Ano Novo com a graça de Deus -0 1Pe 1.3-7

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A Igreja em sua missão divina – 1Tm 3.14-15
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Queridos, este é o nosso primeiro culto de ano novo. Como nossa Igreja é pequena e muitos irmãos se juntam às suas famílias em outras igrejas maiores, ou em outras cidades, não temos aqui o culto da virada de ano. Aliás, a esse respeito, não temos nenhuma dúvida de que a maioria dos ditos crentes vão ao culto da virada por pura superstição, do mesmo jeito que outros pulam as ondinhas na praia, guardam sementes de romã ou uma nota de dólar na carteira, comem sementes de lentilha, e outras tolices.

Que coisa triste! Diante das dificuldades naturais da vida, as pessoas se pegam a qualquer coisa que prometa solução para os seus problemas. Assim, nesta virada de ano, do mesmo jeito que vi os umbandistas levando suas oferendas para Iemanjá, para que a sua deusa lhes dê vitória, assim eles diziam nas estrevistas, também vi um pastor convidando a todos para o culto da virada na sua Igreja, prometendo que Deus lhes daria vitória. Como vimos pela televisão, houve multidões nos dois eventos, já que ambos fazem parte do calendário turístico da nossa Capital.

Considerem o absurdo! Um suposto culto ao Senhor Deus, com uma suposta pregação do evangelho, transformado em atração turística na mesma medida do culto a Iemanjá realizado na praia. Os critérios para a seleção dos eventos são os mesmos. Tanto faz um culto a Iemanjá, como um suposto culto a Deus, ambos prometendo vitória material para as pessoas. Esta é uma triste realidade da Igreja, totalmente alheia ao ensino bíblico.

Sem dúvida, em tempos difíceis todos andam em busca de vitória, especialmente em nosso país tão sofrido, falido em todos os sentidos. De forma estarrecedora, vemos o próprio governo tentando de todas as maneiras desestruturar o país, corromper os valores morais do povo, e implantar a mentira, a corrupção e a prostituição como estilo de vida, envidando esforço especial para a destruição dos valores familiares.

Porém, a despeito de todas as agruras, pela graça de Deus, chegamos ao ano novo, e não podemos perder a esperança de que continuaremos vivendo pela graça de Deus. Saibam que os irmãos aos quais o apóstolo Pedro escreveu viviam em condições muito piores do que a nossa. O Império Romano era muito mais corrupto do que o império da mentira e da roubalheira instalado no nosso Governo; a sociedade era muito mais imoral do que a nossa, e os irmãos viviam perseguidos, sem emprego, e muitos eram martirizados, queimados vivos.

Com toda essa situação desfavorável, Pedro lhes está falando de vitória, porém, uma vitória totalmente diferente dessa prometida pela maioria dos falsos pastores e suas igrejas-empresa de nossos dias. Pedro está falando da vitória sobre o pecado. Pedro está falando do evangelho da salvação. Pedro está falando da santificação dos salvos. Pedro está falando da glorificação preparada para o último dia, o dia em que Jesus virá buscar a sua Igreja, para louvor da glória de Deus.

Antes daquele dia, de forma totalmente contrária às promessas de vitória material oferecida pelas igrejas, o que o evangelho nos promete é muita luta, muito sofrimento, muita tribulação, uma cruz antes da glória, a exemplo do próprio Senhor Jesus. Observem que, nas terríveis circunstâncias vividas por aqueles irmãos, a promessa que Pedro lhes faz é a de uma herança incorruptível, sem mácula, imarcescível, reservada nos céus (v.4), e a vitória que faz parte da promessa é garantida não por qualquer capacidade ou astúcia dos irmãos, mas porque os salvos são guardados pelo poder de Deus, mediante a fé, para salvação preparada para revelar-se no último tempo (v.5).

Esta é a vitória de que a Bíblia trata, lembrando que a palavra vitória, por conceito, pressupõe luta. Porém, como Pedro presenciou e sabia que a vitória final já foi conquistada pelo Senhor Jesus, e é garantida a nós, ele exorta que a nossa luta temporária nesta vida deve ser enfrentada com coragem, e até mesmo com exultação, embora, no presente, por breve tempo, se necessário, sejamos contristados por várias provações (v.6).

Irmãos queridos, o que nós precisamos é da graça de Deus, e não de vitória material, sabendo que essa graça nos é revelada até mesmo nos sofrimentos, nas provações, porque fazem parte da revelação e da preparação para a glória futura. Prestem atenção, meus irmãos! Nós precisamos conhecer o nosso Deus; nós precisamos conhecer a sua vontade revelada nas Escrituras, a fim de que não nos deixemos levar ao redor por todo vento de doutrina, pela artimanha dos homens, pela astúcia com que induzem ao erro, como Paulo alerta em Ef 4.14.

As tais promessas de vitória material oferecida pelas igrejas-empresa e seus pastores-executivos ou proprietários de igrejas são falsas. Para obter vitória material não é necessário fazer parte de nenhuma igreja dita evangélica. Na verdade, não precisa nem mesmo ser religioso. Os ricos deste mundo, mesmo os ateus, estão aí para provar essa verdade.

É claro que não é condenável prosperar materialmente, mas esta não deve ser a meta do salvo. O céu não é aqui na terra, e as Escrituras nos afirmam categoricamente que não podemos servir a dois senhores (Mt 6.24); e aquele que busca amizade com o mundo é inimigo de Deus (Tg 4.4); e aquele que ama o mundo e as coisas que há no mundo, o amor do Pai não está nele (1Jo 1.15).

Percebem, irmãos, como é uma grande mentira as promessas de vitória material feitas pelas Igrejas-empresa que prometem boa vida neste mundo? O que vemos no evangelho da salvação do nosso Senhor Jesus é o contrário. Ele mesmo é o nosso maior exemplo, e nos alerta categoricamente: Lembrai-vos da palavra que eu vos disse: Não é o servo maior do que seu senhor. Se me perseguiram a mim, também perseguirão a vós outros; se guardaram a minha palavra também guardarão a vossa (Jo 15.20).

Esta é a promessa para os verdadeiros discípulos de Jesus: perseguição, provações, aflições, porém, credibilidade nas nossas palavras, e glória eterna no céu, e não riquezas neste mundo. A nossa riqueza neste mundo é o conhecimento de Deus, é viver sob a graça de Deus, na esperança da glória eterna. É isso que Pedro está ensinando e encorajando àqueles irmãos sofridos, e a nós, da mesma forma como o apóstolo Paulo também o faz, quando afirma aos irmãos romanos, e a nós, que os sofrimentos do tempo presente não podem ser comparados com a glória a ser revelada em nós (Rm 8.18).

Ou seja, os sofrimentos pelos quais os apóstolos e aqueles irmãos passavam não deveriam ser motivo de desespero, a ponto de eles tentaram resolver os seus problemas presentes de qualquer maneira, valendo-se de recursos escusos, desonestos, como praticamente estamos sendo induzidos a agir em nosso país, seguindo o exemplo do próprio Governo. É assim que as igrejas ditas evangélicas estão agindo, com astúcia no recrutamento de prosélitos, induzindo os seus frequentadores ao erro de achar que podem comprar as bênçãos de Deus.

Não, irmãos! Nós devemos seguir o exemplo e os ensinamentos do nosso Senhor Jesus e dos seus apóstolos, e nos espelhar na dura realidade vivida pela Igreja verdadeira ao longo da História. Aliás, mesmo antes da História da Igreja, o apóstolo Pedro já lembra àqueles irmãos, e a nós, que os profetas investigaram atentamente e deram de antemão testemunho sobre os sofrimentos referentes a Cristo, e sobre as glórias que os seguiriam (1Pe 1.11).

Jesus é o nosso modelo, assim como foi o modelo para os seus apóstolos. Como eles, estamos passando por grandes dificuldades em nosso país, e temos convicção, pelos prognósticos dos analistas econômicos do mundo todo, que as dificuldades aumentarão neste ano que inicia. Todos nós sabemos que o nosso país está em recessão econômica, política, social, moral e espiritual, mas isso não deve nos desanimar.

Pelo contrário, esta palavra de Ano Novo deve redirecionar os nossos pensamentos para a certeza da glória que nos está prometida, e que, em qualquer situação, a Igreja precisa testemunhar esta verdade, exultante, ainda que contristada por várias provações momentâneas (v.6). É exatamente nas dificuldades que somos exortados a seguir firmes, inabaláveis e sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que, no Senhor, o nosso trabalho não é vão (1Co 15.58).

Por isso, neste ano já previsto como mais difícil do que o ano que passou, trabalhemos mais, irmãos. Economizemos, usando com sabedoria os bens que Deus nos dá pela sua graça, ao invés de buscar riquezas que estimulam o consumismo, a exemplo do mundo sem a graça salvadora de Deus. Vivamos em santidade vida, de acordo com a ética cristã. Como Pedro ensina no último versículo que lemos, é assim que provamos o valor da nossa fé, fé que uma vez confirmada redundará em louvor, glória e honra na revelação de Jesus Cristo (v.7).

Foi para isso que fomos criados e recriados em Cristo Jesus, para testemunhar o verdadeiro evangelho da salvação, enquanto Deus, pela sua graça, nos acrescenta os seus eleitos no curso do ano que inicia, para louvor da sua glória. Amém.