecado, assim como a única solução é o evangelho do Senhor Jesus Cristo. Uma vez entendido isso, sabendo da sua vitória sobre o pecado, o diabo e a morte, nós só precisamos segui-lo em nossa caminhada de santidade até o dia do encontro glorioso com ele.

Como podemos observar no texto lido, a Igreja para a qual o apóstolo enviou esta carta não era uma comunidade de santarrões. Pelo contrário, era uma comunidade como a nossa, composta por pessoas justificadas, porém, ainda pecadoras em processo de santificação. Por isso, a carta, como todas as outras, tem o objetivo específico de discipular e disciplinar aqueles irmãos, o que se aplica a nós da mesma forma.

Vejam só as listas dos pecados enumerados pelo apóstolo, pecados que certamente estavam dificultando a caminhada de santidade daqueles irmãos: prostituição, impureza, paixão lasciva, desejo maligno, e a avareza que é idolatria (v.5); ira, indignação, maldade, maledicência, linguagem obscena, mentira (vv.7-8). Que coisa horrível! E era uma Igreja. Por isso, as cartas apostólicas são discipuladoras e disciplinadoras, porque as Igrejas são comunidades de pecadores justificados, ainda em processo de santificação.

Irmãos queridos, estes pecados relacionados pelo apóstolo, e que perturbavam aqueles irmãos do primeiro século, não são estranhos a nós. Certamente todos eles existem em nossa Igreja, e, como aqueles irmãos colossenses, nós também precisamos lutar contra eles, observando a orientação apostólica. Como lutar contra estas coisas?

Obviamente, em tudo que nos dispomos a fazer, precisamos partir de um ponto, com base em um conhecimento de causa. Pois bem, observem qual o conhecimento a partir do qual os justificados devem começar a lutar por uma vida de santidade. Se fomos salvos por Jesus, e se a salvação é para a glória eterna do Pai, devemos elevar os nossos olhos para as coisas lá do alto, para o céu, onde está o Senhor Jesus, assentado à direita do Pai (v.1). Este é o ponto de partida: olhar para Jesus, o nosso Salvador.

Irmãos, como já foi dito, nós não temos condição de lutar contra o pecado com as nossas próprias forças. O pecado é algo extraordinário, e precisamos de uma força maior que ele. Pois bem, como o Senhor Jesus já o venceu no momento em que morreu na cruz do Calvário, e ressuscitou, nós, os justificados, pela fé, morremos com ele para o pecado, e ressuscitamos com ele para a santificação (vv.1-3).

Por isso, não podemos mais nos prender às coisas terrenas, mas ter em mira as coisas lá do alto. Antes de ser justificado, o alvo do pecador são as coisas terrenas, tesouros aqui na terra, e para adquiri-los, naturalmente ele se utilizará de todos os artifícios próprios deste mundo corrompido pelo pecado. Daí as relações de pecados que estarão presentes na vida daqueles que não consideram a nova natureza a partir da justificação.

Porém, uma vez justificados, o nosso alvo não mais deve ser as coisas deste mundo corrompido, e sim, as coisas lá do alto. Todos os nossos interesses agora são dirigidos pelo Espírito Santo em direção à santificação, sem a qual ninguém verá a Deus. Jesus ressuscitou, está sentado à direita do Pai, e é para lá que nós vamos. Este é o nosso alvo.

Será que todos aqui têm esse alvo, ou, pelo menos, têm em mente que precisam focar nesse alvo? Prestem atenção, irmãos! Quando o apóstolo ensina que precisamos focar nas coisas lá do alto, obviamente, ele não está dizendo que devemos esquecer as coisas presentes. Ainda vivemos neste mundo e precisamos nos desincumbir, e bem, de todas as nossas responsabilidades sociais. A questão está na prioridade. O que é prioritário, o que é mais importante para nós? Esta vida, ou a vida futura?

Obviamente, enquanto estivermos neste mundo, somos por ele atraídos, e teremos grande dificuldade com o pecado, e por causa do pecado. Por isso, precisamos saber que, nas duas listas de pecados apresentadas pelo apóstolo, a primeira se refere a pecados contra nós mesmos, em função da nossa natureza pecaminosa: prostituição, impureza, paixão lasciva, desejo maligno, e a avareza que é idolatria, porque queremos satisfazer o nosso ego. Como consequência natural, a segunda relação se refere a pecados contra o nosso próximo: ira, indignação, maldade, maledicência, linguagem obscena, mentira, porque, para satisfazer o nosso ego, queremos levar vantagem sobre os outros.

Ora, como já foi dito, em condições naturais, nós não temos capacidade de lutar contra estas coisas. Acontece que o justificado não vive mais em condições naturais. A sua vida agora é um milagre. Este é o ensino do apóstolo. Uma vez que ele morreu e ressuscitou com Cristo, ele agora deve continuar a morrer a cada dia para o pecado, próprio da vida anterior (vv 3,5a).

Observem que estas duas realidades não acontecem simultaneamente. Se na justificação há o ato de morrer e ressuscitar com Cristo, a santificação é um processo que dura toda uma vida, à medida que crescemos no pleno conhecimento de Deus. Notem que nos vv.9-10 o apóstolo diz que os irmãos já se despiram do velho homem e já se revestiram do novo homem, mas no v.12 ele ordena que continuem se revestindo com as virtudes de Cristo. Este é o processo contínuo de santificação.

Pois bem, é nesse processo que, conscientes do nosso alvo, quanto mais crescemos no pleno conhecimento de Deus, mais devemos nos dispor nas mãos do Senhor, para que sejamos conduzidos pelo seu Espírito, até que nos tornemos semelhantes a ele, pelo desenvolvimento das suas virtudes em nós.

Agora, prestem atenção! O desenvolvimento das virtudes de Cristo em nós, não é algo teórico. Isso precisa ser consolidado na prática, conforme o apóstolo ensina nos vv. 12-15.

E, por fim, mais uma vez, Paulo nos mostra qual deve ser o nosso modelo de comunhão (vv.16-17): a paz de Cristo. Qual deve ser a nossa instrução: a sua palavra. E qual deve ser a nossa motivação: a gratidão a Deus por tão grande salvação em Cristo Jesus.

É isso que se espera de todos aqueles que foram justificados: a sua santificação, para louvor da glória do nosso Senhor. Amém.