Queridos, nestes quatro versículos nós podemos ver que o apóstolo Paulo contemplou toda a era cristã: Primeiro, a graça de Deus que se manifestou na pessoa de Jesus; segundo, a fé evidenciada na obediência, com a finalidade de educar aqueles que são chamados das trevas para a maravilhosa luz; terceiro, a esperança da segunda vinda de Jesus, em glória, para buscar a sua igreja. Que coisa maravilhosa!
A promessa da vinda do Salvador acabara de se cumprir, como os profetas anunciaram: Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho, e lhe chamará Emanuel (Is 7.14). Mas para vós outros que temeis o meu nome nascerá o sol da justiça, trazendo salvação nas suas asas (Ml 4.2). Zacarias, pai de João Batista, em seu cântico de louvor diz que graças à entranhável misericórdia de nosso Deus, pela qual nos visitará o sol nascente das alturas, para alumiar os que jazem nas trevas e na sombra da morte, e dirigir os nossos pés pelo caminho da paz (Lc 1.78-79).
Graça, irmãos! A graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens. Este é o primeiro aspecto da era cristã, que Paulo abarca nestes quatro versículos A graça que sempre existiu desde o Éden, quando Deus fez a promessa do Messias, quando deu um novo descendente a Adão e Eva, o seu filho Sete; quando escolheu Noé, descendente de Sete; quando escolheu o semita Abraão, descendente de Sem, filho de Noé, e fez-lhe promessa de uma descendência que abençoaria todas as famílias da terra. O apóstolo Paulo ensina em Gl 3.16 que esta descendência era Jesus, a graça de Deus (que) se manifestou salvadora a todos os homens.
A graça de Deus veio até nós na pessoa do Filho, Jesus, para resgatar o homem pecador da maior desgraça possível, a maldição do próprio Deus por causa do pecado, e conceder-lhe a maior bênção possível, a libertação, a salvação, a vida eterna na glória celeste. Ah! Irmãos, como a graça de Deus na pessoa de Jesus é maravilhosa e abrangente! Ela se manifestou salvadora a todos os homens. Deus não faz acepção de pessoas, não faz distinção de gênero, raça, cor, classe social, idade, a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens. Os salvos não podem negligenciar a tão grande graça, porque, uma vez salvos, o Espírito Santo passa a habitar neles.
A questão é: Você tem convicção de que recebeu esta graça salvadora?
Este é o segundo aspecto da era cristã abordado por Paulo nestes quatro versículos. A graça salvadora é também a graça educadora, visando à santificação dos salvos. Ela tem um aspecto pedagógico, e aqui nós podemos ver a doutrina da perseverança dos santos. Ora, aqueles a quem Deus salvou pela graça, graça que se manifestou salvadora a todos os homens na pessoa de Jesus, certamente serão por ele conduzidos até à glória, e não há poder capaz de frustrar os planos de Deus. O patriarca Jó teve esta revelação de Deus, e afirmou: Bem sei que tudo podes, e nenhum dos teus planos pode ser frustrado (Jó 42.2). Paulo ensina aos Romanos que aqueles a quem Deus predestinou, a estes também justificou, e a estes também glorificou (Rm 8.30). Isto é algo acontecido na eternidade, e não há como frustrar os planos eternos de Deus, como Jó já sabia.
A mesma graça que se manifestou salvadora, agora educa os salvos. É isso que vemos no ensino do Senhor Jesus aos seus discípulos, nas cartas apostólicas às igrejas primitivas, e nas cartas de Jesus às sete igrejas da Ásia. Pela graça nos foram dadas as Escrituras que contêm todo o ensinamento necessário para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, para que todo homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra (2Tm 3.16-17).
É a mesma graça salvadora, agora educando-nos para que, renegadas a impiedade e as paixões mundanas, vivamos o presente século, sensata, justa e piedosamente (v.12). Nós podemos observar claramente nos ensinamentos do Senhor Jesus e dos seus apóstolos uma ação pedagógica ordenada, disciplinada. Em nenhum momento nós vemos os apóstolos mandando, por exemplo, mulheres convertidas abandonarem os seus maridos ímpios; escravos convertidos se rebelarem contra seus senhores ímpios. O que vemos é um ensino pedagógico para que os salvos, seja qual for a sua condição social, tenham sabedoria do alto, a fim de agirem de modo a testemunhar a salvação que lhes foi concedida pela graça de Deus manifestada em Cristo Jesus.
É para isso que os salvos pela graça são educados primeiramente para renegar a impiedade e as paixões mundanas. Este é o mesmo ensino de Paulo aos Efésios, para que aqueles irmãos se despojassem, se despissem do velho homem. Com esse entendimento, uma vez renegadas a impiedade e as paixões mundanas, agora os salvos continuam sendo educados para que vivam o presente século, sensata, justa e piedosamente, o que também é a continuação do mesmo ensino de Paulo aos Efésios, para que eles se renovem no espírito do entendimento e se revistam do novo homem (Ef 4.22-24). Isto deve ser uma ação contínua. Como em qualquer processo educativo, nós nunca estaremos prontos neste mundo. Por isso, precisamos continuamente da graça educadora em nossas vidas. É ela que mantém a nossa esperança. A questão é: Você está sendo educado, santificado na graça, a ponto de ter esta bendita esperança mais forte a cada dia?
Este é o terceiro e último aspecto da era cristã de que Paulo trata nestes quatro versículos: a bendita esperança da vinda de Jesus, em glória, para nos buscar. Observem como as ações estão concatenadas: a graça se manifestou salvadora, continua educadora para que sejamos santos, e nos dá a bendita esperança da sua manifestação em glória, no dia do Senhor. Que coisa maravilhosa! Como Deus é perfeito em sua sabedoria!
Uma vez salvos, precisamos viver vidas santas, consagradas, enquanto aguardamos a bendita esperança. Prestem atenção, irmãos! Isto é a coisa mais lógica deste mundo espiritual. Acaso pode alguém que não vive uma vida consagrada, em obediência á palavra de Deus, imaginar que há alguma esperança da glória para ele? Acaso pode uma mulher que não está grávida aguardar o nascimento de um bebê? Obviamente as duas situações configuram absoluta loucura. Por isso, precisamos estar conscientes da salvação como um todo.
Somente podem aguardar a bendita esperança, a manifestação da glória do nosso grande Deus e Salvador Cristo Jesus, aqueles que efetivamente foram salvos e educados pela graça, até o dia da sua manifestação em glória. É pela graça que os salvos são conduzidos neste processo. É pela graça que os salvos aguardam em ardente expectativa, clamando: Vem, Senhor Jesus (Ap 22.20).
Outra vez, aos gálatas, o apóstolo Paulo ensina que é pelo Espírito que nós aguardamos a esperança da justiça que provém da fé (Gl 5.5). Mais uma vez, orando pelos Colossensses, o apóstolo dá graças a Deus por causa da esperança que vos está preservada nos céus, da qual antes ouvistes pela palavra da verdade do evangelho (Cl 1.5). Irmãos queridos, é o evangelho da graça que nos salva; é o evangelho da graça que nos educa; é o evangelho da graça que nos encoraja a aguardar a bendita esperança, a manifestação da glória do nosso grande Deus e Salvador Cristo Jesus.
Os salvos sabem disso, e não podem negligenciar a tão grande graça. Repetindo, para sedimentar o ensino, pela graça nós fomos salvos, pela graça nós continuamos sendo salvos, e pela graça nós seremos salvos para a eternidade, quando Jesus se manifestar em glória. Todas estas coisas já aconteceram na eternidade, e ainda estão acontecendo no tempo e no espaço, por nossa causa, para que, uma vez sabedores, exultemos em louvor da glória de Deus. Amém.